As lesões medulares afetam 30 pessoas a cada 1 milhão de habitantes, principalmente homens na
faixa etária entre 20 e 30 anos com acidentes automobilísticos. Sob o ponto de vista biomédico, observa-se a existência de danos ou anormalidades estruturais e funcionais do corpo, que passa a apresentar alguma incapacidade.
As paraplegias resultam de lesões (traumáticas ou não), que comprometem os segmentos medulares, ocasionando perda total dos movimentos e da sensibilidade dos membros inferiores. Como consequência, é possível ocorrerem perdas relacionadas com as excreções das funções sexuais (como ereções, ejaculações e fertilidade).
É comum que ocorra a insensibilidade das regiões abaixo das lesões, com a inibição das estimulações táteis, mas o desejo sexual persiste, apesar das sequelas do trauma. Nossa experiência demonstra que a persistência dos estímulos nos músculos sexuais e nos tecidos adjacentes provoca a reorganização funcional dos agentes da erotização dos tecidos, do prazer e do orgasmo.
A ênfase do nosso trabalho é aumentar as áreas de sensibilidade que produzem a excitabilidade sexual, pois a incontinência sexual acarreta um maior dano e comprometimento desses tecidos orgânicos, responsáveis pelo prazer. Nossa experiência, respeitando os danos causados pelas lesões, demonstra que é possível recuperar gradualmente as percepções e sensibilidade através de estímulos localizados nos músculos sexuais, num processo de reorganização funcional com enfoque eminentemente terapêutico.
Estudos comprovam que o toque permanente em regiões sem alguma sensibilidade proporciona novas ramificações de células condutoras que estimulam o cérebro a criar novos caminhos entre Vias Aferentes e Vias Eferentes.
Os terapeutas credenciados especializados nessa abordagem atuam justamente no resgate e na recuperação das conexões do prazer com os sentidos. O resultado manifesta-se no corpo físico, pela descoberta de novas formas de prazer e de orgasmo.
O trabalho irá afetar a forma como a pessoa com deficiência respira, sente, atua e compartilha o prazer e o êxtase, reorganizando novas informações e estímulos vinculados aos músculos sexuais. O prazer torna-se mais real, sem o uso da fantasia, dando oportunidade ao corpo para criar novas conexões neurológicas.
Você irá aprender novas técnicas que irão aprofundar a sua intimidade, criando maior contato com o seu centro de energia, mais relaxamento e confiança, harmonizando-se e integrando-se a um estado de paz e harmonia.
A sexualidade das pessoas com deficiência é muito mais complexa do que se pode imaginar. Assim como ocorre com todas as pessoas, não dá para dizer que os corpos reagem de forma igual aos estímulos. Os resultados do trabalho dependerão de alguns fatores, como altura da lesão na medula, gravidade da fratura, capacidade psicológica para enfrentar o problema e a qualidade no processo de reabilitação.
Nem todas as pessoas chegam a ter comprometimento da função sexual após a lesão. Para essas, o ganho do trabalho poderá ser mais enriquecedor. No entanto, deixar de trabalhar os estímulos sexuais pode ocasionar um aumento significativo da perda da libido e um comprometimento definitivo nos tecidos orgânicos relacionados com o prazer, principalmente nos genitais. Os músculos sexuais ficam demasiadamente frouxos e, sem uma tonificação adequada, acabam atrofiando completamente as funções sexuais.
No Tantra, você aprenderá que existem diferentes tipos de orgasmo, relacionados a estímulos provocados de diferentes densidades, usados especialmente para essa finalidade. Os estímulos foram especialmente elaborados para ativar as vinculações nervosas, proporcionando novas informações sensoriais e respostas motoras. Por exemplo, o clitóris está ligado a apenas um dos quatro conjuntos de nervos envolvidos com o prazer sexual, o “pudendo”. O colo do útero tem três nervos relacionados às informações funcionais orgânicas e de prazer, o “pélvico”, o “hipogástrico” e o “vago”.
Antigamente, acreditava-se que o nervo vago passava por dentro da coluna vertebral e terminava no intestino. Mas o nervo vago se estende por fora da medula saindo diretamente do cérebro, desce pelo pescoço, passa pelas cavidades torácica e abdominal e chega até a região pélvica. A primeira evidência de que havia enervações do vago no colo do útero e talvez na vagina foi publicada em 1990, com base em um estudo com ratos. (Sielo 2009).
Alguns homens e mulheres com lesão na coluna, observados em estudos anteriores, tiveram orgasmos sem precisar de toques genitais. Uma carícia no ombro ou no pescoço em alguns casos bastava. Provavelmente devido a uma hipersensibilidade na área da lesão, segundo os autores, essas pessoas sentiam dor ou prazer com facilidade.
Fisiologicamente , o corpo responde a estímulos de toque, mas para isso é preciso saber tocar e saber fazer o outro sentir também. Os trabalhos desenvolvidos com o Tantra, têm proporcionado excelentes resultados com pacientes, homens e mulheres, que, por algum motivo, tiveram perdas pequenas ou médias de sensibilidade corporal, relacionados à ereção, à ejaculação e ao orgasmo, perante as estimulações de caráter sexual. Para esses pacientes, poder sentir de 1 a 10 % de sensibilidade sexual já representa um ganho excepcional que justifica o investimento nos tratamentos de recuperação neuro-funcional.
O trabalho de reorganização sensorial objetiva cria novas inervações sensitivas mecânicas, favorecendo a formação de novas sinapses neurológicas que conduzam a experiência sensorial para o encéfalo, criando o reconhecimento neuronal do prazer e do toque, acordando os atributos dos tecidos erógenos do corpo, capazes de levantar a energia a um nível satisfatório para uma experiência de êxtase, de orgasmo e de prazer.
Cada corpo responde de formas diferentes, produzindo os novos caminhos informativos pelo corpo.
Através de uma compreensão que vai além da fisiologia, contestamos a idéia de que a ausência de sensibilidade nos genitais está associada à indiferença ao sexo. Nosso trabalho se fundamenta principalmente na produção dos humores corporais, os hormônios, fazendo com que o cérebro responda e atue, independentemente da genitália, na gênese da experiência erótica, fazendo com que as pessoas que passaram por lesões raquimedulares redescubram o desejo e a satisfação de compartilhar o prazer sexual com seus parceiros.
Na lesão medular o impulso sexual está integralmente preservado, podendo permanecer oculto no desequilíbrio emocional subsequente à lesão. O trabalho de suporte terapêutico através dos estímulos adequados nos músculos sexuais fará com que, dentro de semanas ou meses, recuperem suas funções sexuais.
As pessoas com paraplegias necessitam de ajuda na reconstrução de sua identidade sexual, uma elaboração de uma nova imagem corporal que recupere a auto-estima. Novos estímulos, especialmente elaborados no Centro Metamorfose, podem ajudar a reconstruir os papéis de vitalidade dos componentes masculino e feminino presentes no corpo e no psiquismo de nossos clientes especiais.
Existe a idéia pré-concebida de que um corpo fisicamente limitado será também um corpo sexualmente limitado, o que não corresponde à realidade. Existem inúmeras possibilidades alternativas para a manifestação da sexualidade, para a obtenção do prazer e para a perspectiva de trocas de intimidade para as pessoas portadoras de necessidades especiais, afastando a idéia de que o deficiente físico é assexuado.