quinta-feira, 30 de maio de 2019

Ficou tetraplégico com um tiro mas hoje é campeão de surf adaptado

Nuno Vitorino passa grande parte do tempo na praia de Carcavelos. Não passa despercebido entre o pessoal do surf, seja pela simpatia e boa disposição, seja por ser o primeiro atleta de surf adaptado a aparecer por aquelas bandas.


Tem 42 anos mas ninguém diz. "É a água que conserva", atira. Passou os últimos 20 anos numa cadeira de rodas devido a um acidente com uma arma. "Eu disse para o meu amigo: «queres dar um tiro, já que nunca deste um tiro, só para ouvires o barulho?». Ele não sabia que a arma estava carregada e disparou e acertou-me no pescoço", recorda.

A bala acertou-lhe na cervical e, aos 18 anos, ficou tetraplégico. "Quando sofri o acidente, disse ao meu amigo que o acidente não ia ser um casamento para o resto da vida. Obviamente os traumas psicológicos estão cá." Nuno Vitorino teve dois anos difíceis de reabilitação. Foi também um tempo de luto que se transformou em esperança, já que a lesão - uma tetraplegia incompleta - permitiu-lhe recuperar algum movimento de braços no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.

"Eu tive uma médica muito importante no meu percurso. Foi a doutora Maria da Paz que me disse: «Nuno, esquece. Nunca mais vais voltar a andar na vida, mas otimiza o bom que tens que são os teus braços. A partir daquele momento, em 1995, por muito que me custasse ouvir isto - e custou-me - eu percebi que ela tinha razão e comecei a trabalhar os meus braços».

Da natação ao surf
Antes de se dedicar ao surf, Nuno foi atleta paralímpico de natação, uma modalidade que sempre fez parte do seu dia-a-dia. "De facto, ser um atleta não é fácil."

Nuno queixa-se da falta de apoios, mas admite que o mais importante é a paixão pelo desporto. "A paixão está cá. Um atleta não pode ser atleta pela questão financeira. Um atleta tem que ser atleta pela paixão. Por isso é que Portugal é tão vencedor nos paralímpicos e no desporto adaptado. Todos nós temos muita paixão pelo que fazemos. E isso leva-nos a ganhar medalhas. A diferença não está no treino, nunca esteve no treino. A diferença está em querer mais e eu sou um atleta que tem sempre fome, tenho sempre fome de ganhar".

Ganhou muitas medalhas durante oito anos até perder o entusiasmo pela natação de competição. "Isto custa muito. Dói. Levantar às cinco da manhã para ir treinar, voltar à noite para o treino. Eu treinava quatro quilómetros por dia. Tenho nos meus ombros mais de 30 mil quilómetros. É muito." Com o fim da carreira nas piscinas, sentiu o chamamento do mar. "Um dia que estava nesta praia de Carcavelos e comecei a sentir um grande incómodo na minha barriga ao ver os outros a surfar."

Nuno Vitorino queria competir mas, desta vez, encontrou uma modalidade que ainda não estava preparada para receber atletas tetraplégicos. "Não havia nada disto no mundo. A partir daí e até hoje, nós nunca mais paramos. Eu fui sempre surfar. Fundei uma associação que é Associação Portuguesa de Surf Adaptado, em que colocamos, de Norte a Sul do país, outras pessoas com patologias dentro de água. O desporto agora é democrático. O surf é democrático. Dá para todos."

Em Viana do Castelo para ser o melhor
A Federação Portuguesa de Surf abriu as portas para os atletas com deficiência há quase cinco anos. O presidente, João Jardim Aranha, explica que a chegada de Nuno marcou o início do surf adaptado na federação. "O Nuno foi alguém que se apresentou desde o início como muito interessado. Já treinava, já mostrava um trabalho físico regular e um trabalho de treino regular. Por outro lado, é um atleta que vem dos paralímpicos de natação. É uma pessoa com uma história no desporto."

A federação tem cerca de 900 atletas, seis deles fazem parte da modalidade de surf adaptado. João Jardim Aranha admite que é pouco. "Não tem havido uma adesão como nós gostaríamos." João Jardim Aranha acredita que o Campeonato Europeu de Surf Adaptado, a decorrer em Viana do Castelo, pode ajudar a divulgar a modalidade, já que Portugal tem quatro atletas em competição.

Um deles é Nuno Vitorino, quarto melhor atleta do mundo na modalidade. O surfista, que foi o primeiro português a participar no Mundial de surf adaptado, não esconde que está na Praia do Cabedelo para se bater pelo primeiro lugar. "Eu tenho obrigação de não sair em quarto lugar, nem em terceiro, nem em segundo".

O EuroSurf Adaptive 2019 é organizado pela Câmara Municipal, pelo Surf Clube de Viana, Federação Europeia de Surf, Federação Portuguesa de Surf, Federação Portuguesa de Desporto para Pessoas com Deficiência, Instituto Português do Desporto e Juventude e pelo Comité Paralímpico de Portugal.

Fonte e reportagem em áudio: TSF

sábado, 11 de maio de 2019

Lista de Centros de Apoio à Vida Independentes Aprovados

O Modelo de Apoio à Vida Independente – MAVI, materializa-se através da criação de de Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI), estruturas responsáveis pela disponibilização de assistência pessoal às pessoas com deficiência (nº 1 do Artigo 20º do Decreto-Lei nº 129/2017, de 9 de outubro).


Os CAVI foram criados enquanto núcleos autónomos de Organizações Não Governamentais para Pessoas com Deficiência (ONGPD) que tenham a natureza jurídica de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) conforme previsto no nº 2 do Artigo 20º e Artigo 23º do citado diploma legal, e têm capacidade para apoiar um mínimo de 10 e um máximo de 50 pessoas.
Cabe a esta estrutura a função de gestão, de coordenação e de apoio dos serviços de assistência pessoal, tendo como competência genérica a conceção, implementação e gestão dos projetos-piloto, no âmbito da vida independente.

De acordo com o nº 2 do artigo 21º do Decreto-Lei nº 129/2017, de 9 de outubro, constituem competências do CAVI, as seguintes:

Elaborar o regulamento interno;
Definir critérios próprios para a disponibilização de assistência pessoal às pessoas destinatárias, de acordo com requisitos estabelecidos no decreto-lei;
Receber os pedidos de assistência pessoal das pessoas destinatárias ou de quem as legalmente represente;
Definir o rácio de pessoas com deficiência a apoiar e de assistentes pessoais;
Proceder ao recrutamento, apoio na seleção e contratação dos ou das assistentes pessoais;
Constituir e manter atualizada a bolsa de assistentes pessoais;
Colaborar na elaboração do plano individualizado de assistência pessoal com a pessoa destinatária da assistência pessoal;
Acompanhar a implementação do plano individualizado de assistência pessoal;
Redefinir o plano individualizado de assistência pessoal sempre que a pessoa destinatária o solicite em função das suas necessidades de cada momento;
Coordenar a gestão das atividades a desenvolver pelos ou pelas assistentes pessoais de acordo com os planos individualizados de assistência pessoal;
Assegurar que o tempo de trabalho contratado com o/a assistente pessoal é efetivamente prestado no apoio à pessoa destinatária;
Promover a formação dos/as assistentes pessoais;
Promover ações de sensibilização, esclarecimentos e debates sobre a vida independente;
Promover reuniões interpares das pessoas destinatárias da assistência pessoal, para troca de experiências, aprendizagem e resolução de problemas na condução da assistência pessoal;
Assegurar o acompanhamento e mediação do serviço prestado e garantir a avaliação da sua qualidade;
Pugnar pela boa gestão do projetos-piloto de assistência pessoal que operacionaliza.

O âmbito territorial de atuação dos CAVI é a área geográfica definida através das NUTS II.

Lista de Projetos dos Centros de Apoio à Vida Independente Aprovados

REGIÃO NORTE















CENTRO










ALENTEJO






ALGARVE



Fonte e mais informações: INR

Dia Paralímpico em Castelo Branco a 17 de maio

A cidade de Castelo Branco vai receber no próximo dia 17 de maio o Dia Paralímpico 2019. O evento de caráter nacional e periodicidade anual vai decorrer na Devesa entre as 10:00 e as 16:00 horas com 12 modalidades disponíveis para experimentação gratuita e foi apresentado esta tarde no salão nobre da Câmara Municipal de Castelo Branco em conferência de imprensa com o Vice-Presidente da autarquia, José Augusto Alves, e o Presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço.


José Augusto Alves referiu que "o emblema de Castelo Branco tem estado presente no desporto paralímpico" e destacou a intenção de que "todos os participantes possam vestir a camisola dos atletas com deficiência neste Dia Paralímpico". Já o Presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço, realçou que o evento insere-se "na estratégia de sensibilização para a importância da prática desportiva em pessoas com deficiência", numa "ação de inclusão pelo desporto em que todos os participantes poderão ver através dos próprios atletas paralímpicos que é possível praticar desporto".

Andebol em Cadeira de Rodas, Atletismo, Badminton, Basquetebol em Cadeira de Rodas, Boccia, Ciclismo, Curling, Judo, Ténis de Mesa, Ténis em Cadeira de Rodas, Tiro e Tiro com Arco são os desportos presentes e abertos à

experimentação de todas as pessoas, com ou sem deficiência, sob a orientação de técnicos especializados e com o envolvimento dos atletas Carla Oliveira do Boccia, Mário Trindade do Atletismo e ainda Pedro Herdeiro do Snowboard.

A sessão de abertura oficial está agendada para as 10 horas do dia 17 de Maio no local das atividades e tem as presenças já confirmadas do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, o Presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco, Luís Correia, e o Presidente do Instituto Nacional de Reabilitação, Humberto Santos, para além da natural presença do Presidente do Comité Paralímpico de Portugal, José Manuel Lourenço.

O Dia Paralímpico Castelo Branco 2019 tem ainda no seu programa três iniciativas complementares agendadas para o dia anterior, 16 de maio. O Colóquio "Movimento Paralímpico" irá decorrer entre as 10:00 e as 13:00 horas no auditório da Biblioteca Municipal e já na parte da tarde, entre as 14:00 e as 17:00 horas, o Pavilhão Municipal recebe uma Ação de Formação destinada a estudantes do município. Também no dia 16 de maio será inaugurada uma exposição fotográfica sobre desporto paralímpico no átrio da Biblioteca Municipal que se manterá ativa até ao final do dia seguinte.

Fonte: Record

Canudo Articulado acessível para beber. Hidratação com independência

Tomar água é uma orientação médica válida para todas as pessoas. A lenda diz que devemos tomar pelo menos dois litros de água por dia, mas isso não é uma verdade absoluta, e isso depende de vários fatores. Para saber a quantidade ideal de água para o seu corpo, você deve considerar o nível de atividade física, clima, metabolismo, peso, dieta, estado geral e até o consumo de álcool. Veja as orientações do Dr. Dráuzio Varella assistindo o vídeo Quanto de água devemos beber.


Muitas pessoas levam pequenas garrafas para terem sempre uma reserva de líquido disponível, afinal nunca se sabe quando teremos algum lugar para tomar água e não se deve tomar água em grande quantidade de uma vez. Ficar preso no trânsito é um bom exemplo, a não ser que algum ambulante se aproveite da situação para vender água nos congestionamentos.

Existem opções feitas para esportistas, que são mochilas de caminhada que possuem um reservatório de líquido com um canudo plástico flexível. Nada impede também que você use uma dessas no seu cotidiano, ou até adaptar essa idéia numa mochila ou bolsa que combine mais com o seu estilo.

Pessoas que possuem uma mobilidade mais reduzida, como tetraplégicos que não conseguem ou tem dificuldade de movimentar os braços, geralmente dependem de ajudantes para poder conseguir beber algo. É muito com quando se pode eliminar tarefas importante e corriqueiras, para ter uma maior independência, o que resulta numa melhor qualidade de vida. Poder conduzir a própria cadeira de rodas, por exemplo, mesmo com um equipamento motorizado é uma enorme satisfação para essas pessoas. Ingerir líquidos, principalmente água, também é muito importante e deveria ser uma rotina de todas as pessoas.

A foto da capa mostra uma garrafa chamada Giraffe Bottle com um canudo conectado na tampa. O nome quer dizer Garrafa Girafa em português, e faz uma comparação humorada porque é como se o longo canudo fosse o pescoço de uma girafa. O canudo é feito de dezenas partes ligadas, que tem uma certa resistência, mas também se movimentam. Com esse sistema, você pode colocar o canudo na posição que quiser, e ele fica parado do jeito que você deixou. Então você pode praticamente personalizar a posição dele. Além disso, a garrafa pode ficar em diferentes lugares, como na cadeira de rodas, cama, mesa e onde mais achar conveniente.

Serve também para idosos com mobilidade reduzida. Minha mãe teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e tem dificuldade de esticar os braços e segurar objetos. Então quando está na sala assistindo televisão, por exemplo, fica difícil pegar um copo de água na mesinha, mesmo estando do lado. O canudo funcionaria parecido com aqueles microfones de mesa com hastes flexíveis, que você puxa para falar e depois empurra para o lado quando terminou. É só um movimento e não precisa ficar segurando.

E para completar da melhor forma, numa época de práticas sustentáveis, ter um canudo permanente evita usar os canudos descartáveis, que em muitos lugares já são proibidos. Até mesmo em bares, restaurantes ou qualquer lugar onde servirem uma bebida, pode pedir para colocar o equivalente, quando é comprado, diretamente na garrafa. Assim colabora ainda mais, pois os copos descartáveis ainda são amplamente utilizados.

Fonte: Turismo Adaptado


Exercícios físicos para pessoas com lesão medular

2ºs jogos nacionais desporto adaptado ANDDI 2019



Fonte e mais informação: ANDDI

sábado, 4 de maio de 2019

Rampas adaptam as pontes de Veneza. Mobilidade num labirinto de rios e canais.

Veneza é uma cidade no nordeste da Itália situada sobre um grupo de 117 pequenas ilhas separadas por canais e ligadas por pontes. Ela está localizada na pantanosa Lagoa de Veneza, que se estende ao longo da costa entre as bocas dos rios Po e Piave. Veneza é famosa pela beleza de sua arquitetura e obras de arte. Hoje são 177 canais e 435 pontes conectando o território, fazendo parte da paisagem da cidade que ganhou o titulo de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1987.


Veneza era um dos destinos desafiadores que eu (Ricardo Shimosakai) queria conhecer. O destino fez parte de uma viagem à Itália, em parceria com o ENIT – Agenzia Nazionale Italiana del Turismo, onde conheci seis cidades italianas. Como já estava por lá, o transporte para Veneza foi feito através de trem.

O grande charme da cidade e a principal identidade, são os diversos canais e suas pontes, e era justamente isso que acabava sendo um fator dificultador, pois quase todas as pontes tem degraus. Mas como meu perfil é desbravador, nunca temi enfrentar essa dificuldade, pelo contrário, sempre quis viver a experiência.

Acabei descobrindo que Veneza tem outras opções de acesso, e a melhor delas é através de barcos. O mais conhecido é o vaporetto, como se fosse um ônibus aquático, grande e acessível, passa regularmente nos pequenos portos, que seriam como se fossem os pontos do ônibus. Também existem lanchas que funcionam como taxi, e dentre elas há lanchas adaptadas, com uma plataforma interna que te desce do píer até o piso da lancha. A opção mais tradicional são as famosas gôndolas, e já existe um projeto de gôndolas acessíveis para pessoas com deficiência.


Veneza é formada por 117 ilhas, e nem todas elas são acessíveis para quem se locomove através de cadeira de rodas. Para ajudar o turista com deficiência, um Mapa de Veneza Acessível foi produzido pelo Serviço Città per tutti em colaboração com o EBA Departamento de Eliminação de Barreiras Arquitetônicas.

O mapa resume a maior quantidade possível de informações práticas para ajudar as pessoas com mobilidade reduzida a visitar a cidade.

De um lado, há uma indicação do grau de acessibilidade dos vários “insulae” determinados pela ausência/presença de linhas de transporte público, cores diferenciando áreas que são completamente acessíveis por vaporetto (verde), acessível por lancha ou ponte “facilitada” (verde claro) e áreas que não são acessíveis por meio de transporte público (branco). Para acessar o mapa, clique no link a seguir Mappa Venezia Accessible

Para fornecer a resposta mais completa possível às questões de turistas e cidadãos que desejam visitar a cidade, o verso do mapa contém todas as informações sobre:

– pontos de informação;
– terminais turísticos (estação ferroviária, aeroporto, porto);
– estacionamentos;
– paragens de transportes públicos por via aquática;
– banheiros públicos;
– pontes com instalações (plataforma elevatória, elevador ou degrau baixo).

O que chamam de ponte facilitada, são pontes onde é possível transitar com a cadeira de rodas. Algumas delas foram adaptadas, como a mostrada na foto de capa desta matéria, onde foram colocadas peças plásticas nos degraus, como se fossem várias pequenas rampas, facilitando a locomoção. Em outros, rampas de madeira são montadas sobrepondo os degraus, tendo assim um caminho mais contínuo. Mas há pontes em que iniciativas semelhantes não seriam possíveis, porque são pontes pequenas que acabam ficando com uma inclinação muito grande.

Vários anos atrás, o governo da cidade de Veneza anunciou um plano para instalar rampas para cadeiras de rodas em 80 pontes no centro histórico. Infelizmente, as rampas nem sempre estão disponíveis durante a principal estação turística: elas são normalmente montadas como rampas temporárias para a Maratona de Veneza em outubro e são removidas na primavera (oficialmente em maio, mas nós as vimos desaparecer até abril.)

Alguns lugares o acesso é quase impossível. Digo quase porque nada é tão impossível. Eu havia sido convidado a assistir uma peça de teatro, mas quando fui em direção ao local, descobri que não conseguiria acessar a pequena ilha onde marcava o endereço. Todas as pontes de acesso tinham degraus, então resolvi pedir ajuda aos gondoleiros que estavam ao lado de uma ponte. Felizmente a hospitalidade, principalmente para pessoas com deficiência, é algo que se encontra com certa facilidade em qualquer parte do mundo. Inclusive a Itália fez um vídeo promocional da hospitalidade italiana intitulado: Itália, um país acessível a todos.

Algumas pontes, como a Ponte delle Guglie, têm escadas especiais com degraus de meia altura que podem ser transpostas em cadeiras de rodas. Uma placa avisa que é necessário um acompanhante.

A Ponte di Calatrava ou Ponte da Constituição, possui uma cabine de deslocamento inclinado, parecidas com aquelas plataformas de corrimão que sobem escadas. Porém esse tipo de equipamento precisa de uma manutenção constante, senão ela enguiça com facilidade.


Fonte: Turismo Adaptado

II Marcha Pela Vida Independente

A marcha pela Vida Independente sai à rua no domingo para comemorar conquistas, mas também para exigir o cumprimento de direitos, em matéria de acessibilidades, assistência pessoal, habitação, emprego, educação ou transportes.


A iniciativa está marcada para acontecer sucessivamente em Lisboa, Porto e Vila Real, às 15h30, não só para comemorar o Dia Europeu da Vida Independente, que se assinala em 05 de maio, mas também para demonstrar o orgulho na diversidade e nas conquistas das pessoas com deficiência, além de ser uma “marcha de reivindicação”.

Em declarações à agência Lusa, a presidente do Centro de Vida Independente (CVI) de Lisboa, que é responsável pela organização da marcha, defendeu que esta iniciativa se justifica porque actualmente, “em pleno século XXI”, as pessoas com deficiência não têm os seus direitos assegurados.

“A assistência pessoal ainda não é um direito. Durante três anos vamos ter de estar submetidos a um projecto piloto quando a nossa vida não o é”, apontou Diana Santos, referindo-se ao projecto piloto de apoio à Vida Independente que o actual Governo está a implementar e que pressupõe a criação de Centros de Apoio à Vida Independente (CAVI) por todo o país.

Ainda em relação a estes projectos-piloto, a responsável frisou que obriga as pessoas com deficiência a cumprir normas de utilização de horas que não permitem uma vida autónoma, já que muitas pessoas têm dependências enormes.

Apontou que, neste momento, o projecto-piloto do Governo é “um mal necessário” e que, por isso, e apesar de estar “mal desenhado”, preferem fazer parte dele para depois apresentar propostas de alteração.

Outra das reivindicações diz respeito à lei das acessibilidades que querem ver cumprida já que continua sem fiscalização, apesar de ser “uma lei muito boa, aparentemente perfeita, mas que não é verificada e que continua a não ser cumprida”.

“Esperamos que as quotas de emprego sejam agora cumpridas. Estamos expectantes para ver se há mudança efectiva na contratação das pessoas com deficiência, mas continuamos a exigi-la”, frisou, sublinhando que as pessoas com deficiência querem trabalhar e não receber apoios solidários.

A educação é outra das reivindicações, com Diana Santos a defender que é preciso uma escola inclusiva e que garanta a igualdade entre todos os alunos e “não perpetue guetos”.

Querem também uma alternativa aos lares de idosos, para onde vão muitas das pessoas com deficiência que precisam de cuidados permanentes, defendendo que estas pessoas vivam com as suas famílias e nas suas comunidades.

“Reivindicamos acessibilidades nos transportes públicos para termos livre acesso e irmos onde queremos como todos os cidadãos. Reivindicamos mesas de voto totalmente acessíveis porque ainda há pessoas que não conseguem votar de forma livre e reservada”, defendeu.

Aproveitou também para apontar que são precisas alterações ao nível da política de habitação, já que as pessoas com deficiência têm dificuldade em conseguir alugar ou comprar casa a preços acessíveis, já que muitas vezes precisam de casas com áreas maiores ou servidas de elevador e isso encarece a habitação.

Diana Santos referiu que querem também que a Língua Gestual Portuguesa “seja efectivamente tida em conta desde a escola básica para que seja uma língua comum a todos e que todos consigam comunicar”.

“Queremos também benefícios sociais que sejam justos porque continuamos a ter pessoas com deficiência a serem tidas em conta com os rendimentos globais das suas famílias e nunca vai haver autonomia”, apontou.

Com vários processos eleitorais à porta, Diana Santos disse esperar que nenhuma pessoa com deficiência fique sem votar, mas alertou que as campanhas eleitorais continuam a não ser acessíveis a todos, dando como exemplo as pessoas surdas.

Por tudo isto, a responsável disse esperar que a marcha de domingo possa trazer alguma mudança, sublinhando que as pessoas com deficiência têm de ser ouvidas porque para as políticas terem eficácia, têm de partir de quem vai usufruir delas.

Fonte: DN