segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Físico Stephen Hawking escolhe a Milacessos para passeio acessível em Lisboa

No passado dia 10 de Outubro de 2014, a cooperativa portuguesa de turismo acessível -MILACESSOS em parceria com a Tourism for All e com a Ibercruises, foram escolhidos para receber o distinto Físico Stephen Hawking e o seu grupo de acompanhantes para dar um passeio adaptado pela cidade de Lisboa.
Especialistas em turismo acessível (para todas os perfis de pessoas com mobilidade reduzida, com custos muito reduzidos) a Milacessos procurou ir ao encontro das vontades deste grande nome da física e da sua equipa acompanhante. O grupo esteve muito entusiasmado e os bons resultados desta satisfação foram visíveis.

«Visitamos os Jerónimos, demos um salto aos Pastéis de Belém para um momento "Histórico" - Há mais de 30 anos que o Stephen Hawking não comia um bolo e claro está que não resistiu ao nosso Pastel de Belém. De Belém fomos até ao Rossio para respirar e sentir a nossa Lisboa. Um dia memorável!» referem Pedro Freire e Paula Varela Reis da Milacessos.
Após a visita e o regresso do Físico ao seu destino a Milacessos recebeu a seguinte mensagem desta referência mundial:

"Dear Pedro
I am writing on behalf of Stephen Hawking and his care team that visited Lisbon a couple of weeks ago on our travels back from Tenerife. We just wanted to say how wonderful you all were and thank you for an amazing trip around Lisbon. It was a perfect day and you Maria de Jesus (Jue) and Sonia were great. We couldn't of asked for anything more and. Stephen and his care team enjoyed it immensely and can not wait to return to beautiful Lisbon
Many thanks to you all,
Warmest regards
Stephen and Nikky"

Enviado por Cristina Vaz de Almeida

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A minha luta chega ao ensino superior

A minha luta como tema para um trabalho de faculdade. O trabalho é referente à UC de Politica Social II do 3º ano de Ciências Sociais/Serviço Social da Universidade Aberta:

“A actuação da Política Social dirige-se à promoção e garantia do bem-estar social. Essa é a finalidade da Política Social. Mas em nenhuma sociedade existe uma concepção unânime de bem-estar social. Deparamo-nos com diferentes percepções da realidade social e do que se entende como necessidade de intervenção na sociedade em nome dessa finalidade. São diferenças que assentam em distintos posicionamentos ideológicos, em diferentes interesses económicos ou sociais, que se traduzem na defesa de diferentes soluções para problemas sociais existentes ou em diferentes percepções na forma como os poderes públicos devem actuar para os prevenir ou evitar. Encontramo-nos, portanto, num terreno normativo. E é neste plano que teremos de situar a actuação dos poderes públicos.” (Pereirinha 2008: 71).

A partir desta afirmação, que revela e realça o conteúdo normativo da Política Social, deve elaborar um comentário crítico onde analisa as respostas sociais integradas na proteção social das pessoas com deficiência face às reivindicações de cidadãos seus destinatários, designadamente através das iniciativas em prol de uma vida independente protagonizadas por Eduardo Jorge e relatadas no blog Nós tetraplégicos

http://tetraplegicos.blogspot.pt/2014/08/concavada-lisboa-em-cadeira-de-rodas.html ; vd.

também http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2014-09-23-180Km-de-cadeira-de-rodas-ate-Lisboa.

Obs.: Eduardo Jorge possui a Licenciatura em Ciências Sociais/Serviço Social, tendo concluído as UC de Política Social I e II).

Para conhecer as respostas sociais, aceda ao guia da proteção social das pessoas com deficiência, disponível na turma ou mediante o seguinte endereço:

http://www4.seg-social.pt/documents/10152/157117/Protecao_social_pessoas_deficiencia.

Sobre a iniciativa protagonizada por Eduardo Jorge, refira-se sinteticamente que a

reivindicação a uma vida independente é baseada, entre outos aspetos, na ausência de respostas sociais adequadas aos cidadãos deficientes que desejam manter-se na sua residência e rejeitam a institucionalização num lar residencial; o apoio monetário a um cidadão que opte pela residência autónoma é considerado muito insuficiente para uma vida digna, sendo um valor inferior ao apoio destinado às instituições de acolhimento. Esta é uma avaliação feita pelas próprias pessoas que sentem necessidades e que as expressam mediante a reivindicação de direitos em prol do seu bem-estar, nem sempre coincidentes com os conceitos e as normas que sustentam as políticas.

Constitui, assim, um estudo de caso muito interessante para analisar a relação complexa entre a definição do que são necessidades sociais, do que é um problema social, que direitos e necessidades devem ser assegurados para garantir o bem-estar social, e a definição de políticas de promoção do bem-estar social.

Permite, assim, analisar as definições de bem-estar social que são expressas por ambas as partes – cidadãos seus beneficiários/destinatários versus poder político/legislador – e refletir sobre os conteúdos normativos da Política Social.

Enviado por Paulo Gonçalves

Fundos estruturais: como podem ser usados na Economia Social?

Antes, fomos a Évora, onde funciona a CerciDiana, uma cooperativa de educação e reabilitação de adultos deficientes, que está, justamente, a preparar a sua candidatura a um projecto para a reabilitação de edifícios.

Outra preocupação crescente nesta cooperativa é o envelhecimento dos deficientes e o facto de, a determinada altura, as famílias não poderem (ou nem sequer existirem) para tomar conta deles.

Por isso é preciso que haja lares residenciais com maior capacidade e, para isso, é preciso dinheiro. A Quinta do Feijão, em Évora, é um dos pólos da CerciDiana, que dá apoio a quase 200 pessoas com incapacidade física ou intelectual, um boa parte deles adultos.

O Congresso da Associação dos Agentes de Viagens, no início de Dezembro, incluiu uma manhã de actividades na Quinta para os participantes, como forma de os sensibilizar para uma realidade que não é possível ignorar.

A CerciDiana tem 115 crianças até aos 6 anos na Intervenção Precoce, quatro dezenas de adultos no CAO, além dos 35 em Formação e, ainda, uma dúzia de deficientes profundos, muitos deles sem família, que estão num lar residencial e, à medida que os dias passam, a preocupação cresce. A CerciDiana não escapa às dificuldades económicas e financeiras que caracterizam estas instituições de solidariedade social. Depois de um período mais apertado, a responsável financeira Angélica Charro considera que é preciso avançar. Nomeadamente para a renovação do edifício para o Centro de Actividades Ocupacionais. Fazer um projecto para candidatar a fundos europeus no âmbito do novo programa para a inclusão da Estratégia 2020, é uma forte probabilidade apenas à espera que sejam estabelecidos critérios, admite a responsável financeira da instituição. São projectos que “têm que cumprir critérios muito rigorosos e às vezes, só perceptíveis pelos especialistas”.

ISEFG forma para melhor gerir
O sector social tem de ser capaz de concorrer e gerir projectos financiados pelos fundos europeus. Em particular com as verbas inscritas no programa operacional Inclusão Social e Emprego. Gerir bem os recursos é importante também para o dia-a-dia destas instituições, chamadas a responder a mais necessidades sociais. A capacitação dos dirigentes é, por isso, uma exigência.

O ISEG, Instituto Superior de Economia e Gestão, está prestes a avançar com uma pós-graduação em Administração de Organizações Religiosas.

Em entrevista à jornalista Filomena Barros, o coordenador do curso António Pimenta de Brito explica o objectivo de formar para gerir, nas instituições ligadas à Igreja. Uma ferramenta que pode facilitar o acesso aos fundos europeus, que constam do programa de inclusão social e emprego, para o período até 2020. O Acordo de Parceria 2020 é, assim, “uma janela de oportunidade”.

Fonte: Rádio Renascença

Deficientes de guerra. A realidade que alguns preferiam esconder

Tudo normal. De cima a baixo. Cabelos brancos, olhos azul do céu, sorriso maroto e andar desembaraçado. Aparentemente. A perna direita é uma prótese. Das melhores que se fazem no mundo, "quer ver?" Esta é uma coisa que fica, como se não vendo, não tocando com as mãos, fosse impossível acreditar que é real. "Mandaram-me para lá puto e fiquei assim, agora têm de me pagar o melhor, não é?"

O melhor, no caso de Carlos Noivo, é feito em Hamburgo e "custa o preço de um Audi". Próteses a que só alguns têm direito, muito poucos, dependendo do grau de deficiência atribuído pela Junta Militar, mais do que da barbárie da sua história. No início era a própria Alemanha que pagava para receber estes amputados e aperfeiçoar uma indústria na qual é mestre, fruto de tantas guerras. Hoje é o Ministério da Defesa que paga a conta.

A guerra terminou há mais de 40 anos, mas para estes soldados a vida é uma eterna batalha. E um homem não chora, pelo menos os de antigamente. Fazem voz grossa, dizem que matam e esfolam, mas são uns corações de manteiga. Desde que não se pressione o gatilho. E o gatilho sabe Deus o que poderá ser. Há os que têm golpes visíveis, escondidos debaixo da roupa ou por trás dos óculos. E os stressados pós-traumáticos, sem uma cicatriz na pele mas desfeitos por dentro. Num e noutro caso quase sempre preferem sofrer em silêncio porque falar é pôr o dedo na ferida e a ferida precisa de sarar, tem de sarar.

São 13 mil só na Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA). E não estão lá todos. Estima-se que tenham ficado 30 mil feridos em combate. E mais 40 a 50 mil homens afectados por stresse de guerra. Tantas décadas depois continuam a chegar à instituição processos e pedidos de ajuda para qualificar combatentes da guerra colonial como deficientes das Forças Armadas. Gente à procura de uma pensão, de uma vida mais digna, se não para si, pelo menos para os seus. O Estado atrasa-se na qualificação e as indemnizações materiais teimam em não chegar. Há casos em que as compensações são atribuídas a título póstumo.

A geração que fechou o Império tem hoje uma média de 67 anos. Já não são miúdos e carregam, além da limitação física, o peso da idade. Com os anos, há combates que o corpo já não consegue travar. O desporto, que era um dos pontos de união, foi substituído pela sesta. Hoje, "muitos ficam em casa", conta o senhor Janeiro, responsável pela delegação de Lisboa. Esta é agora a maior dificuldade: "Fazê-los sair à rua é uma luta." As mulheres, muitas delas ex-enfermeiras, são as suas cuidadoras. Mas estão também a precisar que tomem conta delas. Casas fartas: eles delas, elas deles. Vale-lhes o sentido de humor. Negro, é certo, para exorcizar raivas antigas. E contemporâneas também.

Não é para menos, a realidade é desconcertante: um grupo de ex-combatentes deficientes das Forças Armadas - cegos, paraplégicos, tetraplégicos, amputados - organizou um dia de festa, com piquenique e passeata pela marginal. Enquanto, cá de cima, alguns contemplavam o mar, perto da Parede, concelho de Cascais, passou de carro um presidente de câmara. Pouco depois chegou alguém a pedir para retirar o grupo do local. Porquê? "O senhor presidente diz que dá mau aspecto para o turismo."

Estes militares também preferiam ter o aspecto de pessoas absolutamente normais. "Eu queria mostrar os meus olhos. Não queria andar de óculos escuros", lamentava-se dois dias depois desta conversa o presidente nacional da ADFA, José Arruda. Além de cego dos dois olhos, ficou sem um braço num acidente com uma granada. A última coisa que se lembra de ter visto com olhos foi "uma carta cor-de-rosa" que levava consigo para onde quer que fosse, escrita pela sua namorada, hoje mulher e mãe dos seus dois filhos.

Arruda vai interrompendo a conversa para dizer que não quer falar de si, prefere falar da instituição. "Parecemos todos mal humorados", diz. "Empurraram-nos para a guerra, agora precisamos de atenção." As necessidades destes ex-soldados não são iguais, mas há uma comum a todos: precisam de não ser esquecidos.

O presidente da ADFA (que tem 12 delegações, incluindo Madeira e Açores), sabe isso melhor que ninguém e quer estar em todo o lado, fazer lóbi. "É importante porque quem decide é o poder." E é esta a via sacra dos veteranos, fazer- -se lembrar. Dentro de meia hora estará com o ex-Presidente da República general Ramalho Eanes e entretanto já se certificou de que uma coroa de flores em nome da associação chegará à viúva do almirante Vítor Crespo, que faleceu hoje.

Dois dias antes, o discurso institucional do segundo vice-presidente da ADFA, Lopes Dias, cego, quase caiu por terra à hora de almoço, onde muitos dos associados se juntam numa desordem saudável. Quis desde o início mostrar que a associação é apartidária e "tem o apoio de todos os políticos". Mas a direita e a esquerda vieram à baila mais cedo que o previsto. Falavam abertamente de Sócrates, da manifestação organizada em 2008 que mobilizou milhares de deficientes prestes a perderem direitos conquistados a duras penas, de Salazar e de uma política incompreensível para defender ainda hoje não sabem o quê.

Sorridente, Paula comanda o refeitório: "O que é que vai ser? Carne de porco com esparguete ou bacalhau à Brás?" Sandra recebe e serve as sobremesas. O estômago tem muita importância para estes homens, que comem pelas emoções. Mas qualquer civil pode vir almoçar à sede da ADFA, na Av. Padre Cruz, em Lisboa, na certeza de que além de uma refeição completa vai alimentar-se de uma realidade que vive escondida e é desconhecida da maioria, nesta dimensão. O dinheiro é bem-vindo.

Na ADFA quase todos são voluntários. Mas mais nunca é de mais e aqui é fácil entender porquê. Embora a maioria tenha aprendido a ser tão autónoma quanto possível, há coisas que um cego ou um tetraplégico não conseguem fazer, como cortar um bife, levantar uma colher, um garfo ou uma chávena de café "com cheirinho". São gente que aprendeu a depender da boa vontade dos outros.

Mas não são apenas estes que precisam de ajuda. "Tu tens andado bem, Lopes, tens andado benzinho? Eu sofro muito, já cá não ando a fazer nada." Raimundo foi para Angola e aos 22 anos levou um tiro no meio da testa. Ficou dez meses em coma e 13 sem falar. Agora, já com esta idade, tem medo de não aguentar mais uma intervenção cirúrgica. Os camaradas gozam-no e ele responde: "É, estou parvo em como a bala não fez ricochete!"

As histórias são intermináveis. Mais de 92% dos homens que foram para a guerra eram praças. Muitos não tinham sequer a 4.a classe. Foram estes homens que fizeram a ADFA logo a seguir ao 25 e Abril (14 de Maio de 1974) e conquistaram muitos dos direitos hoje adquiridos não apenas para os deficientes das Forças Armadas, mas também para a sociedade civil.

No entanto, continuam a existir realidades que ultrapassam a ficção. As próteses dos deficientes militares, grande parte pernas e olhos, são compradas através da central de compras públicas do Estado. Ou seja, uma perna ou um olho, que qualquer técnico acredita que deveriam ser tratados como uma impressão digital, exigem o lançamento de um concurso público. Das três casas candidatas, ganha a que oferecer o preço mais baixo. Já houve resultados desastrosos. Um militar recebeu um olho tamanho standard, metido à força dentro da órbita. A operação valeu-lhe uma valente infecção e um internamento que só por sorte não teve consequências mais graves. Mas não foi caso único.

Outro militar contou que está à espera de uma perna há mais de um ano. As próteses, que podem custar, em média, 7 mil euros, têm de ser trocadas de dois em dois anos e muitas vezes têm de ser afinadas. Este engenheiro de 75 anos não quis ser identificado porque há amigos e familiares que até hoje não sabem que não tem um dos membros inferiores. Foi sempre seguido pela mesma casa, porque se trata de um processo "um bocadinho cirúrgico". No seu caso, um desgaste de cinco milímetros estava a provocar-lhe graves problemas de coluna e também na perna boa. Acontece além disso que a prótese que está a usar era a mais barata do concurso e não a feita na casa que sempre o seguiu e já conhece o seu corpo de cor. "Isto não é a mesma coisa que comprar arroz e batatas", diz. As consequências não se fizeram esperar: dores agudas e coxear como nunca. "Há sempre afinações necessárias. Já imaginou o que é entrar numa sala de conferências, tudo em silêncio, e ouvir-se um rec-rec-rec? Não vou levantar o braço e dizer: desculpem, é da prótese."

Este problema ainda não está completamente sanado e é apenas um dos que o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, se comprometeu a resolver definitivamente. Outro tem a ver com a requalificação do estatuto de deficiente das Forças Armadas, nomeadamente naquilo que são os afectados pelo stresse pós-traumático. "Os afectados pelo stresse pós-traumático ficaram esquecidos, mas a verdade é que eclodiu na nossa cabeça algo muito estranho", diz José Arruda. Este algo muito estranho pode levar à depressão e pode levar a matar. Ou apenas a discussões que fazem voar próteses e impropérios até à chegada da GNR, como aconteceu há uns anos na sede da ADFA. Mas nessa altura eram todos bons rapazes.

Calcula-se que ainda existam cerca de 1500 processos por resolver. É preciso eliminar capelinhas, que são muitas. E o trauma de ter morto um camarada com uma G3, na penumbra da noite, porque "era suposto atirar em tudo o que mexesse", e ter ficado coberto com os bocados do seu corpo - continua até hoje a correr para debaixo do chuveiro para se esfregar amiúde -, não se compadece com burocracias. Mas há mais terror: como a do homem ferido que magoava tanto a sua mulher, com palavras, com tortura psicológica, que, quando ficou acamado quis ser ela a "cuidar" dele para, literalmente, lhe "tratar da saúde". E então bateu-lhe ela, maltratou-o, fê-lo "pagar" até morrer. Há franjas que ficaram de fora. Há ex-combatentes com processos pendurados há 12 anos.

A assistente social Ana Machado e a jurista Helena Afonso têm na ADFA um papel muito importante e nem sempre fácil. Ana Machado fica atenta a problemas de inserção, de pobreza, muitas vezes escondidos. E tenta fazer a articulação entre a associação e outras instituições, como a Entreajuda, o banco de bens doados, de medicamentos, bancos alimentares. Agora está a organizar um grupo de voluntariado e a ajuda que procura estende-se a familiares, mulheres, filhos e netos de militares. E é preciso ver que nem todos os ex-combatentes têm pensões atribuídas. Mais um ponto de revolta.

Foram para a guerra, uma guerra que não era sua, vieram de lá sem qualquer conquista, e agora não são tratados como iguais. Estes voluntários à força têm de correr Seca e Meca para provar que estiveram onde estiveram.

Aqui entra Helena Afonso. O seu objectivo é conseguir o melhor para aqueles que a procuram, embora o melhor nem sempre seja fácil. Para ser considerado deficiente militar há dois factores essenciais: ter uma desvalorização de 30% e provar que aconteceu em campanha, ou seja, em contacto com o inimigo.

Só isto já deixa Borges, Silva e Gameiro a discutir. Estão os três numa cadeira de rodas, paraplégicos. Borges é tetra e solteiro. Silva era campeão de basquetebol e foi dado como morto. Gameiro teve um acidente a caminho da guerra, onde nem chegou, e casou com uma mulher onze anos mais nova. Só azares. "Se soubesse o que sei hoje..." Nada os preparou para aquilo e ainda hoje não sabem muito bem o que lhes aconteceu. E acreditam que deviam ser todos tratados como iguais.

Borges está no lar, é bonacheirão, gosta de conversa e de passear. Diz que o lar, instalado e gerido pela Cruz Vermelha, já teve melhores dias, mas não se queixa e não se acomoda. Até onde pode, é ele quem decide, tanto quanto um tetraplégico pode mandar na sua vida.

Borges, que hoje é quem ajuda a mulher, esteve quatro dias na morgue, enrolado num lençol, "totalmente morto". Foi alguém que viu o lenço a bulir ao passar e já ninguém dava nada por ele quando um camarada mandou que lhe dessem uma injecção de morfina e fizessem o que fosse possível. "És um morto-vivo", diz-lhe Silva. Já lá vão 47 anos. Hoje é relojoeiro e não há mecanismo que não conserte.

Gameiro resmunga o tempo todo. "Eles contam estas histórias, eu nem sequer fui à guerra e tenho de viver isto tudo." Mais: "Roubaram-nos tudo." Tudo o quê? "A dança..." E para cúmulo não foi ferido em combate, como se ter-se metido a caminho tivesse sido vontade sua.

E o calvário continua, num tempo que devia, mais que nunca, ser de afecto. Não os deixaram ser miúdos e "agora vamos mais a funerais". No tempo que sobra é preciso ir a juntas médicas, procurar testemunhas do tempo da guerra, fazer requisições para o Ministério da Defesa, ir a médicos, psicólogos, psiquiatras, advogados, Segurança Social. Como no campo de batalha, cada um encontra a sua estratégia de sobrevivência. José Arruda, cego, amputado, corre com a sua personal trainer e, diz quem já viu, ninguém o apanha. Corre porquê? "Corro para ter alento."

Fonte: i

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Assembleia da República pede ao Governo que cumpra a legislação e elimine as barreiras arquitetónicas

A Assembleia da República recomendou ao Governo que cumpra a legislação sobre acessibilidades e elimine as barreiras arquitetónicas dos edifícios públicos, garantindo o direito de todos os cidadãos à mobilidade e à acessibilidade.

A resolução da Assembleia da República (AR) foi publicada esta 3ª feira em Diário da República e recomenda ao Governo que cumpra a legislação de 2006, que aprovou o regime de acessibilidade aos edifícios e estabelecimentos que recebem público, via pública e edifícios habitacionais.

Por outro lado, pede ao Governo que ponha em prática o Plano Nacional de Promoção da Acessibilidade, «através de uma fiscalização mais eficaz e do reforço de medidas sancionatórias que desincentivem a existência de barreiras arquitetónicas».

Nesta resolução, a AR recomenda ao atual Executivo que faça um levantamento, em todo o território nacional, dos edifícios de serviços públicos, ou onde se presta atendimento aos cidadãos, que têm problemas de acessibilidades ou mobilidade para as pessoas com necessidades especiais.

Sugere que o Governo crie uma estratégia de ação, “com um largo envolvimento e participação das autarquias, de associações, movimentos e dos cidadãos em geral, que estabeleça objetivos de curto, médio e longo prazo” para a eliminação de barreiras.

Por último, a AR pede ao Governo que «remeta urgentemente» uma avaliação do grau de cumprimento do decreto-lei de 2006.

Fonte: TVI24

domingo, 21 de dezembro de 2014

Um fim de semana muito especial

Aceitei o desafio da Isabel Barata e inscrevi-me numa das atividades da Associação Gulliver. A atividade aconteceu no sábado, dia 13, e o programa consistiu numa ida a Lisboa,assistir á peça de teatro “Paiaçú” ou Pai Grande na Igreja de São Roque ejantar.


Em boa hora o fiz. O espetáculo foi muito bom, mas o convívio ainda foi melhor. Senti-me em casa. Mas existiram duas situações que me ficaram marcadas.
Findo o evento foi surpreendente presenciar a relativa facilidade com que dois participantes resolveram a questão dos transportes, um manda parar um autocarro acessível pertencente aos transportes públicos de Lisboa e lá vai ele na sua cadeira de rodas elétrica rampa acima para o interior do veículo, e a outra participante chama um táxi adaptado e segue para o seu destino.

 A outra situação que me entusiasmou, e deu imenso prazer, foi no domingo participar numa ida a um supermercado, comprar uns petiscos para o lanche juntamente com um amigo ainda mais dependente do que eu, e a facilidade com que na sua casa realizava as tarefas domésticas.
Não tinha conhecimento que existiam transportes acessíveis em Lisboa e que certos tetras conseguem coisas impensáveis? Claro que sim. Inclusive neste evento tínhamos o António Lourenço, um tetra com lesão alta que fiz questão de parabenizar por manobrar a cadeira de rodas manual, coisa que não consigo e poucos conseguem. No que toca à ida ao supermercado eu próprio o faço sozinho muitas vezes. Estaciono o carro das compras num canto do supermercado e vou e venho com os produtos no colo que despejo no carro. Impossível não ter de pedir ajuda quando é o caso, mas consegue-se. Em casa também não sou de pedir que me façam algo sem eu tentar primeiro.

 Então quais foram as razões que levaram estes factos a mexeram comigo tão intensamente? A força que me transmitiram. O ver os meus amigos a agir com tanta naturalidade, a entreajuda, o acontecer, o ser possível…vivenciar é diferenhte.
Segundo a Gulliver o seu principal objetivo é “… estimular cada cidadão a tornar-se mais proactivo e participativo na sua comunidade, assim como…diminuir o isolamento social involuntário de pessoas.”  No que me  toca, garanto que esses objetivos foram alcançados, pois existiram mudanças em mim e para melhor, principalmente no que toca aos transportes, vivo numa região onde os transportes públicos acessíveis e táxis adaptados são uma miragem, deslocar-me sozinho em Lisboa através dos transportes públicos estava fora de questão, presenciar os meus amigos a faze-lo e daquela maneira, foi muito importante para mim.


Obrigado Associação Gulliver e Isa Barata

Direito de resposta ao artigo "Único centro público de fisioterapia do Algarve pode fechar"

"A notícia publicada na vossa edição online de dia 10/12/14, intitulada "Único centro público de fisioterapia do Algarve pode fechar", informa os leitores de que o Centro de Medicina de Reabilitação do Sul (CMR Sul) - e citamos - "(...)tem sido gerido em regime de parceria público-privado". Esta afirmação não corresponde à realidade, pelo que induz em erro os leitores, prejudicando, assim a imagem institucional do operador que geriu essa parceria.

O CMR Sul foi gerido em regime de parceria público-privado a partir de Outubro de 2006 pela GPSaúde - Sociedade Gestora do CMFR do Sul, SA, detida pela GALILEI SAÚDE, decorrente do Concurso Público internacional lançado em 2005. Essa gestão obteve resultados comprovadamente positivos para o Estado e para os utentes, conforme reconhecido pelas mais diversas entidades, entre as quais Tribunal de Contas, IGAS, ACSS, e Ministério da Saúde.

O CMR Sul tounou-se um Centro de Reabilitação de refência a nível nacional e europeu - um dos poucos centros desta natureza acreditado na Europa do Sul pela CARF (organização intenacional especializada na acreditação de unidades de reabilitação.

O conrato de gestão respectivo findou em Outubro de 2013, tendo a reversão da unidade de saúde para o Estado, concretamente para a ARS Algarve, I.P., ocorrido formalmente no dia 22 de Novembro de 2013. A partir dessa data, o CMR Sul tem sido gerido pelo Estado.

Razão pela qual os problemas referidos na notícia quanto ao funcionamento de Centro, que afectam gravemente os utentes e que levaram, inclusivamente à perda da certificação CARF, não correspondem ao tempo em que o Centro foi gerido em regime de parceria público-privado, mas sim ao período em que a gestão está a cargo da ARS Algarve, I.P.

A Administração da GPSaúde - Sociedade Gestora do CMFR do Sul, SA"

Nota: Na página oficial, consta que o CMRS é gerido em regime de parceria público-privado.
http://www.cmfrsul.min-saude.pt/portal/

Fonte: Expresso


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Câmara de Lisboa juntou-se à luta de muitos cidadãos com deficiência por uma vida independente e lançou um projecto-piloto

Com uma greve de fome junto ao Parlamento e uma viagem de 180 quilómetros numa cadeira de rodas, o tetraplégico Eduardo Jorge tornou-se o rosto da luta pelo direito das pessoas com deficiência a uma vida independente. O apelo que fez ao Governo para que lançasse um projecto-piloto nessa área ficou sem resposta, mas a Câmara de Lisboa vestiu a camisola e lançou uma iniciativa com a qual promete alternativas à institucionalização.

“É uma pedrada no charco”, avalia Jorge Falcato, o técnico municipal que assumiu a coordenação do Projecto Vida Independente, defendendo que está em causa “uma mudança radical no que é habitual fazer”. Até ao dia 3 de Fevereiro está aberto “um período de auscultação da Comunidade de Pessoas com Deficiência para recolher opiniões e sugestões” sobre a proposta camarária, que foi recentemente apresentada pelo vereador dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa, João Afonso.

Na prática, aquilo que a câmara pretende fazer é concretizar um projecto-piloto que envolva, por um período mínimo de dois anos, cinco a dez pessoas “com deficiência, com limitações físicas que impeçam a realização autónoma de tarefas da vida diária”. A essas pessoas será dada a oportunidade de contratarem, com verbas disponibilizadas pelo município, assistentes pessoais que lhes dêem o apoio de que necessitam em casa, evitando a institucionalização.

A ideia, como se pode ler no documento disponível para consulta no endereço lisboasolidaria.cm-lisboa.pt, é que este projecto-piloto “seja promovido e gerido colectivamente pelos futuros utilizadores e outras pessoas com deficiência com mais experiência, organizadas num Centro de Vida Independente (CVI)”. No entendimento da câmara, esse centro “deve ser uma organização sem fins lucrativos, constituída e dirigida por pessoas com deficiência”.

Aquilo que se propõe é que o CVI assuma funções como o apoio ao recrutamento dos assistentes pessoais, à identificação das suas necessidades de formação e à gestão da relação laboral entre o utilizador e o assistente. A esta estrutura deverá também caber a definição e gestão dos “aspectos colectivos da prestação de assistência pessoal”, nomeadamente em relação aos “valores de referência, processos de pagamentos de impostos e contribuições e seguros de trabalho”.

A câmara compromete-se a ceder as instalações necessárias à prossecução do trabalho do CVI. Além disso, atendendo a que, “para muitas pessoas com deficiência, a mudança para uma habitação própria é um passo indispensável para a emancipação”, o município promete disponibilizar aos participantes no projecto que tenham essa necessidade habitações, devidamente adaptadas para os receber.

De acordo com os cálculos da câmara, a contratação dos assistentes pessoais “não deverá ultrapassar os 13 mil euros anuais por utilizador”, verba que, segundo o vereador João Afonso, está assegurada. “O projecto-piloto vai existir”, garante o autarca dos Cidadãos por Lisboa, acrescentando que a sua expectativa é que no próximo Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, a 3 de Dezembro de 2015, se tenha já passado da teoria à prática.

Questionado sobre se a autarquia não está com esta iniciativa a assumir aquilo que competiria ao Governo, o vereador responde: “Sim, está. Este é um modelo possível daquilo que o Governo devia fazer.” “A câmara está a dar um empurrão. Às vezes, o que custa é dar o primeiro passo”, acrescenta depois, notando que “talvez seja mais fácil a quem está na base” fazê-lo.

Mudar a qualidade de vida
Para João Afonso, ficar de braços cruzados e não dar o contributo possível para “as pessoas terem a possibilidade da livre escolha, independentemente da sua condição física”, não era uma opção. “Não podemos continuar a achar normal que uma pessoa que é institucionalizada receba 950 euros e que uma que fica em casa com a família receba 88 euros [para pagar a assistência por 3.ª pessoa]”, critica o autarca.

Tanto João Afonso como o coordenador do projecto-piloto agora lançado sublinham que esta ideia da vida independente é tudo menos nova, tendo já sido posta em prática com sucesso em vários pontos do globo, designadamente na cidade espanhola de Barcelona. Já em Portugal, lamenta-se, no documento que está em auscultação pública, que a orientação política oficial tenha passado "pela delegação das responsabilidades do Estado nas famílias que integram pessoas com deficiência, ou pela sua institucionalização”.

Para Jorge Falcato, a iniciativa vai permitir, através de “uma mudança radical naquilo que é habitual fazer”, que “a qualidade de vida” das pessoas envolvidas “aumente radicalmente” mas também pela própria metodologia.

“Normalmente, impõem-se soluções, mas os técnicos não sabem tudo sobre a vida das pessoas nem sobre as suas necessidades”, constata o coordenador do projecto-piloto, sublinhando a importância dos dois meses de auscultação da proposta e das três sessões públicas sobre a mesma, que prevê realiza,r e também o papel que terá o CVI.

“Tenho esperança neste primeiro projecto pela vida independente. É fantástico que alguém tenha tomado a iniciativa”, diz por sua vez Eduardo Jorge. Em Setembro, o tetraplégico viajou de Abrantes para Lisboa numa cadeira de rodas para exigir ao Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social o lançamento de um projecto-piloto a nível nacional e a criação de um grupo de trabalho para o concretizar. Hoje continua à espera de uma resposta e promete realizar uma nova greve de fome se ela não chegar. 

Fonte: Púbblico

Universidade do Minho volta a adaptar brinquedos para crianças com necessidades especiais

"O que costumamos fazer é pedir brinquedos a fábricas, que oferecem esses brinquedos, e adaptamos para que eles possam ser usados por crianças com algumas necessidades especiais", explicou o diretor do departamento de eletrónica industrial, da Universidade do Minho, em Guimarães.
A iniciativa já dura desde 2006, mas, tal como explicou à Lusa Fernando Ribeiro, foi obrigada a parar porque em 2012 e em 2013 não conseguiram angariar brinquedos. "Nos dois últimos anos não conseguimos brinquedos porque as empresas não deram e este ano optámos por pedir às pessoas brinquedos usados e estamos a adaptá-los", explicou Fernando Ribeiro.

Neste ano, angariaram, para já, cerca de 60 brinquedos, que perto de uma dúzia de alunos e dois docentes estão agora a adaptar para que possam ser usados por crianças com necessidades especiais.
São brinquedos eletrónicos, que tenham componentes como luz, movimento ou som que possam ser adaptadas.

"O que fazemos é abrir esses brinquedos, vamos à placa eletrónica onde ligamos um interruptor externo, com fios próprios para poderem ser usados, por exemplo, com a cabeça do boneco", adiantou o responsável. Segundo Fernando Ribeiro, o trabalho deste alunos e docentes não passa só pela adaptação, já que alguns dos brinquedos chegam-lhes às mãos a precisar de outros cuidados.

"Alguns brinquedos veem avariados e temos de os reparar, outros têm várias funções e nós, com o mesmo botão, fazemos com que ele percorra as várias funções porque senão só daria ou som ou luz", exemplificou. Os brinquedos foram recolhidos, praticamente porta a porta, por agrupamentos de escuteiros, que depois os fizeram chegar ao grupo de Robótica.

Para selecionar as instituições sociais que vão receber estes brinquedos, contam com a ajuda de uma entidade parceira, a Saluslive, que faz a ponte e faz chegar os brinquedos a quem mais precisa. Fernando Ribeiro adiantou que a adaptação dos brinquedos foi feita entre os dias 10 e 12 de dezembro, e que a entrega deverá ocorrer na próxima terça e quarta-feira, 16 e 17 de dezembro por instituições de cidades da região do Minho, como Guimarães, Barcelos ou Braga.

Fonte: Noticias ao Minuto

BPI entrega 500 mil euros a 25 instituições

No âmbito da quinta edição do Prémio BPI Capacitar, o BPI entregou no, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 500 mil euros a 25 instituições para apoiar projectos que promovem a melhoria da qualidade de vida e a integração social das pessoas com deficiência ou incapacidade permanente.

O primeiro prémio foi entregue à Associação Nomeiodonada para um projecto pioneiro na Península Ibérica na área dos cuidados continuados e paliativos pediátricos. Com este Prémio, a Associação irá equipar “O Kastelo”, proporcionando bem-estar, qualidade de vida e apoio psico-social a crianças com doenças ou processos crónicos e incuráveis, dignificando assim a sua condição.

O BPI distinguiu ainda outras 24 instituições com Menções Honrosas, atribuindo donativos num total de € 400.000. A selecção da instituição vencedora com o 1º Prémio e das Menções Honrosas – entre 264 candidaturas – baseou-se na qualidade técnica e sustentabilidade dos projectos apresentados.

Criado em 2010, o Prémio BPI Capacitar, um dos maiores prémios de responsabilidade social em Portugal, tem como objectivo apoiar e dar visibilidade a projectos de inclusão social que possam fazer a diferença na sociedade, através de um donativo e sem qualquer contrapartida que não seja a própria execução do projecto. No total das cinco edições, o BPI Capacitar já apoiou 81 projectos com donativos totais de 2,5 milhões de euros, contribuindo para melhorar o dia-a-dia de mais de 20 mil pessoas.

A propósito deste Prémio, o presidente do BPI, Fernando Ulrich, elogiou as instituições premiadas: “são elas que fazem a parte mais importante no apoio à inclusão social de pessoas com deficiência.” E acrescentou: “o BPI contribui para que estas instituições continuem a fazer o seu trabalho e o possam melhorar, para que o seu exemplo frutifique. O Prémio BPI Capacitar foi criado em plena crise e, desde aí, o esforço de responsabilidade social do Banco foi crescente. Em 2013 foi lançado o Prémio BPI Seniores dirigido a instituições que desenvolvem projectos de apoio a pessoas com mais de 65 anos e que no início de Outubro doou 500 mil euros a 27 instituições.”
O Júri da 5ª edição do Prémio BPI Capacitar foi constituído por: António Seruca Salgado (Ex-Administrador do Banco BPI) – Presidente do Júri; Clara Costa Duarte (Professora de Economia na Universidade Nova de Lisboa); António Soares Franco (Empresário); Ana Louseiro (Técnica de Educação Especial e Reabilitação) e Rui Lélis (Ex-Administrador do Banco BPI).

BPI Capacitar beneficia 25 projectos de inclusão social

1º Prémio:
• Associação Nomeiodonada

Com a verba recebida do Prémio BPI Capacitar, a Associação Nomeiodonada irá equipar o “Kastelo”, uma unidade pioneira que visa prestar cuidados continuados e paliativos às crianças com doenças ou processos crónicos e incuráveis. A ideia é proporcionar bem-estar, qualidade de vida e apoio
psico-social à criança, dignificando assim a sua condição.

O projecto inclui uma residência para os pais, uma zona lúdica ao ar livre e uma horta biológica, promovendo o envolvimento familiar.

Menções Honrosas
Para além do 1º Prémio, o BPI Capacitar distinguiu outras 24 instituições com menções honrosas.
No total, foram distribuídos € 400.000 às seguintes entidades: Centro Social e Cultural de S. Pedro de Bairro, em Vila Nova de Famalicão; O Fio de Ariana – Educação e Terapia, CRL, no Porto; Associação Histórias para Pensar, em Oeiras; Associação dos Escoteiros de Portugal, em Lisboa; Cresaçor – Cooperativa Regional de Economia Solidária, CRL em Ponta Delgada; Centro Helen Keller, em Lisboa; Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Armamar, em Armamar; APCC – Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra, em Coimbra; Associação Algarvia de Pais e Amigos de Crianças Diminuídas Mentais, em Faro; Associação Jorge Pina, em Lisboa; AAMA – Associação de Actividade Motora Adaptada, em Lisboa; CRIA – Centro de Recuperação e Integração de Abrantes, em Abrantes; ASSOL – Associação de Solidariedade Social de Lafões, em Oliveira de Frades; APEC – Associação Promotora de Ensino dos Cegos, em Lisboa; Castêlo da Maia – Ginásio Clube, na Maia; Cercimac – Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Macedo de Cavaleiros, CRL, em Macedo de Cavaleiros; OASIS – Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social, em Leiria; ANIP – Associação Nacional de Intervenção Precoce, em Coimbra; EMDIIP – Equipa Móvel de Desenvolvimento Infantil e Intervenção Precoce, em Oeiras; Associação Escola de Judo Ana Hormigo, em Castelo Branco; Pais-em-Rede, em Faro; Espaço t – Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária, no Porto; Associação de Paralisia Cerebral de Viseu, em Viseu; Academia de Patinagem de Guimarães – Associação APGUI, em Guimarães.

Fonte: Local.pt

Maioria do «chumba» apoios a crianças deficientes

A maioria PSD/CDS-PP aprovou no parlamento um projeto de resolução social-democrata pela promoção da autonomia e inclusão social dos jovens, mas rejeitou propostas da oposição sobre subsídios de educação especial para crianças e jovens deficientes.

A proposta do PSD obteve a abstenção de toda a oposição em três pontos, nomeadamente aquele relativo à «promoção da mobilidade jovem, seja para efeitos de intercâmbio, estudo ou trabalho, reconhecendo o papel do programa Erasmus+», mas teve votos contra de comunistas e "Os Verdes" no referente a «animador de juventude, em harmonia com a condição do ‘youth worker', incluindo tal profissão no Catálogo Nacional das Profissões».

Já os textos de PCP e BE relacionados com subsídios de educação especial em defesa de crianças e jovens deficientes foram «chumbados» por PSD e CDS-PP, apesar dos votos favoráveis de toda a restante oposição.

PS, PCP e BE apresentaram projetos de lei com medidas fiscais de apoio aos pequenos e médios agricultores, mas a maioria rejeitou-os igualmente. O documento do PS obteve votos favoráveis dos bloquistas e a abstenção de PCP e PEV. O texto comunista teve a abstenção dos socialistas, tal como a proposta ecologista.

Outros projetos de resolução de PS, PCP e BE, relativos à dinamização e promoção da sustentabilidade do Sistema Científico Nacional foram «chumbados» pelas bancadas social-democrata e democrata-cristã, enquanto a proposta de lei do Governo para proteção social dos tripulantes de navios registados na Madeira «passou», com maioria e PS favoráveis e PCP, BE e PEV a absterem-se.

A resolução do PSD, que recomenda ao executivo de Passos Coelho e Paulo Portas medidas para minimizar o impacto ambiental do ruído de veículos automóveis junto ao Mosteiro da Batalha foi aprovada com voto favorável de PS, contrário do PCP e PEV e a abstenção do BE no primeiro ponto, enquanto o segundo ponto mereceu a unanimidade dos diversos grupos parlamentares.

Uma iniciativa do BE no mesmo sentido, preconizando medidas urgentes, foi rejeitada pela maioria, apesar dos votos favoráveis da restante oposição.

As resoluções de PS, PCP e BE sobre apoio à pesca por arte-xávega (com redes de cerco) foram todas chumbadas pela maioria.

Fonte: TVI24

sábado, 13 de dezembro de 2014

Tradição indígena faz pais tirarem a vida de crianças com deficiência física

Um assunto da maior importância: o direito à vida. Você acha certo matar crianças recém-nascidos por causa de alguma deficiência física?

Pois saiba que isso acontece no Brasil e não é crime. A Constituição, nossa lei maior, assegura a grupos indígenas o direito à prática do infanticídio, o assassinato de bebês que nascem com algum problema grave de saúde.

Para os índios, isso é um gesto de amor, uma forma de proteger o recém-nascido, mas tem gente que discorda.

Um projeto de lei que pretende erradicar o infanticídio já foi aprovado em duas comissões na Câmara Federal e agora vai para votação no plenário.

Do outro lado, os antropólogos defendem a não interferência na cultura dos índios. Os repórteres do Fantástico foram investigar essa questão sobre a qual pouco se fala. E descobriram que a morte desses recém-nascidos mudou para pior o mapa da violência no Brasil.

A cidade mais violenta do Brasil fica no interior do estado de Roraima. Chama-se Caracaraí e tem só 19 mil habitantes.

De acordo com o último Mapa da Violência, do Ministério da Justiça, em um ano, 42 pessoas foram assassinadas por lá. Entre elas, 37 índios, todos recém-nascidos, mortos pelas próprias mães, pouco depois do primeiro choro.

A partir de uma porteira, o Fantástico entrou na terra dos ianomâmis, uma área de 9,6 milhões de hectares, maior do que Portugal. Lá, vivem 25 mil índios em 300 aldeias numa floresta inteiramente preservada.

O filho de uma mulher ianomâmi vai fazer parte da próxima estatística de crianças mortas logo após o nascimento. Há duas semanas, ela começou a sentir as dores do parto, entrou na floresta sozinha e horas depois saiu de lá sem a barriga de grávida e sem a criança.

Os agentes de saúde que trabalham lá disseram, sem gravar, que naquela noite aconteceu mais um homicídio infantil, o infanticídio.

O infanticídio indígena é um ato sem testemunha. As mulheres vão sozinhas para a floresta. Lá, depois do parto, examinam a criança. Se ela tiver alguma deficiência, a mãe volta sozinha para a aldeia.

A prática acontece em pelos menos 13 etnias indígenas do Brasil, principalmente nas tribos isoladas, como os suruwahas, ianomâmis e kamaiurás. Cada etnia tem uma crença que leva a mãe a matar o bebê recém-nascido.

Criança com deficiência física, gêmeos, filho de mãe solteira ou fruto de adultério podem ser vistos como amaldiçoados dependendo da tribo e acabam sendo envenenados, enterrados ou abandonados na selva. Uma tradição comum antes mesmo de o homem branco chegar por lá, mas que fica geralmente escondida no meio da floresta.

O tema infanticídio ressurge agora por ter se destacado no Mapa da Violência 2014, elaborado com os dados de dois anos atrás.
O autor do levantamento feito para o Ministério da Justiça, o pesquisador Júlio Jacobo, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, não tinha ideia da prática.

“E aí, então, comecei a pesquisar efetivamente com as certidões de óbito. Registravam que crianças de cor ou raça indígena, de 0 a 6 dias de idade. E começamos a ver que realmente era uma cultura indígena meio não falada, meio oculta”, diz o pesquisador.

O secretário de Segurança Pública de Roraima, Amadeu Soares, explica por que o seu estado aparece, pela primeira vez, entre os mais violentos do Brasil.

Fantástico: Por que no ano de 2012 teve essa evolução, esse número tão grande?

Amadeu Soares: Porque foi o ano que a Secretaria Especial começou a fazer o trabalho de registro desses infanticídios.

E foi assim que Caracaraí, no interior de Roraima, se transformou no município mais violento do Brasil. São 210 homicídios para cada 100 mil habitantes. A média nacional é 29 homicídios para cada 100 mil habitantes.

Pituko Waiãpi é um sobrevivente. Ele nasceu há 37 anos numa aldeia waiapi, localizada no interior do Amapá. Tinha paralisia infantil e estava condenado ao sacrifício.

“A minha família não aceitava por causa da deficiência. Então, a Funai me tirou de lá”, conta.

O garoto cresceu entre os homens brancos e, aos sete anos, foi levado de volta para a tribo.

“Uma assistente social não entendia do costume da aldeia. Ela não sabia que ele não podia mais voltar e o mandou de volta”, conta Silvia Waiãpi, irmã de Pituko.

O garoto vivia carregado pela mãe, pai ou irmão mais velho.

“E aí um dia minha mãe cansou de me carregar e deu para o meu pai. Quando foi na hora de atravessar o rio, meu pai começou a ameaçar que eu não servia para nada, que eu merecia ser morto. A minha mãe escutou isso e gritou que não era para ele fazer isso comigo”, conta Pituko.

“A minha mãe o deu para um dentista e a única palavra que ele sabia falar em português era: ‘Embora. Embora. Embora’”, diz a irmã.

Ele só voltou a ver os pais quando tinha 21 anos.

“A minha mãe sentou do meu lado e disse: ‘Meu filho, tu lembra daquele tempo que aconteceu?’. Eu falei: ‘Lembro’. Aí ela perguntou: ‘Você tem raiva dele?’. ‘Eu, não. Eu gosto do meu pai’. Isso é cultura de vocês. Quem sabe vocês estavam fazendo o certo e eu não estava sofrendo mais”, conta Pituko.

“Como é que é carregar um deficiente físico nas costas sem cadeiras de rodas? No meio do mato?”, comenta a irmã de Pituko.

A irmã de Pituko explica: para o seu povo, o infanticídio não é um ato cruel.

“Era um ato de amor. Amor e desespero. Porque você não quer que um filho seu continue sofrendo. Você quer que ele sobreviva, mas não se não há como?”, diz ela.

“Não se pode atribuir a isso qualquer elemento de crueldade. Se uma pessoa começa já no nascimento conter deformações físicas ou incapacidades muito grandes, você vai ter sempre em si um marginal”, avalia o antropólogo João Pacheco.

Na visão do antropólogo, este garoto é um exemplo do que seria um marginal na comunidade indígena. Ele sofre de um problema neurológico.

“Essa criança nasceu, segundo informações, sem nenhum sinal de qualquer tipo de deficiência. Eles não rejeitaram ela, mas ao mesmo tempo ela não fica como as outras crianças. Fica mais escondidinha”, explica Tiago Pereira, enfermeiro da Secretaria deSaúde Indígena.

Por não ter percebido a deficiência, a mãe deu de mamar ao filho.

Esta é uma cena da maior importância na vida de um pequeno ianomâmi. Quando a mãe amamenta o filho, é como se tivesse dando a ele a certidão de nascimento, é que ele está sendo aceito por ela e pela comunidade.

Os índios acreditam que só durante esse ritual o bebê se torna um ser vivo e, graças a essa primeira mamada, Kanhu Rakai, filha de Tawarit, está viva hoje.
“Se tivesse anotado de pequeno, poderia estar enterrado”, afirma Tawarit Makaulaka Kamaiurá, pai de Kanhu Rakai.

Quando nasceu, a família, que faz parte da etnia kamayurá, não notou que Kanhu Rakai desenvolveria qualquer problema.
“Ela nasceu normal. Depois de cinco anos, ela começou a ir enfraquecendo mais”, conta Tawarit.

Kanhu Rakai tinha distrofia muscular progressiva, uma doença degenerativa que dificulta cada dia mais os movimentos da garota, e os pais se sentiam pressionados pela comunidade para matar a criança.

Fonte: Fantástico (G1)

Nos dias de hoje o infanticídio (prática que resulta na morte de crianças) ainda é uma realidade em algumas tribos indígenas. Esse assunto, por ser polêmico, é contestado, e em alguns casos, tratado como inverdade ou apenas casos isolados. Em outras situações, há pesquisadores que defendem que o infanticídio faça parte da cultura indígena e por isso deve ser mantido. O papel deste documentário não é fazer um julgamento de valor sobre as práticas nas culturas indígenas. QUEBRANDO O SILÊNCIO se propôs a escutar e a registrar as manifestações de indígenas que não querem mais praticar o infanticídio e, por isso desejam ser ouvidos e receber ajuda. No momento que o índio se manifesta, a sociedade tem a obrigação de interagir com ele e trazer soluções e alternativas para o infanticídio.

Dirigido pela jornalista indígena Sandra Terena, este documenário é resultado de mais de dois anos de entrevistas em diversas regiões do país, como o Alto Xingu, por exemplo. Por ter a direção de uma realizadora indígena, optou-se propositalmente em ouvir apenas os relatos de índios que sentiram na pele o sofrimento causado pelo infanticídio.




Fonte: Deficiente Ciente

O Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul não tem meios para manter-se a funcionar com qualidade

A única unidade pública de fisioterapia no sul do país pode fechar as portas a qualquer momento. Responsáveis da Ordem dos Médicos, do Conselho Distrital do Algarve, alertam que o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul "vive sob ameaça de encerramento, com o depauperamento dos recursos humanos e técnicos".

A denúncia, feita esta quarta-feira, pretende revelar "publicamente a situação" para, assim, "sensibilizar o poder político para o desastre que será para o Algarve e outras regiões do Sul do país perderem o centro", lê-se numa missiva enviada às redações. O Expresso contactou os responsáveis pela Administração Regional de Saúde do Algarve e aguarda uma resposta.

Localizado em São Brás Alportel, o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul está vocacionado para tratar doentes com lesões medulares, traumatismos crâneo-encefálicos, acidentes vasculares cerebrais e outras patologias do foro neurológico, reumatológico, ortopédico, cardiovascular e pneumológico. Abrange, sobretudo, os utentes de reabilitação prolongada dos distritos de Faro e de Beja.

O centro "tem capacidade para 54 camas de internamento e prevista uma média anual de 3200 consultas externas e 44 mil sessões de hospital de dia", consta na informação institucional divulgada na página da unidade na internet. Custou 3,5 milhões de euros e tem sido gerido em modelo de parceria público-privada. Fonte: Expresso

Conselho Diretivo da ARS Algarve garante contratação de mais profissionais para o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul

Em resposta à preocupação da Ordem dos Médicos relativamente, ao estado do Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul, onde foi convocada esta quarta-feira, uma conferência de imprensa, denunciando a falta de pessoal e até de medicamentos, Arminda Lopes, diretora do CMFR, referiu que aquela unidade já perdeu duas certificações, desde que o CMFR, passou para a gestão da ARS-Algarve em Novembro de 2013.

O Conselho Diretivo da ARS Algarve IP, confirmou em comunicado "que não existe qualquer risco de encerramento, nem se verifica a diminuição da qualidade de serviços prestados no Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul" em São Brás de Alportel.

Este organismo público adianta no mesmo comunicado que a avaliação dos utentes face ao serviço que lhes é prestado no Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul é "muito positiva".

A ARS, exemplifica com o Relatório de Inquérito aos Consumidores uSPEQ, relativo ao terceiro trimestre deste ano, no que diz respeito à capacidade de resposta do serviço do Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul, com 100% dos inquiridos a responderam positivamente com «concordo» e «concordo completamente».

Mais é acrescentado, que os 100% de respostas positivas estavam ligadas a questões importantes como: «No CMRSul obtive de que necessitava, quando necessitava» ou «Existe pessoal suficiente e disponível para responder às minhas necessidades».

O Conselho Diretivo da ARS Algarve IP diz aguardar, a todo o momento, a autorização "excecional" da tutela para proceder a contratações urgentes de profissionais de Saúde para reforçar a equipa já existente no Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul, nomeadamente 3 médicos fisiatras, 18 enfermeiros e técnicos de diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais, assistentes técnicos, psicólogos e técnicos de Farmácia.

A ARS informa ainda que o facto de, neste momento, o Centro de Medicina Física e Reabilitação do Sul, se deparar com a redução de profissionais em determinadas áreas de atuação, "deve-se aos mecanismos burocráticos que, se por um lado existem para que a transparência e a igualdade de oportunidades se afirmem na Administração Pública Portuguesa, por outro podem dificultar a contratação urgente que muitas vezes é necessária para a resolução de problemas surgidos repentinamente, sobretudo num setor específico e sensível como é o da Saúde", situação que sendo temporária, não põe em causa a qualidade dos serviços prestados. Fonte: Algarve Primeiro



segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Minha licenciatura. O sonho virou realidade.

Com a chegada da minha deficiência, houve sonhos que ficaram adiados, a continuação dos estudos foi um deles, mas felizmente não perdi a capacidade de continuar a achar que era possível, e a prova disso foi ter acabado de realizar a minha licenciatura em Ciências Sociais/Serviço Social. Só aguardava a saída da nota de estágio, o que aconteceu semana passada.

Sabia que só precisava de uma oportunidade, essa oportunidade surgiu em 2011 quando pude trabalhar e com isso ganhar dinheiro para fazer face ás despesas escolares. 3 anos depois o sonho tornou-se realidade. Infelizmente só foi possível alcançá-lo aos 52 anos, mas isso é só um pormenor. Após terminar o curso não lhe dei muita importância, a não ser um grande alívio e a sensação de dever cumprido, achei que não tinha realizado nada de especial, que era minha obrigação, mas ao pegar e ler o certificado de licenciatura, senti que é algo mais que isso, é o culminar de muito trabalho e um sonho realizado.


Terminei com a média final de 13 porque o valor das notas nunca foi a minha prioridade, minha preocupação maior foi conseguir ultrapassar os meus limites e dar sempre o máximo. Estudar, trabalhar de 2ª a sábado e ser tetraplégico dá mesmo muito trabalho. O mais difícil foi conseguir entregar os trabalhos a tempo (não falhei um), pois ficar a estudar até ás tantas da manhã para mim estava fora de questão, a cama limitava-me muito, só conseguia estudar em decúbito lateral esquerdo e só podia ficar nessa posição máximo de 4 horas. Época de exames também era muito complicado, tinha de aproveitar todos os minutos.


Lembro-me de alguns episódios demonstrativos das dificuldades que refiro. Não foram poucas as vezes que debilitado e só após tratamento médico consegui ir aos exames, profissional de saúde a sair de casa e taxi á minha espera para partir...o último episódio foi chegar à porta do edifício a faltarem 10 minutos para iniciar um exame e depois de sentado na cadeira de rodas verificamos que faltava o encosto, ali fico eu à chuva a aguardar que me trouxessem o encosto (20 km de casa). Resultado foi uma molha e impedido de entrar na sala de aulas, lá argumentei que problema foi da cadeira, professora deixou-me entrar mas com o aviso de que me descontaria os 25 minutos. Entrei, frio quase me paralisava, mas concentrei-me e o resultado do exame foi positivo.


Como estava sempre a acontecer-me problemas inerentes à minha tetraplegia, e nunca sabia quando surgiam e se esses problemas eram impeditivos de estudar, geralmente tentava ter tudo em dia, pois não eram poucas as vezes que algo me acontecia e ficava impedido de estudar na véspera ou dia dos exames e entrega dos trabalhos. Minha estratégia era nunca deixar nada para trás e tentar adiantar serviço. Folgas nem pensar.


Num outro dia de calor insuportável, num trajecto de uns 2 Kms já em Abrantes, que nalguns casos percorria sozinho, o calor era tanto que os sentidos começaram a faltar-me, a minha sorte foi conseguir pedir ajuda a tempo e uma garrafa de água gelada despejada no pescoço e cabeça fez milagres. A falta de material adaptado (e-books) também foi difícil de ultrapassar, mas com ou mais dificuldade tudo se foi ultrapassando.


Sem dúvida que o meu sucesso deveu-se em grande parte devido à ajuda de colegas maravilhosos como a Sandra Freitas, Michele Rodrigues Coelho, Sara Lopes, Sara Dias, Célia Silva, Ana Paula Cruz, Cláudia Figueiredo e tantos outros, assim como professores que jamais esquecerei como é o caso de Lúcio Sousa, Fátima Sousa, José Fontes, Rosana Albuquerque, Maria do Céu Brandão...


Inscrevi-me sempre em 5 cadeiras por semestre. Das 30 cadeiras só uma não consegui ultrapassar e tive de a deixar para o ano seguinte, foi Introdução ao Direito, maioria deixa-a para o último ano, mas á 2ª tentativa resolvi-a, alcancei um 10 que me soube a 20. Nota que voltei a repetir numa outra UC. A minha nota máxima foi alguns 17.
Há muitos colegas que já estão a realizar mestrados e pós-graduações, eu neste momento sinto-me incapaz de tal, foi muito desgastante, mas futuramente se houver dinheiro e sanidade mental...agora a prioridade é realizar o estágio profissional, o que está prestes a acontecer. Enquanto isso vou matando saudades de algumas coisas, como é caso de ver 'porcarias" na TV, até disso já tinha saudades e de um domingo sem fazer nada.


Valeu a pena tantos sacrifícios. Este curso abriu-me novos horizontes e vivi experiências maravilhosas, algo que não pude fazer na juventude. Serviço Social foi algo que sempre almejei, sinceramente já me sentia trabalhador social de coração, só precisava da teoria e isso aconteceu. Ou seja, mais um objetivo cumprido.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Livro "Unidos no Amor Contra a Indiferença" para venda

A nossa amiga Isa Barata mostra mais uma vez o seu lado solidário, desta vez presenteou-me com metade das receitas da apresentação do seu livro, Unidos no Amor Contra a Indiferença, em Abrantes, e mais 17 exemplares do livro autografados para venda, e receitas a reverterem para mim. Segundo ela, é uma maneira de colaborar nas despesas que tenho tido nessas minhas andanças do ativismo pelos nossos direitos.

E como com ela não há mas, ou nãos. Dá e toca a aceitar. Foi o que fiz e mentiria se não dissesse que veio mesmo a calhar. Já vendi 3 livros e tenho mais 14 disponíveis para vender a 10€ cada. 

Tudo sobre o livro AQUI

Caso queiram adquiri-lo contactem-me através de msg ou e-mail tetraplegico@gmail.com 

Obrigado Isa Barata

Cinema com entrada livre para pessoas com mobilidade reduzida em Abrantes

Se tem mobilidade reduzida e vive no concelho de Abrantes, a Associação Palha de Abrantes convida-o a assistir gratuitamente e com direito a transporte, no dia 20 de dezembro, às 21h, ao filme:
"A Terra dos Carecas", um misto de comédia negra, sátira social e drama distópico. 

A história passa-se na Nova Zelândia, num futuro próximo, e a narrativa gira à volta de uma lei polémica que o primeiro ministro neozelandês faz passar sem explicação, tornando a calvície num crime punido por lei..

Informação completa em: www.palhadeabrantes.org
Edifício Carneiro
Rua de S. Pedro
2200-398 Abrantes
241 372 515

À da Cristina "dama de companhia"

- Precisa ausentar-se mas tem pessoas ou animais a cargo?
À da Cristina cuida-os

- Precisa de resolver algumas questões burocráticas?
Finanças
Segurança social
Câmara
Junta de Freguesia
Smas
Edp
outros
À da Cristina irá por si

-Tem um compromisso marcado e gostava de ter companhia
À da Cristina irá consigo

-Conversar fazia-nos bem
À da Cristina fá-lo-à consigo

À da Cristina tem veículo próprio e levá-lo-à onde desejar

- Tem fios por trabalhar?
À da Cristina tricota e crocheta
https://www.facebook.com/artesanatoadacristina

Gosta de fotografar mas tem algumas dúvidas?
À da Cristina partilhará o que sabe

Mas afinal Quem é À da Cristina?
.Um ser que ama dar e receber
.De sorriso constante
.Filha, mãe e avó
.Vibra na partilha do conhecimento
.Gosta de ouvir histórias e conta-as através da sua paixão, a fotografia
.Dizem-na, solidária, generosa, amiga do seu amigo, bem humorada

E porque, fundamentalmente, acredita que o hoje pode vir a ser melhor

É assim o sentido de À da Cristina, dama de companhia
Um conceito com que espero fazer frente à vida por viver nos meus 56 anos de idade

1º p.s. - as coisitas menos boas ficam por confessar
2º p.s. - vivo perto de Almada mas vou até ao fim do mundo.

Ajude o Nelson a adquirir uma carrinha adaptada

Apoie na angariação de fundos para a aquisição de uma carrinha adaptada, para dar mobilidade ao Nelson Fernandes.
De 1 de Dezembro de 2014 a 1 de Fevereiro de 2015.

NIB: 003507020002900180083 da Caixa Geral de Depósitos.

Percursos Optimizados para Pessoas com Mobilidade Reduzida

Somos um grupo de alunos do Instituto Superior Técnico que no âmbito da cadeira de Empreendedorismo pretendemos desenvolver software com base em rotas GPS que auxilie pessoas com mobilidade reduzida a planear e identificar os seus percursos.

Por este motivo gostariamos que realizar um questionário aos desportistas que pratica os vários desportos integrados na vossa associação.

Neste link: http://goo.gl/forms/WuqRfhkGu9 encontra-se o questionário em formato digital que gostaríamos de aplicar, se possível pessoalmente, aos vossos associados.

Com os melhores cumprimentos,
Luís Rodrigues

Enviado por Mithós

Cadeira de rodas para mundo subdesenvolvido

Feita com materiais de bicicleta, cadeira tem alavancas para terrenos irregulares.
A acessibilidade é uma das maiores críticas ao espaço urbano das grandes cidades do mundo subdesenvolvido. A falta de rampas de acesso, as calçadas esburacadas e o transporte público precário dificultam a vida de quem precisa da cadeira de rodas para se locomover. Foi pensando nas necessidades e dificuldades de cadeirantes do mundo subdesenvolvido que Amos Winter, do Laboratório de Mobilidade do MIT, criou a Leveraged Freedom Chair (algo como cadeira de liberdade alavancada).

A cadeira de rodas projetada para terrenos esburacados foi construída com materiais leves e aproveitados da estrutura de bicicletas. A ideia dos criadores é que ela possa ser reparada em qualquer lugar que arrume bicicletas. O design simples também possibilita que o equipamento seja construído por qualquer um que tenha acesso ao projeto.

As alavancas acima das rodas servem para dar impulso extra na hora de subir ladeiras e aumentar a velocidade quando em lugares planos. A cadeira é testada por usuários em países do terceiro mundo e está um pequeno lote deve ser fabricado na Índia em breve.

Fonte: Turismo Adaptado

Dificuldades em adquirir Produtos de Apoio 1ª parte

Minha última crónica no Jornal Abarca...

Acabou de sair a lista homologada dos produtos de apoio a serem atribuídos em 2015 (despacho 14278/2014 de 26 de Novembro de 2014). Produtos de Apoio são por exemplo: cadeiras de rodas, fraldas, próteses, material em braille, etc., produtos esses atribuídos através do Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio, denominado SAPA, criado pelo Decreto-Lei n.º 93/2009, de 16 de abril, que deveria contribuir para a realização de uma política global, integrada e transversal de resposta às pessoas com deficiência ou com incapacidade temporária, de forma a compensar e atenuar as limitações de atividade e restrições de participação decorrentes da deficiência ou incapacidade temporária através, designadamente da atribuição de forma gratuita e universal de produtos de apoio de uma forma simplificada.

Mas isso continua a não acontecer, não posso esconder que após a realização da vigília em frente á Assembleia da República, onde chamamos a atenção para as inúmeras falhas existentes no SAPA, existiram melhoras, mas não suficientes. Os Produtos de Apoio são atribuídos através dos Centros de Emprego, Centros Distritais da Segurança Social, Ministério da Educação e Hospitais, em todos os casos o processo para os adquirir consiste em conseguir uma prescrição médica do produto a adquirir, 3 orçamentos, declarações de não divida às finanças e Segurança Social e atestado de incapacidade multiuso.

Os problemas…

- Para adquirir o atestado multiuso temos de conseguir relatórios clínicos referentes aos últimos 6 meses e uma consulta no médico de família, que por sua vez nos encaminha para uma junta médica a quilómetros de distância, com a agravante do atestado custar €50, e os serviços dificilmente cumprirem os 60 dias impostos por lei para a sua emissão;

- Conseguir uma consulta gratuita num prescritor autorizado, que na sua maioria significa fisiatra, temos primeiro de conseguir uma consulta na nossa médica de família e verificar se a mesma concorda em nos encaminhar para o especialista autorizado a prescrever o produto;

- A atribuição dos produtos de apoio no concelho de Lisboa, é diferente. Rege-se pela Lei da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. O SAPA passou a ser SGPA-Serviço de Gestão de Produtos de Apoio e está a cargo da SCML que exige comprovativo de rendimentos para aceitar o processo. Vá-se lá entender… Governo informa que é gratuito e universal, mas a SCML não concorda, já nas ilhas também existem procedimentos diferentes no que toca á atribuição de produtos de apoio. Um só país, leis diferentes;

- As pessoa com incapacidade temporária têm também direito aos Produtos de Apoio, mas para adquirir o Atestado de Incapacidade Multiuso, têm que desembolsar os €50 já mencionados acima e aguardar no mínimo 2 meses para a sua emissão, para já não mencionar que certos processos chegam a demorar 2 ou mais anos a serem analisados, ou seja, recuperam e o produto de apoio virá depois.

São só alguns exemplos do mau funcionamento do SAPA. Muitos mais problemas há a assinalar. Irei dá-los a conhecer nas próximas colunas.

Sobre este assunto foi publicada recentemente a Portaria nº 192/2014 de 26 de Setembro, que veio criar uma base de dados, que segundo o Governo, permitirá a desburocratização, a desmaterialização e a simplificação do SAPA, assim como o controlo da possível duplicação de atribuição de produtos de apoio, garantindo uma melhor gestão de pagamentos de prescrições a serem financiadas, tal como permitir a troca eletrónica de informação entre as entidades integrantes do SAPA, mas muito mais há a fazer, todos sabemos disso.

Fonte: INR

CM de Lisboa lança projeto de vida independente



No dia em que se assinala o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 3 de dezembro, o vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, João Carlos Afonso, apresentou nos Paços do Concelho um projeto-piloto para a vida independente das pessoas com deficiência.

A debater este projeto, que pretende abrir à Comunidade um período de consulta e reflexão sobre a vida independente no que diz respeito à criação de melhores condições de vida para as pessoas com deficiência, estiveram presentes associações/organizações ligadas à temática e membros do CMIPD- Conselho Municipal para Pessoas Com Deficiência.

Vida Independente é uma abordagem consagrada na Convenção Internacional para os Direitos das Pessoas Com Deficiência, defendida pela União Europeia e prevista na Estratégia Nacional para a Deficiência.

O Movimento Vida Independente (designação do movimento internacional de direitos civis de pessoas com deficiência), exige o mesmo grau de autodeterminação, de liberdade de escolha e de controlo sobre a vida quotidiana de todos. Isto inclui a oportunidade de fazer escolhas sobre onde morar, com quem viver e como viver e permite a contratação de um assistente pessoal em detrimento de uma institucionalização.

Sendo um dos pressupostos do projeto a autonomização de pessoas com deficiência, para a sua viabilização e implementação, o pelouro da Habitação e Desenvolvimento Local da autarquia irá constituir uma bolsa de fogos municipais, para utilização transitória, a vigorar durante o prazo de execução do projeto-piloto.

O vereador, João Afonso, salientou a importância desta iniciativa referindo “ que a Câmara Municipal de Lisboa pode e deve dar um importante contributo, dinamizando este projeto para que possa permitir, conceber, testar e afinar um sistema de apoio à Vida Independente dos cidadão portadores de deficiência, na cidade de Lisboa”.

Conheça AQUI o projecto e dê a sua colaboração

Fonte: CM Lisboa

Mota Soares anuncia investimento de 450 milhões no apoio à deficiência

O ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social anunciou que cerca de 450 milhões de euros dos fundos comunitários ‘Portugal 2020’ serão aplicados na criação de novas respostas na área da deficiência.

Estas respostas visam privilegiar a autonomia das pessoas com deficiência e evitar a sua institucionalização, através da prestação de cuidados e serviços nas suas próprias casas, explicou Luís Pedro Mota Soares, nas comemorações do Dia das Pessoas com Deficiência, organizadas pelo Instituto Nacional de Reabilitação.

Segundo o ministro, que considerou “prioritário o reforço das respostas sociais” nesta área, está prevista a criação de uma rede de cuidados para cuidadores, a criação de uma rede de reabilitação de proximidade para crianças e jovens com deficiência e a criação de um modelo de intervenção integrada para as situações de diagnóstico duplo.

“Queremos um aumento do número de respostas das instituições cuidadoras e da sua qualificação” e “medidas de qualificação e apoio ao emprego, formação e capacitação”, explicou Mota Soares acrescentando que se pretendem “mais vagas em centros de atividades ocupacionais, em lares residenciais e um serviço de apoio domiciliário mais abrangente, para que se possa dar um apoio maior a estas famílias”.

À margem das comemorações, o ministro afirmou que, ao longo deste ano, foram celebrados 81 novos acordos de cooperação com este objectivo e actualmente existem “cerca de 12.000 vagas com um número recorde de comparticipação”, num total de 65 milhões de euros anuais.

Fonte: SOL - Enviado por Cristina Fernandes