terça-feira, 6 de outubro de 2015

Impedida de votar

Acabei de exercer o meu dever de voto, pela primeira vez em toda a minha vida. Estava curiosa e confiante, e especialmente contente por saber que iria finalment...e contribuir para o nosso país com o meu voto, como cidadã ativa e presente que sou. Pois então, chego ao meu local de recenseamento eleitoral e deparo-me com uma situação com a qual não estava minimamente a contar.

Resumidamente: a minha mesa de voto encontrava-se no primeiro andar, sem elevador ou qualquer tipo de plataforma para subir. E eu pergunto-me, num país em que é considerado CIVILIZADO e não do 3º mundo, como é que esta situação pode existir?! Diz a lei que a mesa de voto e urna não podem sair do lugar pois os votos seriam todos anulados. Ao olhar em meu redor, vejo dezenas (para não dizer centenas) de idosos com dificuldades de locomoção, muitos deles com bengala ou moletas. 

Na minha situação, estavam mais duas senhoras em cadeira de rodas que, ironicamente, eram TODAS da mesma mesa que eu, ou seja, da secção do primeiro andar. Eu tenho o DIREITO e DEVER de votar tal como tenho o DIREITO de ser eu própria a ir à mesa de voto e colocar o voto na urna. Tenho também o DIREITO de não querer que pessoas estranhas me “peguem” a mim e à minha cadeira para subir umas escadas, ato este que pode ser muito perigoso. Tenho o DIREITO de querer ser tratada de forma DIGNA e IGUAL ao de mais cidadãos.

Conclusão, teve de o meu pai trazer-me a folha de voto e coloca-la depois na urna. Tenho mais uma vez o DIREITO de ir votar SOZINHA futuramente e ter todas as acessibilidades às quais tenho DIREITO.

Relembro ainda que as acessibilidades não se tratam só de deficientes como eu, mas sim de pessoas idosas com dificuldades de mobilidade, invisuais, entre tantos outros casos!

Sim, consegui de forma “deficiente” votar, mas não da forma a que tinha direito. Acabei portanto a fazer uma reclamação à qual fiz de forma muito orgulhosa!

Assim me despeço com uma frase que cada vez mais gosto de dizer e gritar: não tenho o mínimo orgulho no país em que vivo.

Boa tarde

Testemunho de Raquel Banha na sua página do facebook

2 comentários:

  1. Este caso não é virgem... na maioria das situações, os deficientes e os idosos, não possuem condições para se locomover na via publica e em edificios, mais lamentavel ainda que muitos são edificios e locais publicos.
    O ridiculo e de deitar as mãos à cabeça, é quando, pq a lei o obriga, fazem rampas absolutamente sem qq utilidade!... já repararam naquelas rampas que, por o nivel da rua ser mto grande, fazem as rampas quase na vertical?...
    Sem mais comentarios...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Segundo a lei das acessibilidades: http://www.inr.pt/content/1/4/decretolei as rampas deveriam ter o máximo de 6% inclinação, mas é habitual vermos as rampas directas ao céu que se refere.
      Fique bem

      Eliminar