domingo, 6 de março de 2011

Falta de terapeutas da fala atrasa recuperação de doentes com AVC


A falta de terapeutas da fala nos hospitais públicos atrasa o início dos tratamentos de muitas vítimas de AVC, que só começam as sessões quando terminam o internamento hospitalar e recorrem ao privado, falhando assim um «tempo primordial para o sucesso terapêutico».
O alerta foi lançado pela presidente da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala (APTF), Catarina Olim, que lamenta que a maioria dos hospitais não tenha o número de profissionais necessários para responder às necessidades de quem mais precisa.

«Temos muito poucos terapeutas da fala a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS). Há vários hospitais que não têm nenhum e outros que têm um terapeuta apenas numa unidade», explicou a responsável, dando como exemplo mais comum a presença destes especialistas apenas na unidade de medicina física e reabilitação, ficando a descoberto a pediatria, a neurologia e a otorrinolaringologia.

A intervenção atempada dos terapeutas da fala faz a diferença nos resultados dos tratamentos de vítimas de AVC. De acordo com Catarina Olim, «um doente que sofra um AVC deve começar a intervenção de imediato», sendo que «o primeiro mês é essencial».

«Nos cinco a seis meses seguintes temos um tempo ótimo em que há plasticidade cerebral e uma readaptação às lacunas que a pessoa apresenta. É nessa altura que a nossa intervenção se deve dar com mais intensidade e maior frequência», explicou.

No entanto, a realidade é outra: a «escassez de profissionais» no SNS leva a que esse seja precisamente «o período em que existe menos intervenção». Muitos doentes só começam os tratamentos quando abandonam os hospitais.

«Se pensarmos que a pessoa está internada no hospital durante 15 dias e não faz terapia da fala, foi esse tempo que perdeu. E é um tempo primordial para o seu sucesso terapêutico», alertou Catarina Olim, considerando que esta situação se deve essencialmente à inexistência de abertura de concursos públicos.

Para a presidente da APTF, «o ideal seria haver em todos os hospitais um terapeuta da fala nas unidades em que existam sinergias com a terapia da fala: na pediatria, onde estão as crianças, na neurologia, para situações como o AVC, na otorrinolaringologia, para os casos de voz. O ideal seria pelo menos nestes três serviços ter acesso à terapia da fala».

Em Portugal existem cerca de 1.600 terapeutas da fala e todos os anos as dez escolas de ensino formam em média mais 250 novos profissionais prontos a exercer. Esta realidade aproxima Portugal do rácio europeu que aponta para a existência de um terapeuta para cada cinco mil habitantes.

No entanto, estes números escondem realidades complicadas. «Há falta de terapeutas em algumas zonas do país mas também há desemprego entre os terapeutas», alerta.

Nas capitais de distrito e nas zonas circundantes às escolas superiores desta área «os lugares existentes ficam rapidamente lotados», lembrou a especialista na véspera do Dia Europeu da Terapia da Fala, que se celebra no domingo.

Fonte: Deficiente Fórum

2 comentários:

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  2. Infelizmente a falta de transporte adaptado não me permite participar.
    Transmitir o evento online faria todo o sentido.
    Fique bem

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