quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Empresa portuguesa apresenta dispositivo para evitar úlceras em doentes acamados


A Tomorrow Options, spin-off do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto, ligado à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, apresentou um dispositivo microeletrónico que vai auxiliar as equipas de enfermagem a prevenir o aparecimento das úlceras de pressão em pacientes privados de movimentos.

O MovinSense, colocado no peito do paciente acamado e privado da capacidade de se movimentar sozinho, regista a posição do paciente e comunica via wireless com as equipas de enfermagem, alertando-as sempre que é necessário reposicionar um paciente.

O objetivo é prevenir o aparecimento de úlceras de pressão, um tipo de ferida facilmente evitável e que, por isso, é consensualmente considerado um erro clínico, mas cujo tratamento é dispendioso, custando em média cerca de quatro por cento do orçamento de saúde de um país desenvolvido.

“Em Portugal não conseguimos obter dados mas, no Reino Unido, por exemplo, o sistema de saúde público gasta atualmente cerca de 3,1 biliões de libras [sic], só com os custos directos de tratamentos”, explicou Paulo Ferreira dos Santos, presidente da Tomorrow Options, uma pequena empresa nascida na Universidade do Porto, que integra 17 funcionários de oito nacionalidades diferentes.

Numa demonstração realizada no Serviço de Cuidados Intermédios no Hospital de S. João com alguns dos pacientes acamados, Paulo Ferreira dos Santos explicou que o MovinSense é o único equipamento do mercado que monitoriza o paciente e não a cama, além de exigir um menor investimento financeiro e ocupar menos espaço de armazenamento.

“Na prática evita a sobre-exposição da mesma área do corpo à pressão, mas permite também alertar o enfermeiro quando o doente está muito agitado”, disse.

Dados disponibilizados pela empresa referem que um colchão anti-escaras e uma cama articulada elétrica custam em média mais de mil euros e um colchão com sensores de pressão custa em média mais de 2000 euros, por exemplo.

Monitorizar dez pacientes com o MovinSense exige um esforço monetário de “cerca de 6.500 euros”, porque “o sistema só requer a compra de um aparelho emissor e de tantos aparelhos receptores quantos os pacientes a monitorizar”. Cada aparelho tem um custo inferior a 500 euros e possui uma bateria com autonomia para mais de uma semana.

“O tratamento de uma única úlcera de grau 1 (mais simples) custa cerca de 1050 euros, que é o equivalente ao investimento em dois dispositivos MovinSense”, salientou.

Como tal, frisou o empresário, “o investimento no MovinSense fica amortizado logo que o aparecimento de uma úlcera é evitado”.

“Enquanto os prazos de pagamento forem estes, Portugal está excluído”

O MovinSense está pronto a entrar no mercado, estando a Tomorrow Options já a negociar a sua distribuição com empresas internacionais.

“A receptividade não tem sido boa, tem sido excelente em todo o lado. Temos interessados na Suécia, no Reino Unido, em Itália, nos EUA. Julgo que não temos em mais porque ainda não conseguimos mostrar o dispositivo em mais países”, disse o responsável.

Em Portugal também “há interessados, mas existe alguma dificuldade em conseguir vender enquanto os prazos de pagamento dos hospitais forem estes”.

“Temos que pagar a nossa estrutura e o sistema português, com pagamentos a 400 dias, não é de certeza para uma pequena empresa como a nossa, que não tem capacidade financeira para suportar esse custo, infelizmente”, lamentou o empresário.

A Tomorrow Options submeteu uma patente com extensão internacional relativa à tecnologia e à sua aplicação.

“Enquanto os prazos de pagamento forem estes, Portugal está excluído, mas não por interesse dos médicos ou dos enfermeiros. Infelizmente não podemos ir mais além porque é impossível vender a um cliente que não paga”, acrescentou.

ACRESCENTO: Este aparelho por si só nada resolve. Todos os profissionais de saúde sabem que devem posicionar os doentes acamados de 2 em 2 horas. Não o fazem porque não querem ou não têm tempo. Até quando tocamos a campainha estamos minutos à espera, imaginem se ouvindo um aparelho se vão preocupar...Maioria das unidades hospitalares nem sequer colchões antiescaras têm, e vão ter um aparelho para nos monitorizar para quê?

Fonte: Público

2 comentários:

  1. Existem uns despertadores multi-alarme que custam 20 euros e são bastante funcionais. Podem dar alertas de 15 em 15 minutos se tal for necessário. A bateria dá, não apenas para uma semana, mas para 5 anos. Tal como o produto anunciado também precisa que o enfermeiro faça o seu trabalho.

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  2. Aqui, a questão principal é essa. Para quê existir um alarme se o profissional só vai se quiser/puder? Ele tem que saber as horas a posicionar o doente. Não é um alarme que o vai obrigar. Muitas vezes tocamos horas seguidas as campainhas que temos junto á cama e ninguém aparece...
    Obrigado pela informação.
    Fique bem

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