domingo, 23 de março de 2014

10 Kms a pé para levar filha deficiente ao médico

Esta é a história de uma mãe que percorre 10 quilómetros a pé, em plena Estrada Nacional 3, a empurrar a cadeira de rodas da filha deficiente para a levar ao médico.

O caso passa-se em Vaqueiros, no concelho de Santarém, onde a extensão de saúde foi encerrada em Setembro de 2013.
Quando precisa de levar a filha a uma simples consulta ou ir buscar as receitas dos medicamentos, Ofélia Marques vê-se muitas vezes obrigada a percorrer a pé os cinco quilómetros que a separam de Pernes, a vila onde encontra o Centro de Saúde e a farmácia mais próxima.
"Não tenho outra hipótese, porque não tenho transporte para a menina. Às vezes, ainda me oferecem boleia, mas a cadeira dela depois não cabe nos carros", disse Ofélia Marques à Rede Regional
Para regressar a casa, caminha de volta os cinco quilómetros a empurrar a cadeira de Patrícia, de 32 anos, que sofre de paralisia cerebral desde bebé, na movimentada estrada que liga Torres Novas a Santarém, e onde o perigo de atropelamento espreita a cada curva.
Vaqueiros é servida apenas por um autocarro diário às 7h30 da manhã, a carrinha da Junta de Freguesia não está adaptada, os taxistas já evitam fazer este serviço e nem sempre a ambulância dos bombeiros voluntários de Pernes está disponível.
Meter pernas ao caminho é a opção que resta a esta mulher de 52 anos, que não pode deixar a filha sozinha em casa.
Problema é "simples de resolver"
A Junta da recém-criada União de Freguesias de Casével e Vaqueiros aponta o dedo ao Agrupamento de Centro de Saúde (ACES) da Lezíria na incapacidade para resolver o problema, que até tem uma solução relativamente simples.
Aquando da reorganização territorial, o ACES aceitou colocar um médico na freguesia durante mais um dia por semana, mas exige que seja na extensão de saúde de Casével.
A Junta defende que a unidade de Vaqueiros tem todas as condições para ter consultas uma vez por semana e até disponibiliza a funcionária administrativa e o equipamento informático.
"Não conseguimos compreender a posição dos responsáveis do ACES", disse à Rede Regional Joel Oliveira, o tesoureiro da Junta, explicando que este organismo tem mantido sempre uma posição de absoluta intransigência em não reabrir uma vez por semana a unidade de saúde familiar da aldeia.
"Colocar aqui um médico um dia por semana é praticamente a mesma coisa que mandá-lo a Vaqueiros, e toda esta população, que é maioritariamente idosa e não tem condições para se deslocar, teria acesso aos cuidados de saúde a que tem direito", acrescentou Joel Oliveira, sublinhando que "a Junta não vai baixar os braços".
Noticia: Movimento (d)Eficientes Indignados - Fonte: rede Regional

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