domingo, 4 de maio de 2025

Biblioteca pública de leitura e empréstimo gratuito de livros digitais e audiolivros

Para muitas pessoas com deficiência o simples ato de abrir um livro é um grande desafio. Alguns nem o conseguem fazer, e nesse caso desfrutar da leitura de um livro deixa de ser possível. Mas essa realidade começa a mudar com iniciativas como a BiblioLED - uma biblioteca pública para leitura e o empréstimo digital, que presta um serviço de empréstimo gratuito de livros digitais e audiolivros disponibilizado através das bibliotecas municipais aderentes que integram a Rede Nacional de Bibliotecas Públicas (RNBP).
O catálogo de títulos da BiblioLED é constituído por uma coleção nacional disponibilizada a todas as bibliotecas aderentes da RNBP, e por 25 coleções regionais apenas acessíveis em cada Rede Intermunicipal e Rede Metropolitana. Pode aceder aos livros digitais e a audiolivros basta estar inscrito numa das bibliotecas municipais que fazem parte da RNBP. Depois de criar o seu registo na BiblioLED, pode aceder aos conteúdos com o seu identificador e palavra-passe, através do Cartão de Cidadão ou com a Chave Móvel Digital. O download da app BiblioLED, está disponível na AppStore para iOS e no Google Play para Android. Adicione a sua Rede de Bibliotecas na secção “Catálogos” e aceda com as suas credenciais de acesso. Ambas as modalidades são compatíveis e sincronizam os empréstimos, devoluções e reservas de uma mesma conta entre diferentes dispositivos e browsers.

Se tiver dúvidas, ou quiser saber mais, sobre a BiblioLED contacte a biblioteca municipal da sua localidade ou o site https://www.biblioled.gov.pt/about. Também é necessário ter acesso a um endereço de email ativo, ter um equipamento de leitura compatível: computador, tablet, telemóvel e/ou leitor de livros digitais (e-reader) e acesso à Internet para aceder aos conteúdos digitais. O empréstimo (depois de realizado, é possível ler ou ouvir sem ligação à Internet). Sem ligação à Internet, pode ler e ouvir, em computadores ou em equipamentos móveis. No computador, deve instalar o programa Thorium Reader (software livre de download gratuito). O equipamento Kindle não é compatível com a BiblioLED devido às restrições impostas pela Amazon. Em equipamentos móveis deverá ter já instalada a App móvel. Na maioria dos livros digitais, é possível ajustar a leitura para um maior conforto, modificando o tipo e o tamanho da letra, o espaçamento entre linhas e a cor do fundo. Também é possível sublinhar texto, criar notas e exportá-las para uso posterior.

A BiblioLED disponibiliza uma seleção de títulos de livros digitais e audiolivros sobre diversos temas, autores e géneros literários, maioritariamente em língua portuguesa. Pode ter emprestado, em simultâneo, 2 livros digitais e 1 audiolivro durante 21 dias, e as devoluções são automáticas no fim do período estipulado. Se terminar a leitura, pode devolver o livro antecipadamente a qualquer momento.

E, graças à BiblioLED, cada vez mais gente pode finalmente dizer: “Este livro também é meu”.

Minha crónica no jornal Abarca

O episódio do podcast "Dedo na Ferida" onde participo

Catarina Oliveira, de duas em duas semanas, apresentamos um novo convidado e convidamo-lo a "pôr o dedo na ferida". Um testemunho na primeira pessoa, sem tabus, que pretende desconstruir mitos e preconceitos. “Dedo na Ferida“, um podcast da Associação Salvador, onde se fala abertamente sobre temas que muitas vezes ficam à margem, mas que são fundamentais para construir uma sociedade mais justa e inclusiva.



Clique AQUI para assistir ao episódio onde participo. 

AQUI pode assistir as restantes episódios.

Nos meus sonhos a cadeira de rodas não entra

Desde 1991, que a cadeira de rodas faz parte de mim e da minha vida. É o único meio que me permite deslocar, e viver com certa autonomia. Nunca a vi como uma prisão, mas sim como uma solução. E, no entanto, há um detalhe curioso: ela nunca aparece nos meus sonhos. Nunca fez parte deles, até ao mais recente, nele, finalmente ela aparece por alguns segundos. Estou junto a um rio, saio da cadeira a andar, e mergulho na água. Só me recordo dessa parte.
Porque será que os meus sonhos não seguem a lógica da minha vida real? Neles percorro ruas, subo escadas, nado, conduzo, corro, jogo futebol, mas a minha companheira do dia a dia desaparece. Isso já me fez refletir bastante. Será uma negação da minha condição? Um desejo secreto de voltar a andar? Não. Isso penso que não será. Sempre fui muito objetivo, realista e prático. Eu nunca a rejeitei, nunca a olhei como um problema, e o meu inconsciente sabe disso. Respeito-a demais. Pelo contrário, ela ajuda-me a resolver muitos problemas. Ficar sem ela é sinónimo de cama, parar, exclusão. Nestas circunstâncias não me vejo a viver sem ela.

Fez em fevereiro último, 34 anos que me desloco em cadeira de rodas, e não vejo nisso nenhuma tragédia, e nem é, e nunca foi razão para lamentação. Provavelmente os sonhos têm regras próprias. E os meus também. Para mim, talvez sejam apenas ecos das minhas memórias antigas, registos guardados de quando andava. Uma imagem corporal que foi construída pelo meu inconsciente ao longo da minha vida. Ou talvez seja o meu cérebro a recordar uma possibilidade entre tantas, ou quem sabe, ainda não se tenha dado conta que me desloco em cadeira de rodas. Além disso, nos sonhos, já me aconteceu experimentar uma sensação de liberdade sem limitações físicas, voar livre. Quem sabe não ser essa a ideia, manter a liberdade plena. Pois, e assim as minhas questões continuam sem resposta.

O que interessa é que a minha cadeira não é um símbolo de limitação para mim, mas de liberdade. Leva-me aonde consigo ir, faz parte de quem sou. E tenho a certeza de que uma noite, o meu cérebro a aceitará, e também a incluirá nos meus sonhos. Nessa noite, ela será bem-vinda. Até lá, continuarei livre como se a cadeira de rodas nunca tenha existido. Que assim seja.

Minha crónica no jornal Abarca

“Queremos igualdade, não caridade”: pessoas com deficiência marcham por uma vida independente

Para assinalar o Dia Europeu da Vida Independente, foram agendadas concentrações em oito cidades (eu estive em Lisboa): pedem transportes e habitação acessível, numa lista de problemas ainda por resolver, noticia o Público.

“Queremos igualdade, não caridade”: pessoas com deficiência marcham por uma vida independente

Dezenas de pessoas marcharam este sábado em Lisboa para reivindicar direitos para as pessoas com deficiência, que saíram à rua para lutar por uma vida independente com acessibilidade nos transportes públicos e habitação adaptada, exigindo "igualdade e não caridade".

Continue a ler a noticia no jornal Público.

Imagens retiradas da Lusa onde pode visualizar as restantes: