sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Minha ausência e a necessidade de uma Vida Independente

Quem não me acompanha nas redes sociais deve ter estranhado esta minha ausência. Ausência essa, devido a vários motivos:

- Inicio de escaras na região do ísquio (osso saliente em cada nádega onde nos sentamos) que me levou a ficar uns dias de cama (comecei ontem o levanto progressivo para a cadeira de rodas), pois para mim o melhor tratamento continua a ser o deixar imediatamente de fazer pressão sobre a região afetada. Feridas já estão cicatrizadas, agora é aguardar que próximos levantes corram bem e a cura total aconteça;

- Uma escara no joelho direito devido ao deslocamento da rotula e abusar do decúbito ventral (barriga para baixo), que graças a uma boa joalheira e evitar pressão na região afetada, também está a responder bem ao tratamento;

- Unha grande do pé esquerdo, dilacerada por ter ficado dobrada para baixo, dentro da bota, durante o dia inteiro. Também a melhorar (uma pantufa vai ajudando) e a preparar-se para se soltar e cair;

- Meu cuidador de há vários anos também teve que deixar de me apoiar por motivos de saúde. Solicitei apoio domiciliário à única IPSS da minha área, mas os serviços prestados não respondem minimamente ás minhas reais necessidades. Vejam: almoço que consiste em entregar um termo com comida em cima da mesa e sair imediatamente; Higiene habitação, mas somente nos espaços da casa que utilizo; Tratamento da roupa e Higiene pessoal que se baseia em virem uma vez por dia, e com os minutos contados. Mas só isso não basta. Preciso de mais:

Quem me sirva as refeições; Quem me abra e feche a porta; Quem me deite e levante; Quem me faça posicionamentos na cama de 3 em 3 horas; Quem me dê banho e apoie no treino intestinal (dia sim, dia não, e prolonga-se durante 1h30); Quem me apoie nos fins de semana, noites e feriados; Ida a consultas; Alimentar meu cão e gato; Regar plantas; Acompanhar exames da faculdade; Vestir e despir capa no dia de chuva, etc, etc…

Neste momento continuo com o Apoio Domiciliário, e graças aos meus colegas da faculdade que se disponibilazaram a pagar-me uma cuidadora enquanto situação estabilize, conto com apoio de uma amiga que faz o que Apoio Domiciliário não faz. Expus também o meu caso ao INR, Governo, ISS, ANDST-Associação Nacional Sinistrados no Trabalho, minha seguradora e aguardo respostas concretas.
Como vêm ser dependente em Portugal não é tarefa fácil. Dai a minha greve de fome, e aproveito para vos comunicar que a Conferência sobre Vida Independente realizada no inicio do mês de dezembro em Lisboa, correu muito bem e que o endereço de email para enviarem as vossas sugestões para elaboração de uma lei sobre VI, ainda se encontra disponível. Não deixem de colaborar.