quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Mais de 96% dos sites dos governos escondem homens e mulheres com deficiência

TLDR: Pessoas com deficiência são quase inexistentes em sites governamentais e de fotos de ações, e quando elas são representadas, elas não são representadas como indivíduos inteiros, mas são mostradas apenas por sua deficiência.

Nós rastreamos a internet e analisamos mais de 500 sites governamentais de todo o mundo e o que descobrimos foi chocante! Enquanto cerca de 50% mostram pessoas com deficiência física em imagens, apenas menos de 4% asexibem em páginas não relacionadas com saúde e bem-estar. Os governos não são os únicos culpados aqui. Sites de fotos, como o Shutterstock, não identificam pessoas com deficiência como pessoas reais, mas apenas por sua deficiência .

Apelamos aos sites governamentais e de fotos para incluir pessoas com deficiência e começar a tratar como indivíduos inteiros, com vidas e interesses variados, e não se concentrar apenas em sua deficiência.

A deficiência está longe do tabu que era nos séculos anteriores. Hoje, esta seção valorizada da sociedade tem os mesmos direitos e preocupações que aqueles que são fisicamente capazes. No entanto, quando se trata de representação, a comunidade com deficiência ainda é severamente negligenciada e, na maioria das vezes, tudo o que é focado é sua deficiência. Enquanto eles são "valorizados", concentrando-se apenas em sua deficiência, impedimos sua plena integração na sociedade. Em nenhum lugar isso é mais prevalente do que on-line; Mesmo em sites governamentais - organizações responsáveis ​​por garantir a igualdade - há uma falta significativa de pessoas com deficiência.

Para explorar esse fenômeno, pesquisamos mais de 500 sites do governo de todos os cantos do mapa. Nossa investigação revelou que a maioria dos sites testados não tinha fotos dos deficientes em suas páginas on-line.Em muitos países, isso significa que os cidadãos com deficiência permanecem completamente desconhecidos por seu governo. Essas pessoas, que contribuem para a sociedade e devem gozar dos mesmos direitos humanos, merecem ser melhor representadas. Em um mundo que luta pela igualdade, os deficientes ainda sofrem de um preconceito sistêmico que permanece ignorado pela maioria - o que nos leva a uma figura mais preocupante:

Menos de 4% de pessoas com deficiência em páginas não médicas
Continuando nossa investigação, também quebramos onde no site pessoas com deficiência apareceram. Infelizmente, para a maioria dos exemplos, eles existiam em páginas médicas e de saúde, que mais uma vez trancam os deficientes e evitam sua total aceitação social. A descoberta de que menos de 4% das imagens existiam em páginas não médicas era chocante em alguns aspectos, mas você só precisa procurar alguns sites para enfrentar a realidade da situação.

Em outras palavras, no que diz respeito aos sites do governo, as pessoas com deficiência só existem para pressionar ainda mais as condições e preocupações médicas.

Fonte e mais informações: 


Ensino Superior. Arranca este ano lectivo o primeiro curso para deficientes em Santarém

A Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém vai ter pela primeira vez em Portugal um curso destinado a portadores de deficiência. Chama-se Literacia Digital para o Mercado de Trabalho, arranca este ano lectivo e é inspirado no que existe há uma década na Universidade Autónoma de Madrid.

A Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém lança este ano lectivo 2018/19 o curso de Literacia Digital para o Mercado de Trabalho, concebido de acordo com as recomendações do Conselho Nacional de Educação, e que abre portas a diversas profissões, minimizando um dos principais problemas com que se debatem as famílias de jovens portadores de deficiência: a falta de formação profissional adaptada.

Este ano serão admitidos 11 alunos, mas a ideia é replicar a experiência noutros estabelecimentos de ensino, explica a professora coordenadora do curso, Maria Barbas. O objectivo é facilitar a inclusão social e promover a empregabilidade, sobretudo nas áreas do turismo e multimédia.

O curso tem a duração de dois anos e para se inscreverem os alunos devem ter um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, competências básicas mínimas ao nível da leitura e da escrita e competência média a média/alta em termos de sociabilidade. Antes disso, e para garantir que estão aptos, os candidatos são sujeitos a uma entrevista de quase um dia com uma psicóloga especializada em desenvolvimento.

Os conteúdos da formação foram apresentados pela Departamento de Tecnologias Educativas e aprovados por unanimidade pelo Conselho Técnico Científico. Embora o curso não confira aos alunos um grau ou título, dá-lhes uma certificação legal e responde a todas as directivas do Conselho Nacional de Educação, bem como às orientações do ministro da Tecnologia e Ensino Superior, que apelam ao alargamento da oferta a novos públicos.

O curso foi desenvolvido de forma a compreender vários domínios profissionais e obedece quer ao perfil e potencial dos estudantes, quer às actuais necessidades do mercado de trabalho, incluindo cadeiras na área do ambiente, do turismo, do património e do apoio social.

O certificado habilita os alunos a trabalhar, por exemplo, como guias ambientais em áreas protegidas ou zonas de interesse nacional, como tutores de monumentos e contadores de histórias, como colaboradores de empresas dedicadas ao ecoturismo ou ao lazer e entretenimento de idosos ou em áreas dedicadas à conservação da natureza.

Para garantir o êxito do curso, o Instituto Politécnico de Santarém estabeleceu também protocolos com diversas empresas, como a Deloitte, que oferece estágios remunerados. As propinas custam 680 euros e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social comparticipa com 50 mil euros.

O objectivo máximo é permitir uma independência pelo menos parcial e dar auto-estima a pessoas com défice cognitivo e limitações a diversos níveis, de forma a que se tornem, na medida do possível, cidadãos mais autónomos e contribuintes activos para uma sociedade melhor

Crescimento dos apoios para paralímpicos vê-se nos resultados obtidos

Os números não mentem: o saldo final de 17 medalhas conquistadas, das quais sete de ouro, nos Campeonatos da Europa de atletismo adaptado, em Berlim, fazem desta “a melhor participação portuguesa de sempre em competições internacionais de atletismo paralímpico”, destacou a Federação Portuguesa de Atletismo. Um feito encorajador e que se enquadra na dinâmica de crescimento e afirmação do desporto paralímpico, que por estes dias também viu Floriano Jesus chegar a uma final A nos Mundiais de paracanoagem, em Montemor-o-Velho.

De regresso a Portugal, na segunda-feira, a comitiva portuguesa que competiu em Berlim foi recebida em clima de euforia no aeroporto de Lisboa. Os atletas traziam o orgulho ao peito, pelas medalhas conquistadas e por mais uma etapa superada. Com um ouro, uma prata, e um bronze, Luís Gonçalves prometia não se ficar por aqui: “No próximo ano, nos Campeonatos do Mundo, vou dar 2000% e tenho a certeza que vou ter sucesso. Vou fazer o que o Cristiano Ronaldo disse, provar que um jogador ou um atleta, depois dos 30 anos, pode fazer o que os mais novos podem.”

Vários nomes que estiveram nos Campeonatos da Europa de atletismo adaptado, assim como Floriano Jesus, obtiveram resultados que lhes abrem perspectivas de ingressar no projecto paralímpico Tóquio 2020. Para que tal venha a ser uma realidade, é necessária uma candidatura que será avaliada pelo Comité Paralímpico de Portugal, de acordo com informação deste organismo ao PÚBLICO.

Na lista de atletas integrados no projecto de preparação paralímpica Tóquio 2020 já constavam 42 nomes divididos por seis modalidades (atletismo, tiro, ciclismo, equestre, natação e boccia), mas tudo indica que venha a aumentar o número de atletas e de modalidades. Isto é também um reflexo do crescente investimento no programa de preparação paralímpica. Os apoios atribuídos aos atletas aumentaram mais de 80% relativamente aos valores praticados para os Jogos do Rio de Janeiro 2016, com as bolsas a serem revistas anualmente tendo em vista o objectivo da equiparação das bolsas olímpicas e paralímpicas em 2021.

O contrato-programa assinado em Janeiro deste ano prevê um montante total superior a 6,9 milhões de euros para o programa de preparação paralímpica Tóquio 2020, financiado pelo Instituto Português do Desporto e Juventude e pelo Instituto Nacional para a Reabilitação. Uma diferença substancial relativamente aos 3,8 milhões contratados em 2014 para apoio à missão portuguesa aos Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro. Ainda assim, distante dos 18,5 milhões de euros do programa de preparação olímpica.

Da mesma forma, há quatro anos o documento assinado previa “três níveis de bolsas paralímpicas a atribuir aos participantes, ponderadas em função do currículo desportivo, bem como da expectativa relativamente à obtenção de resultados nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016”:

518 euros mensais para os atletas no nível 1;
386 euros mensais para os atletas no nível 2;
225 euros mensais para os atletas no nível 3.

Estes valores foram revistos no novo contrato-programa e serão actualizados anualmente: em 2018 os valores das bolsas mensais são 688 euros (nível 1), 516 euros (nível 2) e 303 euros (nível 3). Em 2019 vão aumentar para 963 euros (nível 1), 722 euros (nível 2) e 424 euros (nível 3).

No horizonte do movimento paralímpico está a equiparação das bolsas de atletas olímpicos e paralímpicos em 2021, um objectivo assumido pela secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes. Em 2020 o valor do apoio mensal para o nível 1 será de 1169 euros, igualando no ano seguinte os 1375 euros da bolsa mensal do nível “top elite” do projecto olímpico Tóquio 2020.

A tendência de crescimento do desporto paralímpico vê-se também pelo interesse mediático que gera. Os Jogos Paralímpicos do Rio 2016 tiveram uma audiência televisiva acumulada de 4100 milhões de espectadores em mais de 150 países, o que os tornou nos mais vistos de sempre.

O crescimento anda de mão dada com o espírito de superação, sublinhava na segunda-feira, no aeroporto Humberto Delgado, Carolina Duarte (que trouxe um ouro e duas pratas de Berlim): “Quero muito que as pessoas percebam que, mesmo tendo uma deficiência, mais ou menos severa, conseguem sair de casa, conseguem ter amigos, conseguem integrar-se perfeitamente. Quero inspirar as pessoas a saírem de casa e praticarem desporto. Nem todos têm condições para serem atletas de alta competição, mas serem só atletas já será bom.

Fonte: Público

sábado, 25 de agosto de 2018

INCOMODARTE - Deficiência e Sociedade, Ciclo de Cinema


O Projeto DECIDE –"Deficiência e auto-determinação: o desafio da vida independente", vai organizar nos dias 21, 22 e 23 de setembro de 2018, em Lisboa, um ciclo de cinema com o titulo: INCOMODARTE - Deficiência e Sociedade.

O projeto DECIDE tem como objetivo analisar as condições de vida e inclusão social das pessoas com deficiência em Portugal, à luz das propostas internacionais que se vêm consolidado em torno do conceito de “vida Independente”.

O projeto tem uma duração de 36 meses (junho 2016 – maio de 2019), e conta com uma equipa interdisciplinar – sociologia, psicologia, antropologia –, coordenada por Fernando Fontes, que tem desenvolvido o seu trabalho no quadro dos estudos da deficiência.

O que é a “vida independente”?
A vida independente significa “Todas as pessoas com deficiência terem a mesma escolha, controle e liberdade que qualquer outro cidadão - em casa, no trabalho, e como membros da comunidade” (Barnes e Mercer, 2006: 33)

Resultados esperados:
Os resultados do projeto DECIDE permitirão avaliar as possibilidades e vantagens de uma transformação das condições de vida e de apoio às pessoas com deficiência em Portugal. Analisaremos os desafios à implementação de um modelo de "vida independente" na sociedade portuguesa, de forma a contribuir para uma adequada e informada redefinição das políticas de deficiência em Portugal.

Mais informação sobre o projeto AQUI.

sábado, 18 de agosto de 2018

Abertas candidaturas concurso: PARTIS - Práticas Artísticas para Inclusão Social

As candidaturas ao concurso PARTIS - Práticas Artísticas para a Inclusão Social, promovido pela Fundação Calouste de Gulbenkian, decorrem até ao dia 20 de setembro, e destina-se a pessoas coletivas públicas ou privadas, sem fins lucrativos, legalmente reconhecidas, com sede em território nacional.


A este concurso podem concorrer organizações sem fins lucrativos com projetos que promovam a inclusão social de cidadãos em situação de maior vulnerabilidade social, tendo em vista a promoção do encontro e diálogo entre diferentes - em termos sociais, etários, culturais, entre outros -, e também a igualdade de oportunidades e o reforço da coesão social e territorial.

Os melhores e mais inovadores projetos de integração social pela prática artística, nas áreas das artes visuais, performativas ou audiovisuais serão apoiados, até um máximo de 25 mil euros/ano. As propostas devem ser consistentes, informadas e sustentadas, assentes em parcerias alargadas e passíveis de avaliação.

Mais informação

Fonte: INR

Deficiência e Violência sobre Mulheres e Raparigas

A violência entre parceiros íntimos (VPI) é a forma mais frequente de violência sobre mulheres e raparigas em todo o mundo. Estima-se que uma em cada 3 mulheres seja vítima de VPI durante a sua vida.

As mulheres com deficiência têm um risco duas a quatro vezes superior de serem vítimas de VPI, segundo os dados do What Works to Prevent Violence Against Women and Girls Global Programme - What works (Programa mundial - O que é necessário fazer para prevenir a violência sobre mulheres e raparigas).

What Works é um programa mundial, inovador, que abrange 13 países em todo o mundo e que recolhe dados sobre o que é necessário fazer para prevenir a violência em ambientes de baixo e médio rendimentos.

No artigo publicado em julho de 2018, demonstra-se que esta realidade é particularmente preocupante nos países com baixo e médio PIB, onde habita 80% da população do sexo feminino com deficiência. A condição de deficiência propicia igualmente o abuso por não-parceiros, risco esse que sobe quanto maior é o grau de deficiência.

Neste artigo, a What works aponta várias estratégias para combater o flagelo, tais como a criação de parcerias com organizações que promovem programas de eliminação de barreiras e a inclusão das mulheres com deficiência, criar condições para que estas mulheres assumam lugares de liderança de forma a quebrar o estigma, monitorizar e avaliar os serviços que são prestados às mulheres com deficiência.

Fonte: INR

Strada Outlet retirou elevadores acesso pessoas com mobilidade reduzida

O Centro Comercial Strada Outlet retirou os elevadores no acesso exterior (em frente à praça de táxis), há cerca de duas semanas, após ter realizado obras de remodelação. Os utilizadores queixam-se de que as pessoas com mobilidade reduzida têm dificuldade em acederem à superfície comercial. "Nesta entrada havia um elevador que dava a possibilidade de pessoas deficientes e com carrinhos de bebés terem acesso ao shopping. 


Após as obras, o elevador foi retirado e não existe nenhuma indicação para onde os deficientes se devem deslocar para entrarem no edifício", denuncia Álvaro Loureiro. O taxista afirma ainda que "a alternativa para as pessoas com mobilidade reduzida terem acesso ao centro comercial é fazerem quase um quilómetro, para entrarem numa das outras entradas disponíveis". A Associação Portuguesa dos Deficientes diz que a medida "é impensável" porque sendo um edifício público "tem de contemplar acessos em todas as entrada a todas as pessoas"

Ao CM, o Strada Outlet confirma a "reestruturação de layout" e revela que existiam dois elevadores no acesso exterior mencionado: um deles foi retirado e o outro "foi transferido para outra zona de acesso que pode ser feito pelo parque de estacionamento, junto aos tapetes rolantes". A Câmara Municipal de Odivelas confirmou ao CM ter "conhecimento da realização das obras", referindo no entanto que "o layout de circulação interna dos utilizadores do centro comercial, que define onde se localizam os elevadores, é da responsabilidade da entidade exploradora".

Fonte: CM

Há famílias que continuam a ter de ir a tribunal para garantir prestação social

As queixas continuam a chegar à Associação Portuguesa de Deficientes (APD): a prestação social para a inclusão é paga por transferência bancária ou cheque só depositável na conta do beneficiário. E há técnicos da Segurança Social a aconselhar famílias a ir ao tribunal pedir que a pessoa com deficiência seja declarada incapaz de reger o seu património. Objectivo: garantir que recebem a prestação.


“Compreendo que haja aqui uma medida de segurança, ao longo dos anos recebemos algumas queixas de abusos, tanto por parte de familiares como de instituições”, concede Ana Sezudo, presidente da APD. “Em nosso entender, para que a pessoa com deficiência possa ter algum grau de independência, tem sentido que a prestação seja atribuída àquela pessoa e que só ela tenha direito a levantá-la. Acontece que existem muitos casos em que a pessoa não consegue.”

O grande problema coloca-se com quem tem deficiência intelectual. “São pessoas às vezes impossibilitadas de abrir uma conta bancária porque não podem assinar ou porque os bancos, para se acautelarem, não permitem”, nota Paula Campos Pinto, presidente do Mecanismo Nacional de Monitorização para a Implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Mas, no seu entender, aconselhar famílias a intentar processos de inabilitação “constitui uma violação dos direitos humanos”.

O velho regime alterado
O velho regime de interdição/inabilitação está desfasado do que hoje se reconhecem ser os direitos das pessoas com deficiência. Já não se quer que as pessoas sejam substituídas na sua vontade. Pelo contrário, quer-se que a sua autodeterminação seja respeitada, que as suas capacidades sejam aproveitadas, que o acompanhamento seja limitado ao necessário. Nesta terça-feira foi publicado o novo regime jurídico de maiores acompanhados, que entra em vigor em Fevereiro.

“Estamos a pôr fim à possibilidade de um cidadão poder ver restringidos os seus direitos fundamentais, pelo simples facto de ser uma pessoa com deficiência”, comentou a secretária de Estado da Inclusão, Ana Sofia Antunes, numa nota emitida ontem a propósito do novo regime. “A sua substituição por pessoa idónea para a prática de actos concretos é previamente definida por um juiz, imprimindo-se assim muito maior transparência e simplificação a esse processo”, lê-se ainda.

Foi em Março que Jorge Falcato, deputado do BE, denunciou no Parlamento “a exigência da Segurança Social da inabilitação de centenas, senão milhares de pessoas com deficiência”. Compreende que a ideia era “empoderar” as pessoas com deficiência, protegê-las de eventuais abusos. Lamenta que tenha servido para algumas ficarem meses sem receber a prestação.

A secretária de Estado deu naquela altura orientações aos serviços para que, temporariamente, permitissem que os cuidadores a recebessem “mediante o preenchimento de uma declaração, sob compromisso de honra”. Mas como isso é transitório, há técnicos da Segurança Social e das instituições que continuam a incentivar as famílias a intentar uma acção de inabilitação. Já foram mais as famílias que recorreram à APD por causa disto, sublinha Ana Sezudo. “Neste momento, o número de atendimentos relativamente a este assunto já diminuiu um bocadinho.”

O PÚBLICO questionou o gabinete de Ana Sofia Antunes sobre o número de pessoas que estão sem receber e o motivo pelo qual continuam os cuidadores a ser aconselhados a intentar acções de inabilitação. O gabinete fez saber que estava a analisar.

A nova prestação, que entrou em vigor a 2 de Outubro de 2017, substitui 14 pensões. E abrange pessoas que, antes, ficavam de fora. Podem requerê-la todos os cidadãos nacionais, estrangeiros ou apátridas, em idade activa, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60% adquiria antes dos 55 anos.

No final de Junho, havia 78.176 beneficiários da prestação social. A esmagadora maioria migrara de outras.

Fonte: Público

Parlamento aprova lei do Governo do "maior acompanhado"

O Parlamento aprovou nesta sexta-feira a lei do Governo sobre o regime do maior acompanhado e a maioria de esquerda chumbou dois projectos do CDS relativos a protecção de idosos.

A proposta de lei do executivo, defendida de manhã pela ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, foi aprovada, na generalidade, pela maioria de esquerda e PAN. PSD e CDS abstiveram-se

O novo "regime do maior acompanhado" vem substituir os regimes de interdição (para quem é declarado incapaz de gerir a sua vida e bens) e de inabilitação (para quem é declarado incapaz apenas de gerir os seus bens), que, segundo a ministra, são processos "lentos e assumem uma feição estigmatizante", estando "longe de proporcionar soluções adequadas" à realidade portuguesa.

No debate, a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, disse que, nos últimos dois anos, apenas cem pessoas pediram junto do tribunal uma declaração de inabilitação, um número que considerou "absolutamente insignificante"

"A inabilitação era muito pouco usada. Nos últimos dois anos foram cem casos, cem casos na sociedade portuguesa é absolutamente insignificante e não faz nenhum sentido", afirmou a ministra na Assembleia da República, onde foi debatida a proposta de lei do Governo que cria o "regime do maior acompanhado".

No caso da interdição também havia problemas, porque não se conseguia constituir o conselho de família, disse Francisca Van Dunem. "Com esta medida damos um passo de gigante relativamente às necessidades de muitos cidadãos portugueses", disse a ministra em resposta aos deputados.

Com o novo modelo, "limita-se a intervenção ao mínimo essencial, preservando-se, em toda a extensão possível, a capacidade de autodeterminação que a pessoa ainda titula, apenas se admitindo a representação (substituição) nos casos em que esta não disponha da competência para formar a sua vontade ou para a exteriorizar", explicou.

O objectivo é que a pessoa "possa manifestar a sua vontade com a ajuda de outrem, orientado, objectiva e subjectivamente, pela defesa da autonomia e dos interesses do acompanhado".

"A intervenção orienta-se pelo princípio da capacidade e não pelo princípio contrário, o da incapacidade", frisou.

A ministra adiantou que o conteúdo do acompanhamento é determinado pelo "concreto grau de incapacidade de que o acompanhado é portador, devendo a sentença que o decreta, definir, com precisão, o âmbito do acompanhamento, sem vinculação ao pedido".

O apoio na tomada de decisões é variável, na forma e na intensidade, de modo a corresponder às concretas necessidades da pessoa que dele necessita, disse, sublinhando que este modelo "resolve de modo adequado a tensão entre a autonomia e a protecção".

Os democratas-cristãos apresentaram também dois projectos, um que cria a indignidade sucessória, impedindo a herança a filhos que não tratem bem os pais, e outro a reforçar a protecção legal aos herdeiros interditos ou inabilitados, mas foram chumbados. A favor votaram o CDS e PAN, o PSD absteve-se e votaram contra PS, PCP, BE e PEV.

Igualmente aprovado foi um projecto de resolução do Bloco de Esquerda a recomendar ao Governo que adopte mecanismos de apoio para o cumprimento da convenção dos direitos das pessoas com deficiência.

MAIS NOTICIAS SOBRE O ASSUNTO:

Vai precisar de acompanhamento no futuro? Já pode escolher quem assumirá esse papel

Fonte: Público

sábado, 11 de agosto de 2018

Lesão medular: Como mergulhar em segurança

Os acidentes de mergulho são a quarta causa de lesão medular. Os acidentes acontecem sobretudo em piscinas e em lugares com uma profundidade inferior a 1,50 metros. Porém, quando a profundidade é superior a 3 metros os danos podem ser maiores, uma vez que a velocidade do impacto é suficiente para causar lesões cervicais irreversíveis.


É por isso que o médico ortopedista Luís Teixeira, presidente da Spine Matters, associação portuguesa sem fins lucrativos, chama a atenção de todos os que nestes dias de calor procuram refrescar-se com banhos em piscinas, no mar, nos rios ou em barragens, para que tenham a maior atenção ao local e ao modo como mergulham.

"Na execução do mergulho a pessoa atinge cerca de 15 km/hora", explica o médico. "Contudo, quando esse mergulho é executado numa posição quase vertical, a velocidade descreve uma trajetória descendente muito veloz em direção ao fundo da piscina. Por outro lado, e em praias com muita ondulação, as pessoas tendem a mergulhar em zonas de rebentação em que ainda têm pé, sendo frequente a postura incorreta. No momento do impacto no solo, a posição da cabeça e coluna vertical vão determinar tudo, mas antes é a análise do espaço que se torna fundamental", alerta o especialista, lembrando ainda que entre 38% a 47% dos casos ocorrem após consumo de drogas ou de bebidas alcoólicas."

As lesões em mergulho ocorrem geralmente quando a cabeça bate no solo, já que após o impacto o pescoço recebe o peso do corpo, podendo resultar em trauma da medula espinhal. A pior consequência é a paralisação e a impossibilidade de mexer os membros. Conforme o grau da lesão da medula, o mergulhador pode ficar tetraplégico ou paralisado das pernas.

Estes são os conselhos de Luís Teixeira para mergulhar de forma segura:

1. Verifique o local (a sinalização e a cor da bandeira, a profundidade da água). Não corra nunca o risco de mergulhar numa zona que desconhece.
2.Confirme que não existem obstáculos à sua volta com que possa colidir, nomeadamente, rochas, pranchas, pessoas, etc.
3. Procure que a entrada na água seja feita numa posição mais oblíqua (menos vertical) de forma a atingir menor profundidade e a "amortecer" a velocidade do impacto.
4. Estique os braços e mantenha as mãos à frente, para que a cabeça esteja protegida durante o mergulho.

Fonte: DN

Alentejo: IPDJ disponibiliza equipamento desportivo a pessoas com deficiência

O IPDJ (Instituto Português do Desporto e da Juventude) vai disponibilizar equipamento desportivo a cidadãos com deficiência, no âmbito de um projeto do Orçamento Participativo Jovem (OPJ), denominado Banco de Ajudas Técnico-desportivas, apresentado por Maria Prudêncio.


Orçamentado em mais de 33 mil euros, este consiste na cedência gratuita e temporária de equipamentos adaptados para a prática desportiva para pessoas com deficiência, explica Miguel Rasquinho, presidente do IPDJ Alentejo, em declarações à Campanário.

Não se tendo verificado vencedores do Alentejo, foi requerido que este projeto vencedor de âmbito nacional fosse aplicado à região. Neste sentido, a Cerci de Portalegre surge como um parceiro que procederá a “ações de divulgação deste programa junto dos seus parceiros”. Financiadas pelo IPDJ, estas foram delegadas à instituição portalegrense por considerarem que tem o conhecimento no que concerne a pessoas com deficiência assim como das entidades envolvidas na área da motricidade e do desporto adaptado.

“Os equipamentos estarão no IPDJ (Alentejo) à disposição” de quem os quiser solicitar, junto dos serviços presentes nas três capitais de distrito da região, Évora, Portalegre e Beja. Assim, será preenchido um formulário, que será submetido a uma avaliação “para cedermos temporariamente esses equipamentos”.

Embora temporária, o projeto possibilitará às pessoas com deficiência experimentar a prática de alguns deportos e dos equipamentos subjacentes. O Banco de Ajudas Técnico-desportivas foi um dos vencedores da primeira edição do Orçamento Participativo Jovem, programa lançado em 2017 pelo IPDJ e pela Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude.

Considerando a importância da prática desportiva para os cidadãos com deficiência, na sua habilitação e reabilitação, o projeto visa conceder um acesso igualitário à prática desportiva. Esta promove a sua integração social e valorização pessoal, contribuindo para uma melhoria não só da condição física, como de fatores como a autoestima e a capacidade de superação.

O projeto apresenta equipamentos como Cadeira de Rodas para vários desportos, Calhas de Boccia, Barco a Remos e Handbike.

Fonte: Rádio Campanário

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Cuidadores Informais: Vigilia no passeio junto à escadaria da Assembleia da República

Aguardamos desde 12 Outubro 2016 pela criação do Estatuto Cuidador Informal. 


Porque estamos cansados de aguardar e porque urge que seja uma realidade para todos iremos promover uma vigília entre as 9 horas do dia 13 até às 20 horas do dia 14 Setembro.

Será montada uma tenda de apoio em frente à escadaria do parlamento. Por lá iremos pernoitar em defesa do Estatuto de Cuidador Informal.
Juntem-se a nós por uma sociedade mais justa.

Fonte e mais informação AQUI.

Cadeira de rodas inovadora leva crianças ao mar

Protótipo fabricado nos EUA, de mobilidade fácil em areia e na água, chegou este verão a Portugal, através da associação More Moving Moments, que por agora colocou 12 cadeiras destas em nove praias, para utilização gratuita por crianças com necessidades especiais.

Adaptar-se era deixar de fazer praia. Inadmissível, pensou a administradora hospitalar Rita Mendes face à (não) solução que os fisioterapeutas apresentavam, em 2017, para o caso do seu filho Manuel (na foto), na altura com seis anos, e criança com um atraso no desenvolvimento e fortes limitações de mobilidade. Quando a família ia à praia, tornava-se cada vez mais difícil para Rita Mendes e o marido andarem com Manuel ao colo, entre a areia e o mar.

Em lugar de se resignar, o casal procurou uma solução - que encontrou no site da associação americana Stepping Stones For Stella. Um avô da pequena Stella tinha desenvolvido um protótipo de uma cadeira de rodas com mobilidade fácil em areia (seca ou molhada) e na água, para a neta usufruir em pleno de um verão de praia. Foi o que aconteceu com Manuel logo no verão de 2017. Os pais encomendaram uma dessas cadeiras e fizeram o teste. Se correu bem? "A foto do Manuel diz tudo", responde Rita Mendes.

A administradora hospitalar sentiu depois a "necessidade de partilhar esta solução" com as famílias que enfrentam o mesmo problema. Num turbilhão de seis meses, foi criada a associação More Moving Moments e concretizado o projeto-piloto de colocar este verão 12 cadeiras de rodas, iguais à encomendada para Manuel, para uso gratuito por crianças em nove areais - praias do Ouro (Sesimbra), do Tamariz (Cascais), da Poça (Cascais), das Moitas (Cascais), de S. Lourenço (Mafra), da Foz do Lizandro (Mafra), da Comporta (Grândola), Tróia-Mar (Grândola) e das Maçãs (Sintra).

Ao chegar a estas praias, explica Rita Mendes, as famílias devem dirigir-se a nadadores-salvadores ou a monitores ao serviço dos municípios, para a requisição das cadeiras de rodas disponibilizadas pela More Moving Moments (dimensionadas para crianças até 27 kg/nove anos). Não há regras de utilização estipuladas, como, por exemplo, um período limite de uso. Por isso, Rita Mendes diz que a associação a que preside "pede às famílias, nadadores-salvadores e aos monitores que promovam uma utilização equilibrada e harmoniosa". O projeto funciona no horário dos concessionários.

A associação Stepping Stones For Stella doou as referidas cadeiras à congénere portuguesa, que teve de obter financiamento para o respetivo transporte, que não é barato - este protótipo não se desdobra. Mas a More Moving Moments quer chegar bem mais longe. "Pretendemos ter, dentro de quatro a cinco anos, todas as praias marítimas cobertas, e com cadeiras já fabricadas em Portugal", diz Rita Mendes. A Stepping Stones For Stella cedeu também o desenho técnico da cadeira, que a More Moving Moments, em colaboração com a Academia e a indústria portuguesas, quer que, além de produzida no País, alcance um tamanho acima, que permita a utilização por adolescentes até aos 15 anos.

Fonte: Visão

Novo guia informativo sobre vida independente para pessoas com deficiência intelectual

Em cooperação com a Inclusion Europe , elaboramos um Informativo sobre Vida Independente para Pessoas com Deficiência Intelectual. 


O novo informativo cobre as questões de se as pessoas com deficiências intelectuais podem se beneficiar da vida independente, da assistência pessoal e de como podem ser apoiadas na tomada de decisões e no controle de suas vidas.

Faça o download da ficha informativa em PDF
Faça o download da ficha informativa no Word

Fonte: ENIL

domingo, 5 de agosto de 2018

Acessibilidades: Os muros da cidade

“E SE A COR DOS SEUS SAPATOS O IMPEDISSE DE ACEDER A UMA PARTE DA CIDADE?”

Ultimamente Lisboa tem vindo a ser reconhecida e premiada como um destino de eleição para quem nos visita, muito embora a cidade seja praticamente INACESSÍVEL, para todos aqueles que têm Mobilidade Reduzida.

Parece ser uma excelente notícia para a Capital do nosso país e acredito que para todos os Portugueses, MAS…

- e se Lisboa fosse uma cidade acessível?
- e se todos aqueles que têm de se deslocar na cidade e que têm Mobilidade Reduzida o pudessem fazer livremente?
- e se coexistissem alternativas adequadas à velha calçada?
- e se os 'Nossos Passeios', ainda que em pedra, não fossem parques de estacionamento?

Provavelmente o resultado seria diferente se um dos critérios da avaliação fosse a ACESSIBILIDADE. Mais tarde do que cedo isso vai acontecer. No mínimo, a avaliação seria mais credível e mais honesta para todos aqueles que pensam visitar-nos e que têm Mobilidade Reduzida.

Acompanhe três pessoas com deficiência motora na área da Grande Lisboa para compreender os problemas reais de quem necessita, por exemplo, de uma cadeira de rodas para se deslocar.


Não temos cidades acessíveis porque AS LEIS NÃO SE CUMPREM, nem NINGUÉM AS FAZ CUMPRIR. A cidade tem de ser para todos.

Use a APP + Acesso Para Todos e denuncie.

Fonte: Minuto Acessível

sábado, 4 de agosto de 2018

Livro Imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência: experiências e partilhas

Amar incondicionalmente um filho com uma deficiência cria forças para lutar por ele e por outros que são diferentes da maioria e acabam vítimas de olharespreconceituosos. Aliar a vida pessoal e a pesquisa acadêmica sobre o tema pode ser um modo de existência profissional.
 
Este é o tema do livro Imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência: experiências e partilhas, que será lançado no sábado, 11 de agosto, às 11h, no Espaço do Conhecimento UFMG.

A obra é um ensaio teórico da professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG Sônia Pessoa e teve origem dois pontos principais, a sua tese de doutorado e as vivências com seu filho Pedro, que tinha hidrocefalia e morreu em 2016. No livro, ela aborda os imaginários que circulam na sociedade sobre pessoas com deficiência, o preconceito que pode ser suscitado a partir destes imaginários, a percepção de algumas pessoas com deficiência sobre a própria deficiência, e o engajamento de pesquisadores com os temas pesquisados. "Trata-se de um grande desafio cotidiano lidar com temáticas sensíveis como discursos sobre deficiências e os modos como esses discursos impactam no nosso cotidiano. Além disso, as minhas experiências pessoais tanto me inspiram quanto provocam tensões nos modos como venho tentando realizar pesquisas acadêmicas que efetivamente valorizem a escuta e a participação de pessoas com deficiência", afirma Sônia.

A autora é professora de Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), doutora em Estudos Linguísticos, com estágio na Université Paris Est-Crèteil, e uma das fundadoras do Afetos: Grupo de Pesquisa em Comunicação, Acessibilidade e Vulnerabilidades, vinculado à UFMG. Sônia também é idealizadora do blog Tudo Bem Ser Diferente, que trata da educação inclusiva.

O lançamento acontece na cafeteria do Espaço do Conhecimento e tem entrada gratuita. A professora Ida Lucia Machado, que escreveu o prefácio do livro, assim o definiu:

"É um ensaio teórico, que fala das emoções no discurso e mostra como é possível escrever e pesquisar sobre elas. Mas, é preciso deixar claro que tudo isso foi feito não escondendo a tão necessária subjetividade da autora/pesquisadora que, com sua voz doce e calma nos conta e nos ensina muitas coisas. Coisas simples mas que nem todos sabem fazer: como amar incondicionalmente um filho que nasceu com uma deficiência, como lutar por ele e, a partir daí como lutar por outros, por toda uma multidão de “diferentes” que uma sociedade composta por pes- soas insensíveis, pode olhar apenas com curiosidade, se não o faz com certa hostilidade." [Ida Lucia Machado]

Os interessados em adquirir o livro impresso podem entrar em contato com a autora pelo soniacaldaspessoa@gmail.com: PESSOA, Sônia Caldas. Imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência: experiências e partilhas. 1. ed. Belo Horizonte: Selo PPGCOM/ O Lutador, 2018. v. 1. 120p. ISBN: 978855494405-6

Os interessados em ler a versão digital podem fazer o download gratuito no link http://www.seloppgcom.fafich.ufmg.br/index.php/seloppgcom/catalog/book/21) E-book: PESSOA, Sônia Caldas. Imaginários sociodiscursivos sobre a deficiência: experiências e partilhas. 1. ed. Belo Horizonte: Selo PPGCOM, 2018. v. 1. 120p. ISBN: 978855494406-3

Enviado por email

Assistência Pessoal: Lista dos Centros de Apoio à Vida Independente

A minha última crónica no jornal Abarca

O Projeto piloto Modelo de Apoio à Vida Independente criado pelo Governo em 2017, através do Decreto Lei n° 129/2017 de 9 de outubro, continua a dar os seus passos, não com a brevidade que desejamos e nem com o desenho que esperávamos, pelas razões que já enumerei neste espaço.

Os CAVIS - Centros de Apoio à Vida Independente encontram-se selecionados pelo Governo. Serão 84 espalhados por todo o país. Caso esteja interessado em se candidatar a beneficiar de um Assistente Pessoal, de modo a permitir apoio na realização das suas atividades da vida diária, de forma gratuita, aqui fica a lista das IPSS que terão o seu CAVI, e onde se pode inscrever:

REGIÃO NORTE
- VALORIZA - Associação de Desenvolvimento Local
A.F.S.D - Cavalo Azul
- Associação 2000 de Apoio ao Desenvolvimento
- AADVDB - Associação de Apoio aos Deficientes Visuais do Distrito de Braga
- ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal
- ACIP - Ave Cooperativa de Intervenção Psico-Social, CRL
- ADM Estrela - Associação Social e Desenvolvimento
- AFUA-HML - Associação de Familiares, Utentes e Amigos do Hospital de Magalhães Lemos
- ANEM - Associação Nacional de Esclerose Múltipla
- APCG - Associação de Paralisia Cerebral de Guimarães
- APCVC - Associação de Paralisia Cerebral de Viana do Castelo
- APCVR - Associação Paralisia Cerebral de Vila Real
- APELA - Associação Portuguesa de Esclerose Lateral Amiotrófica
- APN - Associação Portuguesa de Neuromusculares
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Vila Nova de Gaia
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental do Porto
- APPC - Associação do Porto de Paralisia Cerebral
- ARTENAVE, Atelier - Associação de Solidariedade
AVI-Associação Vida Independente
- CERCI CRL - Cooperativa de Educação e Reabilitação para Cidadãos mais Incluídos de Braga
- CERCIAG - Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades de Águeda
- CERCIFEL - Cooperativa de Solidariedade Social, C.R.L
- CERCIMAC - Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Macedo de Cavaleiros
 CNAD - Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes - Delegação de Braga
- COOPCUIDAR - Cooperativa para o Desenvolvimento e Apoio Bio-Psico-Social do Portador de Deficiência, CRL.
- CVI - Associação CVI - Centro de Vida Independente do Porto
- FOCUS - Focus, CRL - Porto
- PeR - Associação Pais-em-Rede

REGIÃO CENTRO
- Associação de Famílias Solidárias com a Deficiência
- A.R.C.I.L. - Associação para a Recuperação de Cidadãos Inadaptados Lousã
- ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal
- APCC - Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra
- APCV - Associação de Paralisia Cerebral de Viseu
- APPACDM -Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental da Marinha Grande
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental da Figueira da Foz
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Coimbra
- APPACDM - Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Viseu
- APPC - Associação Portuguesa de Paralisia Cerebral de Leiria
- APPDA - Associação Portuguesa para as Perturbações do Desenvolvimento e Autismo, Coimbra
- APSCDFA - Associação de Promoção Social Cultural e Desportiva de Fornos de Algodres
- CASCI - Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo
- CEERIA - Centro de Educação Especial, Reabilitação e Integração de Alcobaça
- CERCIESPINHO - Cooperativa de Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado de Espinho, C.R.L.
- CERCINA - Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Crianças Inadaptadas da Nazaré, CRL
- CERE - Centro de Ensino e Recuperação do Entroncamento
- CVI - Associação CVI - Centro de Vida Independente - (Delegação de Leiria)
- FOCUS - Focus, CRL - Vale de Cambra

REGIÃO DE LISBOA
- ACAPO - Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal
- AlmaSã-CEEA - Centro de Educação Especial de Almada
- APCAS - Associação de Paralisia Cerebral de Almada Seixal
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Setúbal
- APSA - Associação Portuguesa de Síndrome de Asperger
- ARIA - Associação de Reabilitação e Integração Ajuda
- CECD - Centro de Educação para o Cidadão com Deficiência, CRL Mira Sintra
- CERCIMA - Cooperativa de Educação e Reabilitação do Cidadão Inadaptado de Montijo e Alcochete
- CNAD - Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes, CRL de Lisboa
- CREACIL - Cooperativa de Reabilitação, Educação e Animação para a Comunidade Integrada do Concelho de Loures, C.R.L.
- CVI - Associação CVI - Centro de Vida Independente - Sede
- FPAS - Federação Portuguesa das Associações de Surdos
- Inovar Autismo - associação de cidadania e inclusão
- MITHÓS - Mithós Histórias Exemplares Vila Franca de Xira

REGIÃO DO ALGARVE
- APC - Associação Paralisia Cerebral de Faro
- CNAD - Cooperativa Nacional de Apoio a Deficientes - Delegação de Tavira
- CVI - Associação CVI - Centro de Vida Independente - Algarve
- EXISTIR - Associação para a Intervenção e Reabilitação de Populações Deficientes e Desfavorecidas

REGIÃO DO ALENTEJO
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Elvas
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental
- APPACDM - Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Portalegre
- APPACDM - Assoc. Port de Pais e Amigos do Cidadão com Deficiência Mental de Santarém
- CAVI-APCE - Associação de Paralisia Cerebral de Évora
- CERCIBEJA - Cooperativa de Educação e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Beja
- CERCICOA - Cooperativa Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas e Solidariedade Social dos Concelhos de Castro Verde, Ourique e Almodôvar
- CERCIDIANA - Cooperativa para a Educação e Reabilitação e Inserção de Cidadãos Inadaptados de Évora
- CPCB - Centro de Paralisia Cerebral de Beja
- Inovar Autismo - associação de cidadania e inclusão

Relembro que a “Assistência Pessoal” consubstancia-se num serviço especializado de suporte, através do qual é disponibilizado apoio à pessoa com deficiência ou incapacidade, para a realização de atividades que esta, em razão das limitações decorrentes da sua interação com as condições do meio, não possa realizar por si própria.

Apenas são elegíveis as pessoas com deficiência com grau de incapacidade igual ou superior a 60%, e que tenham, cumulativamente, idade igual ou superior a 16 anos.

A incapacidade deverá estar certificada por Atestado Médico de Incapacidade Multiuso ou Cartão de Deficiente das Forças Armadas. As pessoas com deficiência intelectual, as pessoas com doença mental e as pessoas com Perturbação do Espetro do Autismo, com idade igual ou superior a 16 anos, podem ser destinatárias de assistência pessoal, independentemente do grau de incapacidade que possuam. Também as pessoas com deficiência de idade igual ou superior a 16 anos que se encontrem abrangidas pela escolaridade obrigatória podem beneficiar de assistência pessoal, mas apenas fora das atividades escolares.

Fonte: INR

Rede Europeia de Vida Independente - ENIL: Freedom Drive 2019

A Rede Europeia de Vida Independente - ENIL tem o prazer de anunciar que o 2019 Freedom Drive terá lugar em 30 de setembro - 2 de outubro de 2019, em Bruxelas.

O 2019 Freedom Drive será especial, pois ENIL estará comemorando seu 30 º aniversário! Teremos também o novo Parlamento Europeu e a Comissão Europeia, pelo que será uma oportunidade para dar seguimento a todos os compromissos assumidos durante as eleições, conhecer novos deputados do Parlamento Europeu e funcionários da Comissão.

Para além da marcha de protesto e da reunião com os deputados e a Comissão, esperamos ter vários workshops, uma conferência, a nossa Assembleia Geral e, claro, uma festa de aniversário.

Somos gratos à Fundação Bente pelo financiamento de uma parte dos custos da Freedom Drive e procuraremos angariar fundos adicionais da cidade e da região de Bruxelas. Nos próximos meses, sairemos com ideias para captação de recursos em nível nacional, para garantir uma boa representação de todos os nossos membros e aliados.

Obrigado a todos aqueles que responderam à nossa pesquisa da Freedom Drive - a votação foi dividida entre Bruxelas e outras cidades. No final, o Conselho ENIL decidiu ter o Freedom Drive 2019 em Bruxelas, porque a oportunidade de se reunir com deputados, representações permanentes e outras políticas e tomadores de decisão é uma parte tão importante do evento. Além disso, a Diretoria sentiu que ter um novo Parlamento em vigor é uma grande oportunidade para aumentar a conscientização sobre a Vida Independente e defender nossos direitos. Escolhemos a primeira semana de outubro de 2019, porque os preços dos hotéis são mais baixos e o Parlamento está em sessão.

Por favor marque as datas no seu diário e comece a planear as suas viagens para Bruxelas! Esperamos ver muitos de vocês no próximo ano. Por favor, procure futuras atualizações regulares em nosso site e nas mídias sociais. Se você ainda não o fez, faça como nossa página no Facebook da Freedom Drive .

Para mais informações, por favor contate secretariat@enil.eu

Fonte: ENIL

2º Congresso Europeu Sobre Vida Independente

Con este Segundo Congreso se pretende exponer el bagaje de más 15 años de trabajos, que han supuesto cambios sustanciales en las vidas de muchas personas. Con lentitud pero con determinación se siguen prodigando por todo el estado las OVI (Oficinas de Vida Independiente) que, a similitud de los CIL en otros países, tratan de hacer de la ayuda entre pares una barrera ante el mercantilismo y el control sobre nuestras vidas de los estamentos asociativos más caducos.


Noticia: Jorge Falcato - Mais informações: https://congresovidaindependiente.es/

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Abertas candidaturas 5ª edição concurso de fotografia "A Inclusão na Diversidade".

O concurso internacional de fotografia “A inclusão na diversidade” está de volta para mais uma edição, a quinta que completa uma mão cheia de edições que celebram a inclusão, a equidade e a igualdade de oportunidades numa sociedade caracterizada pela diversidade. Participe!

Lançado em 2014 pela Plural&Singular, em parceria com o Centro Português de Fotografia (CPF), local que acolhe a exposição dos vencedores, este concurso de fotografia, em 2018, continua à procura da "inclusão na diversidade" e desafia tanto fotógrafos amadores como profissionais a participar. As candidaturas podem ser entregues por correio ou email até 15 de outubro.

Foram enviadas nestas quatro edições 397 fotografias, quase quatro centenas de imagens que também apontam o dedo à exclusão que ainda teima em existir quer nas questões que digam respeito à deficiência, como também ao género, à orientação sexual, religião, raça e etnia, idade, enfim qualquer questão que dê lugar a atos discriminatórios associados às ‘diferenças’.

O propósito principal deste concurso de fotografia promovido em prol de uma sociedade inclusiva é estimular o “olhar atento” por parte das pessoas ao verdadeiro sentido de inclusão e à presença ou ausência dela no meio que as rodeia, assim como, fazer com que reflitam sobre o que é uma sociedade caracterizada pela diversidade ao mesmo tempo que assinala o aniversário da Plural&Singular e o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, ambos comemorados a 3 de dezembro.

No ano de arranque estiveram 61 imagens em concurso, um número que evoluiu para 85 na 2.ª edição. O resultado da 3.ª edição foi o mais expressivo: 144 fotografias. Mas foi o ano passado, na 4.ª edição, que o concurso de fotografia assegurou o seu lugar internacional: recebeu cerca de 107 fotografias, sendo que metade das candidaturas foram de participantes estrangeiros provenientes de várias latitudes.

Esta 5.ª edição do concurso de fotografia mantém a imagem visual do cartaz elaborado pelo estúdio criativo +1 do cartaz, mas mudou-lhe, mais uma vez, as cores.
O terceiro elemento do júri já foi revelado, mas para os mais distraídos, relembramos que Jorge Falcato, arquiteto e deputado independente do Bloco de Esquerda, é o jurado convidado para avaliar as fotografias enviadas a concurso.

Uma coisa é certa, não vai faltar rigor na avaliação que se espera de Jorge Falcato e ao seu olhar “amador” junta-se, como tem acontecido em todas as edições, o olhar técnico dos dois especialistas que completam o trio de jurados: Sónia Silva, em representação do Centro Português de Fotografia, nomeada presidente do júri, e o fotojornalista do jornal Público, Paulo Pimenta.

Os parceiros de divulgação mantêm-se, mas esta iniciativa continua a aceitar mais entidades que se queiram associar, assim como outros apoios e patrocínios. Aliás, uma das parcerias mais importantes que este ano o concurso de fotografia vai estabelecer é com o Instituto Politécnico de Leiria. Para já mantém-se um pouco de suspense, mas as novidades serão reveladas brevemente.

Aproveita-se para referir que estão disponíveis no site da Plural&Singular as galerias de imagens - de 2014, de 2015, de 2016 e de 2017 - que reúnem as candidaturas das quatro edições. Num concurso dedicado a TODOS, a Plural&Singular dá protagonismo a TODOS e não apenas aos vencedores.
A Plural&Singular volta a lançar um repto a todas as entidades e instituições para participarem e darem a conhecer os projetos que poderão estar por trás das imagens que candidatam. Mais do que ganhar, o objetivo é contribuir para o registo da Inclusão na Diversidade, participando…

Embora esteja patente no regulamento, nota para o facto das fotografias serem avaliadas com base nos seguintes critérios: adequação ao tema do concurso; originalidade; criatividade; composição e podem concorrer todos os fotógrafos, amadores e profissionais, crianças e adolescentes, jovens, adultos e idosos, a título individual ou em representação de alguma entidade.

Por último, sublinhar que os vencedores do concurso são anunciados publicamente com o lançamento da 21.ª edição da revista digital Plural&Singular durante a manhã do dia 3 de dezembro e numa cerimónia a realizar na parte da tarde no Centro Português de Fotografia, no Porto.

Mais informações através do email geral@pluralesingular.pt ou pelo telefone 913077505

Regulamento
Ficha de inscrição
Autorização parental
Cartaz em PDF
Cartaz em JPEG

Fonte e mais informação: Plural&Singular

Ninguém controla as quotas de emprego para pessoas com deficiência no Estado

A contratação de indivíduos com incapacidade igual ou superior a 60% está regulamentada há 17 anos pelo decreto-lei nº 29/2001, que estabelece um regime de quotas para a integração de portadores de deficiência em carreiras do Estado. Ao abrigo deste diploma, os serviços da administração pública levaram a concurso, nos últimos nove anos, 3863 vagas de emprego para portadores de deficiência, segundo dados fornecidos pelo Ministério das Finanças, a pedido do Expresso. 

O problema é que ninguém parece saber quantas destas vagas foram efetivamente preenchidas. Nem o Ministério de Mário Centeno, a quem compete a fiscalização do diploma, através da Direção-Geral da Administração e Emprego Público (na dependência direta da secretaria de Estado da Administração Pública) nem a secretaria de Estado da Inclusão de Pessoas com Deficiência que confirmou ao Expresso, através do seu gabinete de assessoria de imprensa, não dispor de dados. Os grupos parlamentares do PCP e do PSD já pediram esclarecimentos sobre a matéria.

O decreto-lei nº 29/2001 determina que, por cada concurso externo de ingresso na função pública que seja aberto, com um número de vagas igual ou superior a dez, 5% do total de vagas fiquem reservadas a trabalhadores com incapacidade (ver caixa). Segundo as contas do Ministério das Finanças, entre 2009 e os primeiros meses de 2018, em mais de 24 mil vagas criadas nos serviços da Administração Pública, a Bolsa de Emprego Público divulgou 3863 oportunidades (16%) para cidadãos com incapacidade. Não se sabe quantas candidaturas foram recebidas, nem quantas destas vagas ficaram por preencher.

Em outubro do ano passado, o grupo parlamentar do PCP chegou a solicitar ao ministro das Finanças esclarecimentos sobre a aplicação desta legislação. Na altura, Mário Centeno terá reconhecido que, das 2577 vagas para pessoas com deficiência disponibilizadas pelos serviços e organismos públicos, só 47 tinham resultado em contratações (menos de 2% do total) e que durante o primeiro semestre de 2017, nenhum trabalhador havia sido colocado numa das 373 vagas criadas ao abrigo deste decreto.

Concursos sem candidatos e vagas por ocupar
Mas, perante a insistência do Expresso em saber o número de colocações realizadas desde 2009, fonte oficial das Finanças disse só ter disponíveis os dados relativos às vagas criadas no âmbito do diploma, acrescentando que “esses números não correspondem necessariamente ao número de trabalhadores que são efetivamente contratados para a Administração Pública, uma vez que há procedimentos que ficam desertos e outros cujas vagas não são ocupadas na totalidade”. E reforçou ainda que os serviços “não possuem dados relativos a quantos trabalhadores foram efetivamente contratados”.

A secretaria de Estado da Inclusão de Pessoas com Deficiência, também não consegue fazer contas. O Expresso solicitou os mesmos dados ao gabinete da secretária de Estado Ana Sofia Antunes e a resposta foi idêntica: a informação é inexistente.

Esta dificuldade de contabilização não espanta Ana Sezudo, presidente da Associação Portuguesa de Deficientes (APD), que há anos tenta obter a mesma informação junto dos organismos oficiais, sem sucesso. “A resposta que nos é dada é de que a divulgação do número total de profissionais contratados ao abrigo do decreto-lei 29/2001 entra em conflito com a proteção de dados”, explica. Para a presidente da APD, “este é mais um caso em que a legislação até protege as pessoas, mas a sua execução e sobretudo a fiscalização falham, não servindo os interesses a que se propõe”.

Ana Sezudo não tem dúvidas de que as quotas não estão a ser cumpridas. E vai mais longe: “O que tem acontecido de há alguns anos a esta parte é que há muitos concursos que são abertos vaga a vaga e por isso, o patamar de, por cada dez vagas, termos 5% para portadores de deficiência não é cumprido”. Apesar disso, reconhece, o “Estado continua a ser o principal empregador para os portadores de deficiência”. E os números do Ministério das Finanças fornecidos ao Expresso comprovam-no. No final do primeiro semestre de 2017 (dados mais recentes), nos serviços da administração central trabalhavam 11.630 cidadãos com incapacidade igual ou superior a 60%, e na administração regional e local 3.654.

A líder da APD defende que é necessária uma radiografia fidedigna do estado do emprego para portadores de deficiência em Portugal que é, acusa, inexistente. E enfatiza que “só conhecendo a realidade é possível otimizar os mecanismos de apoio para cidadãos com incapacidade, que são atualmente isolados e pontuais”.

E não é a única a defendê-lo. O grupo parlamentar do PSD aprovou em março deste ano o Projeto de Resolução nº 1437/XIII que recomenda ao Governo uma avaliação da aplicação do Decreto-Lei nº 29/2001, sob o argumento de que é fundamental avaliar o impacto da legislação na empregabilidade e inclusão laboral das pessoas com deficiência e que “a informação disponível é escassa e dispersa e não está devidamente sistematizada num documento público que caracterize o panorama da empregabilidade das pessoas com deficiência e forneça dados estatísticos”.

Descodificar a Lei

Enquadramento
A Lei nº 29/2001 estabelece o diploma de quotas de emprego para pessoas com deficiência, com um grau de incapacidade igual ou superior a 60%, nos serviços e organismos da administração central e local e institutos públicos.

Quota de emprego
Em todos os concursos externos de ingresso na função pública em que o número de lugares a concurso seja igual ou superior a dez, é fixada uma quota de 5% do total do número de lugares a preencher por pessoas com deficiência. Nos concursos em que o número de vagas seja inferior a dez e superior a três, está garantido um lugar para candidatos com incapacidade e em concursos com uma ou duas vagas o candidato com deficiência tem preferência, em igualdade de classificação. Funções policiais das forças e serviços de segurança e do corpo da guarda prisional estão excluídas.

Abertura de concurso
O aviso de abertura dos concursos externos de ingresso na função pública deve mencionar o número de lugares a preencher por pessoas com deficiência.

Admissão a concurso
Para efeitos de admissão a concurso, os candidatos com deficiência devem declarar, no requerimento de admissão, o respetivo grau de incapacidade e tipo de deficiência, sendo dispensada a apresentação imediata de comprovativo.

Seleção
O processo de seleção dos candidatos com deficiência deve ser adequado, nas suas diferentes vertentes, às capacidades de comunicação/ expressão.

Avaliação e acompanhamento
Os serviços contratantes devem comunicar anualmente à Direção-Geral da Administração Pública, atual Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP) a abertura dos concursos e o número de lugares preenchidos por candidatos com deficiência. A DGAEP informa, até 15 de abril de cada ano, o secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência sobre a evolução da aplicação da lei.

Fonte: Expresso Emprego

Tecnologia 3D ao serviço da deficiência

O projeto “3D Print 4 Good”, da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental de Coimbra, disponibiliza uma ferramenta de impressão de ajudas técnicas, em três dimensões, que permitirá melhorar a qualidade de vida e autonomia de mais de 240 pessoas com deficiência intelectual.


A cor vermelha na parte inferior da cadeira de rodas elétrica de Alexandre Murta, de 48 anos, não deixa margem para dúvidas. É pelo Benfica que o seu coração vibra. Alexandre tem paralisia cerebral, vive em casa da irmã Armanda Rodrigues, na freguesia de São Paulo de Frades, concelho de Coimbra, e o seu quarto está repleto de emblemas e cachecóis, conta-nos a própria. Tem sido uma vida difícil, esta, enquanto cuidadora do irmão, com tudo o que isso acarreta. Depois de 18 anos a trabalhar numa pastelaria na cidade dos estudantes, o desemprego viria em 2002 e, com ele, a decisão de cuidar da mãe, falecida há um ano e meio, também doente, e de Alexandre. “Deixei tudo por eles. O meu irmão é como se fosse um filho”, desabafa.

O discurso é acelerado mas o sorriso aparece no final da conversa, denotando orgulho na decisão tomada. “Há anos que não sei o que é ir de férias. É uma vida difícil mas não há nada como tê-lo em casa. É o amor que me move”, conta. Mas também é a fé que lhe dá alento e força às pernas cansadas. As artroses e tendinites já dão de si, o sistema nervoso está comprometido, mas nada a afasta de tratar dos seus. “Assim vamos andando dia-a-dia e só peço a Deus que me permita continuar. Não sei o que seria do meu irmão sem mim.”

Alexandre passa os dias da semana no Centro de Atividades Ocupacionais de São Silvestre, uma unidade da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Coimbra. Ao final da tarde regressa para casa onde vive com a irmã, o cunhado e a sobrinha Eunice Filipa, de 33 anos. Eunice “é a luz dos seus olhos”, conta Armanda.

O irmão de Armanda é um dos beneficiários do projeto “3D Print 4Good – Tecnologia 3D ao serviço da deficiência”, que teve início em abril com o objetivo de criar produtos de apoio feitos à medida para melhorar a autonomia diária de quem precisa. “São ajudas técnicas prototipadas, desenhadas num software próprio de raiz e impressas num plástico resistente”, salienta Ana Branco Rocha, mentora e gestora do projeto, além de membro da empresa Sleeklab, parceira da iniciativa.

Apoios para diferentes necessidades
E que produtos são estes? Variam consoante as necessidades dos beneficiários e vão desde os objetos que melhoram a execução de atividades de vida diária, como a higiene, a alimentação ou a locomoção, e estendem-se a áreas de lazer como o desenho ou a escrita. Falamos de engrossadores e adaptadores de talher, lápis e escovas de dentes, mas também encaixes de agulhas, réguas para carpintaria ou adaptações de calha para boccia, entre outros.

Alexandre já tem à disposição ajudas ao nível alimentar. “Como ele não movimenta a mão esquerda, tem dificuldade em comer sozinho. Com esta ajuda, já faz as refeições pela própria mão, o que é muito bom”, salienta Armanda.

A iniciativa valeu à APPACDM uma menção honrosa no Prémio BPI Capacitar, organização conjunta do BPI e da Fundação “la Caixa”, no final do ano passado. A verba, de quase 48 mil euros, foi utilizada “na compra de uma máquina de impressão 3 D e na contratação de um técnico que acompanha a elaboração dos protótipos das peças e ajuda na criação de uma plataforma em que são colocadas à disposição das instituições que as solicitem”, explica a presidente Helena Albuquerque.

A ideia já está a fazer a diferença na vida das pessoas apoiadas pela associação, mas também na dos seus familiares e cuidadores que não encontravam estas respostas no mercado habitual. “A técnica de impressão e modulação 3D traz a vantagem de podermos criar produtos de apoio personalizados, ou seja, perfeitamente adequados não só às características / anatomia da pessoa com deficiência, mas também à função a que se destina”, salienta Ana Branco Rocha. “Acresce ainda que qualquer peça que possa ser conceptualizada pelo próprio utilizador, ou pelo cuidador, técnico ou familiar, e que tenha como função ajudá-lo na realização de determinada tarefa, pode ser prototipada e concretizada fisicamente.”

Desde o arranque da iniciativa foram registados mais de 30 pedidos de desenvolvimento de produtos de apoio, o que veio confirmar a “grande necessidade de produtos sentida por quem está no terreno, bem como o interesse e compromisso dos técnicos com o sucesso deste projeto”, sublinha.

No total, 242 utilizadores podem vir a beneficiar da ajuda, mas o objetivo é apoiar mais pessoas, sobretudo quando a associação disponibilizar o serviço à comunidade e a outras instituições. Todas as unidades da APPACDM já dispõem de peças impressas para serem testadas junto dos utilizadores e avaliar-se o seu potencial.

Fonte: Magazine