Uma decepção. O mesmo de sempre: discursos politicamente correctos, feitos pelos mesmos de sempre, formalidades do costume, promessas...porque tem que se continuar a bater nas mesmas teclas, a fazer o mesmo de sempre? A mim tudo aquilo não me diz nada. Porque não nos juntarmos informalmente e debatermos nossos problemas, trocarmos ideias, dúvidas, unirmos esforços, no lugar daqueles enfadonhos e ultrapassados modelos?
Bem, couberam-me uns minutinhos para discursar e neles tentei apresentar factos. Sim, factos. Falar bonito não sei, falar só para agradar não condiz com minha personalidade. Deixo aqui aos meus leitores o que foquei: (cliquem por favor nas palavras sublinhadas, que terão enquadramento do que me refiro).
1 - O representante da INATEL social, presente no congresso, tentou vender e vangloriar-se do seu programa “Abrir Portas à Diferença”. Expliquei-lhe que não é como diz. Eu fui impedido de participar nesse programa, porque as suas unidades hoteleiras não têm casas de banho acessíveis para dependentes e que inclusive naquele momento nem o rosto podia lavar, porque a casa de banho do Hotel não permite que entre nela.
2 - Perguntei à mesa onde está a inclusão. Eles (organizadores do congresso) foram os primeiros a discriminar-nos. Somente disponibilizaram transportes a partir do Largo do Rato em Lisboa. Eu e outros que vivem fora de Lisboa somos diferentes, não temos direito a transporte.
Não há verbas para transportes? Recebam-nos através de videoconferência. Não custa nada. Aí se vê que é falta de vontade.
Sites da CNOD, APD e maioria é desnecessário procura-los. Sempre desactualizados e nada apelativos. Será que não sabem que nós dependentes temos como única ferramenta para chegar até eles a Internet? Hoje em dia qualquer leigo sabe e tem uma página na net, mais actualizada que as deles.
3 - Contei-lhes a humilhação que passei ao ser examinado no meio da via pública, no Serviço de Saúde Pública de Tomar, por uma junta médica, por o edifício não tem acessos a cadeira de rodas.
4 - Expliquei-lhes que o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, não faculta transporte a dependentes após alta hospitalar. Que nos despeja e abandona na nossa cadeira de rodas, na estação de Santa Apolónia, Oriente ou outra.
5 - Que estamos impedidos de fazer formação e ou continuar estudos, porque não nos facultam transporte. Que Centro de Reabilitação Profissional de Alcoitão e ou Gaia, não nos aceitam, porque não têm dinheiro para contratar quem nos auxilie. Novas Oportunidades e afins que tanto se orgulham e publicitam é só para os outros.
6 - Que dia 09 de Novembro de 2009, relatei estas, e outras injustiças a toda a entidade possível, e inclusive a algumas daquelas Associações e nem uma resposta obtive. Somente Gabinete da Senhora Secretária de Estado, através do chefe de seu gabinete, Drº Rui Daniel e seu adjunto Drº Luis Vale se interessaram por mim e me receberam. Inclusive até hoje sempre que sou contactado através do TETRAPLÉGICOS, por alguém que sofre injustiças, Drº Luis Vale me auxilia. Tendo já desbloqueado imensas situações. Do associativismo nada.
O que não pude dizer, visto a mesa ter-me interpelado que meu tempo tinha esgotado:
a) Centro de Reabilitação de Alcoitão deixa muito a desejar.
b) Conseguir uma assinatura dos centros de saúde numa credencial, que autorize nossa ida a uma consulta com um especialista é maioria das vezes recusado.
c) Conseguir Ajudas Técnicas/Produtos de Apoio neste momento é quase impossível.
d) Apoio domiciliário é inexistente.
e) Ir a umas urgências hospitalares, só pagando transporte, etc, etc e etc.
Houve uma Mãe que no seu discurso emocionante, de procura de respostas, muito incentivou o mostrarmo-nos, irmos para a rua. Sempre achei uma excelente ideia, como em tempos o mostrei publicamente. Pensem nisso.
Não poderia deixar de agradecer esta minha presença neste Congresso, ao Élio Castelo (foto acima) e Drª Inês Apolinário, Assistente Social da ANDST de Chelas. Muito obrigado!