segunda-feira, 29 de junho de 2015

Não sou doente para ser obrigado a viajar de ambulãncia

Minha nova crónica no Jornal Abarca.
É isso mesmo, porque razão me obrigam a usar a ambulância como único meio de transporte se não sou doente? Resposta é óbvia. Sou obrigado a fazê-lo porque não existem outras alternativas. Moro numa aldeia (Concavada) a aproximadamente 20 km de Abrantes, nosso Concelho e cidade mais próxima. Escusado será dizer que assim como os demais, também tenho necessidade de me deslocar até lá, visto a maioria dos serviços de saúde, educação, lazer, institucionais e comércio se encontrar por lá.

Mas como viajar sem ser de ambulância, se não existem transportes públicos ou táxis adaptados? Adquirir um veículo adaptado às minhas necessidades está fora de questão por questões financeiras, pois não fica por menos de €65.000 Já se imaginaram nos tempos de hoje sem um transporte próprio? É difícil só de imaginar, mas com a maioria dos tetraplégicos isso ainda acontece. Connosco acontece isso e muito mais. A sociedade está repleta de barreiras para as pessoas com deficiência, a falta de transportes adaptados é mais uma delas, para nós, o simples sair de casa torna-se um desafio

Mas por aqui até as ambulâncias adaptadas são escassas. Só existe um veículo adaptado na delegação da Cruz Vermelha de Abrantes (20 km minha residência) e mais algumas ambulâncias pertencentes aos Bombeiros Voluntários de Constância (a 30 km de onde vivo). Táxi adaptado mais próximo, fica em Torres Novas, a aproximadamente 60 km da minha residência.

É caso para dizer que são poucos e caros os veículos adaptados. Os preços nas ambulâncias rondam os 0,75 cêntimos por quilómetro e €20 por cada hora de espera, o que faz com que uma simples viagem a Abrantes, cidade mais próxima, custe no mínimo €95, isto sem incluir valor da(s) hora(s) de espera, e preço para não sócios, pois os sócios beneficiam de um desconto de 20%. Já a viagem em táxi adaptado sem incluir valor horas de espera, ronda os €80.

Á dificuldade do preço, junta-se a proibição de viajarmos mais de duas pessoas em simultâneo nas ambulâncias, só permitem que viaje com um acompanhante, e tenho essa “regalia” porque sou dependente. Dividir as despesas por vários ocupantes seria uma maneira de tornar as viagens mais acessíveis financeiramente, mas está fora de questão, não é permitido nas ambulâncias, já o taxista permite-o. Nas ambulâncias, para além do motorista também sou obrigado a ser acompanhado por um socorrista, assim impõe a lei, isto porque supostamente este tipo de veículos só tem como funções o transporte de doentes. Aí, está, utilizo o transporte, sou um doente susceptível de necessitar de cuidados médicos e ponto final.

Mas não posso viajar sem ser num veículo adaptado? Sim, mas é muito mais complicado. Implica ter apoio de alguém que me consiga transferir para um veículo normal, geralmente é necessário mais do que uma pessoa, assim como possuir uma cadeira de rodas elétrica desmontável e de fácil manuseamento, e o veículo possuir um porta bagagens amplo que permita transporte da cadeira. Em cadeira de rodas manual simples, que seria mais fácil manusear e transportar, não consigo sentar-me e conduzi-la.

A juntar a tantos outros, a falta de transporte é mais um dos inúmeros fatores de exclusão das pessoas com deficiência no nosso país, e não se pense que esse fator só existe no interior do país, acontece também na maioria das nossas cidades. Como ter acesso ao emprego, educação etc, se nem de casa podemos sair?

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Parlamento debateu a petição sobre residências e melhoria dos cuidados prestados a pessoas com deficiência motora grave

Intervenções no Parlamento, dos deputados do Partido Comunista Português e Partido Socialista,  no âmbito da petição sobre residências e melhoria dos cuidados prestados a pessoas com deficiência motora grave apresentada pela SUPERA - Sociedade Portuguesa de Engenharia de Reabilitação e Acessibilidade.

Deputado David Costa do PCP


Deputada Idália Serrão do PS

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Últimas noticias sobre o Centro de Vida Independente de Lisboa


Adolf Ratzka – Sócio Honorário do CVI


Aproveitando a sua estadia em Portugal, para participar numa conferência promovida pelas Eurocidades, o Centro de Vida Independente (CVI) reuniu com Adolf Ratzka. Uma oportunidade para esclarecer muitas dúvidas e aprender com a longa experiência de alguém que é uma referência no Movimento Internacional de Vida Independente. Pelo contributo de uma vida na emancipação das pessoas com deficiência, decidiu o CVI que Adolf Ratzka fosse o seu primeiro sócio honorário. Dada a estima e consideração que todos temos por este exemplo de vida e pela pessoa, ficámos muito satisfeitos e honrados com a aceitação da distinção que propusemos. Para quem não está a par da actividade de Adolf Ratzka, aqui deixamos uma breve nota curricular:
Economista na área de Investigação no Royal Institute of Techonology, em Estocolmo, entre 1978 e 1994, foi também Coordenador do CIB (International Building Research and Documentation Council) – Building Non–Handicapping Environments, durante doze anos, tendo neste âmbito organizado conferências internacionais em Praga (1987), Tóquio (1988), Budapeste (1991), Harare (1992) e Montevideo (1992).

Até 1982 fez investigação nas áreas da desinstitucionalização de idosos e pessoas com deficiência, sistemas de assistência pessoal e apoio domiciliário e acessibilidade na habitação e nos edifícios públicos.

Como consultor da SHIA – Swedish Handicapped International Aid Founation, promoveu e concebeu um projecto para a produção de cadeiras de rodas em Manágua, Nicarágua, sendo a maior na América Central e ainda em laboração, desde 1984.

Director e fundador do Instituto de Vida Independente, na Suécia, é ainda Membro do Conselho do Swedish Ombudsman on Disability Issues, desde 1994.

Fundador e membro da Direcção da STIL, Stockolm Cooperative for Independent Living, entre 1984 e 1995, membro do World Institute on Disability, em Oakland, Califórnia, desde 1985. Fundador da ENIL, European Network on Independent Living, é ainda Secretário do Comité para a Vida Independente da Disabled People’s International.


Eleição dos corpos sociais do CVI

Depois de intenso trabalho na definição da futura actividade do Centro de Vida Independente (CVI) tendo-se legalizado a Associação e elaborado o regulamento interno e o manual de procedimentos do serviço de assistência pessoal, chegou a altura de eleger os corpos sociais do CVI. Vamos eleger a Mesa da Assembleia Geral, a Direcção e o Concelho Fiscal. É já na próxima 3ª Feira, dia 30 de Junho às 18h no Edifício Central da CML no Campo Grande nº 25. 

Se tem uma deficiência e quer associar-se ao CVI, é uma boa altura para aparecer. Recordamos que será o CVI que irá gerir o projecto-piloto de Vida Independente promovido pela Câmara Municipal de Lisboa

Junte-se a nós. Quantos mais formos a querer uma mudança na vida das pessoas com deficiência, mais cedo ela terá lugar.


CVI Procura Técnico Oficial de Contas

 
Procuramos Técnico Oficial de Contas (TOC) para ficar responsável pela contabilidade do Centro de Vida Independente. Dada a discriminação que existe no acesso ao emprego, nós fazemos discriminação positiva. Queremos alguém com deficiência.

Caso tenha uma deficiência, esteja inscrito na Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e queira trabalhar connosco, envie email com o seu currículo para vidaindependente.lx@gmail.com.

Fonte e mais informações: Vida Independente LX

domingo, 7 de junho de 2015

Eu e a SUPERA juntos

Foi com muito prazer que recebi em minha casa o David Fonseca, presidente da SUPERA - Sociedade Portuguesa de Engenharia deReabilitação e Acessibilidade.

Veio dar-me a conhecer um projeto impressionante e convidar-me para fazer parte do mesmo. Convite que muito me honrou e aceitei de imediato.


Existirão mais detalhes em breve.