quarta-feira, 29 de junho de 2016

De volta a casa

Quanto mais me afastava do Centro (lar), mais o coração apertava. Sentia uma angústia e um desconforto muito grande. Era como se estivesse a sair da minha zona de conforto, de um lugar onde estava protegido. Sentimentos que me acompanharam até a casa.

Encosto a cadeira de rodas á mesa, avisto pela janela o esplendor da natureza, e finalmente sinto que estou em casa e a angústia diminui. Vejo o familiar bando de corvos a deixar-se levar pelo vento…o cartaxinho pousado na cerca em frente, o picanço bebé no candeeiro... Melhor receção impossível. Velhos conhecidos a desejarem-me boas vindas. Durante momentos senti-me de volta a casa, no meu espaço.

1ª noite, após o apagar das luzes e ser deixado só, os sons da noite e a escuridão obrigaram-me a ficar acordado durante algum tempo, mas depressa chamei pelo sono e o obriguei a levar-me dali para fora. Com a manhã vem o alívio. 1ª noite passada sem grandes problemas o que aconteceu até à última noite. Difícil acreditar que tudo funcionou na perfeição.

O receio de ter de precisar de ajuda durante a noite e não a ter, era o meu maior medo. A logística também. Maioria dos equipamentos de apoio ficaram no lar. A própria casa já não se encontra operacional. Mas tudo se resolveu com a preciosa ajuda da Euridice e Rafaela, minhas cuidadoras de todas as horas. Até a bexiga, intestinos e outras miudezas resolveram se associar á festa e deixaram-me em paz.

“Vi-o nas fotografias e nota-se que está feliz”. “Teus colegas têm mesmo cara de boas pessoas”. Ouvi estas frases algumas vezes. Ainda bem que transparece cá para fora o quanto estou feliz por estar no Centro de Apoio Social da Carregueira (CASC), e o quanto sou acarinhado por toda a família que o compõe. É a pura realidade. Não tenho palavras para descrever o quanto me fazem bem.
Ali encontrei o que pensei não ter direito: respeito, amor, solidariedade, honestidade, profissionalismo, verdade...mas principalmente paz, respeito pelo meu trabalho e confiança. E não é de agora. Logo que iniciei funções, e ainda estagiário, a direção fez questão de me incluir nas reuniões de direção, da equipa técnica, do CLAS-Conselho Local de Ação Social (estruturas concelhias de funcionamento do Programa da Rede Social), tendo inclusive solicitado á Chamusca, alteração do local dos encontros para um espaço acessível, o que aconteceu de imediato. No CASC sinto-me por inteiro, valorizado e olhado como sou. Um técnico de serviço social, que por acaso é tetraplégico. Nada mais.

O lar

O lar é o lar. Um espaço frio, impessoal, de sofrimento até, lugar onde maioria chega para ser a sua última residência...mas também um lugar de amor, solidariedade, ternura, acolhedor, familiar, lugar de alegria de esperança e de escolha de muitos. Para mim continua a não ser o local adequado, mas o melhor de momento. Em casa voltou a nostalgia e a possibilidade de poder com outra clareza/isenção comparar e realizar o balanço deste ano passado no lar. Faz no próximo mês um ano que fui institucionalizado.


E concluo que neste momento a segurança e a paz que encontro neste espaço é o mais importante para mim. Senti-o quando estava a sair. Foi uma sensação de perda e medo. Sair para a incerteza e instabilidade. Para quem não conhece a ERPI-Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, minha atual casa, pode pensar que se trata de mais um local fechado e minúsculo com camas amontoadas, onde só existe sofrimento, maus tratos, cheiros nauseabundos e tudo o resto, mas não é o caso, espaço é amplo, quartos são na sua maioria individuais com WC privativo, existe uma equipa técnica multidisciplinar e embora não seja o local perfeito, é um local onde a dignidade humana é o foco principal.

Quem manda...

Maioria dos relatos que recebo de quem se encontra nestes lares, são assustadoras e nada dignificantes da qualidade humana. Confesso que cheguei a pensar que todos os lares seriam mais ou menos assim. Mas estava errado, embora tenha como lema não julgar antes de conhecer a realidade, e evitar generalizar, era difícil não pensar desse modo perante situações que vivenciei e me foram apresentadas.

O CASC Carregueira é a prova que existe exceções. Desde o meu primeiro contato com o Centro e sua direção/equipa técnica, vi que ali era diferente, e ainda bem que é para melhor. A direção é de uma humanidade incrível. Nosso presidente Duarte Arsênio que se dedica 24 horas por dia ao Centro, tesoureiro José Rodrigues que após o seu horário de trabalho ali fica sempre pronto para o que for preciso, diretora técnica Telma Leitão, uma mulher que nunca vira a cara á luta, vice presidente Maria Eduarda sempre pronta a colaborar.

De volta ao lar após uns dias em casa a tratar de uns assuntos, concluo que sou um privilegiado por estar rodeado de gente tão especial. À direção, colegas utentes e colegas de trabalho, obrigado por tudo o que me proporcionam e me fazerem acreditar num futuro melhor.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Minha análise à lista homologada de produtos de apoio para 2016

No inicio do mês de Junho, foi finalmente publicado em Diário da República, o Despacho anual n.º 7197/2016, onde consta a lista homologada de produtos de apoio. Trata-se da lista de produtos de apoio autorizados pelo Estado a atribuir gratuitamente, durante o ano de 2016, a pessoas com deficiência, mediante prescrição médica, conforme define o SAPA-Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio.

Tinha a esperança, que o facto de pela primeira vez um cargo de destaque no Governo ser da responsabilidade de uma pessoa com deficiência, designadamente a Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, conhecedora como ninguém dos nossos reais problemas, as coisas melhorassem, mas não foi o caso.

É com tristeza que verifico que com ou sem Secretária de Estado com deficiência, o Instituto Nacional para a Reabilitação, no que toca ao SAPA, continua a realizar um péssimo trabalho.

Vejamos somente alguns exemplos: Cadeira de rodas manual, andarilho, canadianas… continuam a ser prescrito por fisiatra e cama articulada basta um médico de clínica geral.

Rodas, pneus, travões, baterias (câmaras de ar não temos direito) para cadeira de rodas, temos de ir a uma consulta de fisiatria para prescrever o material. Ou seja, ficamos sem baterias, encostamos a cadeira, e ficamos na cama a aguardar meses que processo se conclua e cheguem novas baterias, não esquecer que os acessórios, como é o caso das baterias são taxadas a 23% IVA e custam aproximadamente €500.

Também estou para entender o porquê de no dia 23 de Fevereiro de 2016, ser publicado no sítio do Instituto da Segurança Social um Guia Prático Sistema de Atribuição de Produtos de Apoio, que mereceu estes meus comentários na altura, e no dia 13 de Abril do mesmo ano, sair outro Guia Prático.

Outras alterações:

Na categoria de “órtóteses e próteses /órtoteses para a coluna”, foi acrescentado o neurocirurgião à equipa multidisciplinar. Ficou de prescrição obrigatória equipa com: ortopedista, fisiatra ou neurocirurgião;

Na categoria “outras próteses excluindo as próteses dos membros/próteses mamárias” em 2016, também foi adicionada a ginecologista á equipa prescritora. Ficou composta por fisiatra, cirurgia ou ginecologista;

Já em “próteses oculares” foi excluído o cirurgião plástico;

Foi adicionada a categoria: “Produtos de apoio para medição das propriedades físicas e fisiológicas humanas” com: Termómetros corporais e balanças para pessoas. Prescrição: Equipa Multidisciplinar com médico;

Na categoria “carros/adaptação para carros”, na equipa onde já existia fisiatra, foi acrescentado também terapeuta ocupacional e foram adicionados os produtos: adaptações para carros para acionar funções secundárias e também cintos e sistemas de segurança para carros;

Em “cadeiras de rodas motorizadas”, além das cadeiras de rodas elétricas com comando de direção elétrico, entrou cadeiras de rodas elétricas com comando de direção;

Também entrou na nova lista: “Produtos de apoio para elevação”, com os produtos: gruas de elevação com fundas e unidades de suporte da pessoa para gruas;

Em “produtos de apoio para desenho e escrita” entrou “máquinas de escrever” e em “produtos de apoio para cálculo” entrou “máquinas de calcular”;

Na categoria “produtos de apoio para telefonar (e mensagens telemáticas)”, acrescentou telefones para redes móveis;

Nos “produtos de apoio para alarme, indicação e sinalização” surgiu também, indicadores com sinais acústicos e indicadores com sinais mecânicos;

Foi excluído materiais de leitura em caracteres ampliados em “Produtos de apoio para leitura”;

Para prescrever computadores e periféricos na equipa multidisciplinar entrou oftalmologista;

Aos computadores portáteis e assistentes pessoais digitais (PDA), foi acrescentado computadores de secretária (não portáteis);

Também foi criada a categoria “produtos de apoio para melhorar o ambiente, ferramentas e máquinas/instrumentos de medida” com os produtos: produtos de apoio e instrumentos para medir o comprimento; Produtos de apoio e instrumentos para medir as cores e produtos de apoio e instrumentos para medir os níveis de som;

A categoria “instrumentos de artificie, materiais e equipamento”, foi substituída por “produtos de apoio para atividades recreativas/equipamento, ferramentas e materiais para trabalhos manuais”;

Mais…

Em “produtos coletores de urina”, ainda não descobri o que é sacos coletores de urina, com abertura, não aplicados no corpo e urinóis e garrafas de urina, não aplicados no corpo.

A maioria dos processos para requerer produtos de apoio, continuam a demorar meses para serem concluídos. O acesso aos produtos de apoio pelas pessoas com deficiência, tem de existir sem entraves e dificuldades como exige a Lei. Não podemos tolerar que continuem a impedir-nos de aceder gratuitamente, e de forma justa e célere, a produtos tão importantes para o nosso dia-a-dia como uma simples cadeira de rodas ou a substituição de um pneu.

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domingo, 19 de junho de 2016

Prestação única para deficientes terá majoração para custos específicos

A prestação única para pessoas com deficiência, medida que poderá integrar o Orçamento do Estado para 2017, terá uma vertente de majoração de custos específicos, como educação e reabilitação, anunciou a secretária de Estado Ana Sofia Antunes.

A secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência está em Nova Iorque, a participar na IX Conferência de 'Estados Partes' da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promovida pelas Nações Unidas, que decorre até quinta-feira.

De acordo com informação do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Sofia Antunes realçou, na sua intervenção, a importância dos recursos financeiros para a promoção de "verdadeiras políticas de inclusão em prol das pessoas com deficiência".

Nas palavras da secretária de Estado, Portugal está agora a inverter a política de corte seguida pelo anterior Governo, e aproveitou para apontar quatro políticas públicas que o actual executivo quer implementar.

Dentro deste pacote, Ana Sofia Antunes referiu a prestação única para pessoas com deficiência, que, segundo a secretária de Estado, incluirá uma vertente de majoração de custos específicos, nomeadamente para educação e reabilitação.

Apesar de não especificar como é que isso será aplicado, a secretária de Estado acrescentou que a prestação única terá também uma vertente de complemento solidário, "com vista a combater as situações de maior pobreza entre esta população", e uma vertente de cidadania, sendo uma "prestação para todos".

A governante aproveitou para salientar também a criação do sistema de Apoio à Vida Independente, que será feito através da constituição de centros de apoio e da formação de assistentes pessoais. Estes assistentes pessoais terão como função prestar "serviços directos a pessoas com deficiência, ao nível das actividades da vida diária, apoio à deslocação, mediação, etc.".

De acordo com Ana Sofia Antunes, é igualmente intenção do Governo apostar na escola inclusiva "de segunda geração", com todas as crianças com deficiência a poderem estar em sala de aula, num "ambiente de inclusão e de aprendizagem com os respectivos colegas, garantindo-lhes os apoios necessários a um percurso escolar bem-sucedido".

Por último, a responsável disse que o Governo pretende promover a acessibilidade física e digital das pessoas com deficiência, "mediante parcerias a desenvolver a nível local".

Ana Sofia Antunes frisou igualmente que as "políticas de cortes", levadas a cabo pelo Governo de Passos Coelho nos últimos quatro anos, "tiveram um impacto extremamente negativo nas condições de vida das pessoas com deficiência, afectando seriamente o respeito pelos direitos humanos". "As pessoas com deficiência são, ainda hoje, um grupo vulnerável, mesmo em Portugal", admitiu.

Fonte: Jornal de Negócios

A cultura não é para todos. Mas há honrosas excepções

Quem anda de cadeira de rodas ou é anão não consegue muitas vezes ver a cara de quem lhe vende o bilhete num teatro, porque a bilheteira é demasiado alta. Ou não consegue subir ao andar superior do museu para ver a exposição que queria, porque só há acesso por escadas. Se tiver problemas de visão, pode não conseguir ler as letras minúsculas de um panfleto. E são muitos os que nem sempre compreendem o que diz o guia da visita, que fala rápido e de forma confusa.

“Muitos funcionários e directores de museus e instituições culturais nunca tinham pensado nestas questões” – é essa a raiz do problema que a Acesso Cultura, uma associação sem fins lucrativos criada para melhorar as condições de acesso, físicas, sociais e intelectuais, aos espaços de cultura no país, anda há três anos a tentar minimizar, explica ao PÚBLICO a directora executiva Maria Vlachou. Foi de resto para isso que lançou os prémios entregues esta sexta-feira no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, em Lisboa, e que distinguiram, pelas suas boas práticas na promoção da melhoria do acesso à cultura, o Parque Biológico da Serra da Lousã, a Sociedade Artística de Pousos, a companhia de teatro Comédias do Minho e o grupo Dançando com a Diferença. Traduzindo: um parque biológico que desenvolveu uma quinta terapêutica para pessoas com deficiência, doença mental ou em situação de desemprego de longa duração (e ainda três museus, um parque de vida selvagem e uma quinta pedagógica). Uma associação musical que trabalha regularmente com a comunidade cigana, e que prepara agora uma ópera com os reclusos do Estabelecimento Prisional de Leiria para estrear na Gulbenkian. Um grupo que assumiu como missão levar o teatro às aldeias mais isoladas do Alto Minho. E uma companhia de dança pioneira na inclusão de intérpretes com deficiência.

A Acesso Cultura, diz Maria Vlachou, quer que as idas ao teatro e a concertos e as visitas a museus e exposições não sejam um privilégio de alguns, mas um direito de todos. Após três anos de trabalho no terreno, reconhece que ainda restam muitas dúvidas e que, normalmente, apenas os serviços educativos estão sensíveis para estas questões. Mas há honrosas excepções, a vários níveis, como os quatro trabalhos premiados demonstram.

Foram as práticas de “excelência de integração e de acessibilidade social” que valeram ao Parque Biológico da Serra da Lousã o prémio Acesso Cultura de Acessibilidade Integrada (física, social, intelectual). O parque integra, lado a lado com as actividades de turismo e de promoção do património da região, pessoas com deficiência, doenças mentais e desempregados de longa duração no mercado de trabalho, numa autêntica quinta terapêutica. Num formato que júri considerou “inovador”, o parque biológico inclui três museus que promovem as artes tradicionais e o património natural da região, um parque de vida selvagem e uma quinta pedagógica com centro hípico, entre outros espaços de contacto com a natureza e um hotel adaptado a pessoas com mobilidade reduzida.

O grupo Dançando com a Diferença venceu o prémio de Acessibilidade Física, dado o seu trabalho pioneiro em Portugal, na inclusão de pessoas com deficiência numa companhia de dança. “Inúmeros foram os artistas que tiveram as suas primeiras experiências com artistas com algum tipo de deficiência”, o que permitiu a mudança de mentalidades e a criação de novos espaços de dança inclusiva, referiu o júri.

Na categoria de Acessibilidade Social, os prémios foram para o grupo Comédias do Minho e para a Sociedade Artística Musical dos Pousos (SAMP). O primeiro diferenciou-se “pelas boas práticas” de levar o teatro a aldeias do Vale do Minho. O júri destacou que o projecto criou “uma vasta rede cultural”, que envolve políticos, trabalhadores na área da cultura e desenvolvimento local, artistas amadores, educadores e jovens. Em Leiria, a SAMP é uma sociedade cultural que tem desenvolvido uma série de projectos com idosos, crianças, reclusos e portadores de deficiência. Através da música, a associação promove a integração destes grupos excluídos na comunidade e dá-se a integrar noutras comunidades, como a cigana.

Para além dos quatro premiados nas categorias principais, outros seis projectos receberam uma menção honrosa: a associação cultural d'Orfeu pelo Projecto opÁ! – Orquestra Percussiva de Águeda, a Fundação de Serralves e a Laredo Associação Cultural pelo projecto Serralves em Língua Gestual Portuguesa, os Parques de Sintra – Monte da Lua pela aplicaçãoTalking Heritage, que o júri considerou um exemplo de turismo acessível por permitir a alteração de tamanho da fonte e a auto-vocalização, assim como incluir a descrição em áudio e língua gestual dos conteúdos. As outras menções foram para o projecto Há Festa do Campo, o Museu de Leiria e a Orquestra de Câmara Portuguesa, pelo projecto Notas de contacto.

No total, 38 projectos foram submetidos à avaliação do júri composto por Ana Garcia (especialista em Turismo Acessível e representante em Portugal da ENAT – European Network of Accessible Tourism), Graça Santa-Bárbara (museóloga e responsável pela Comunicação do Museu Nacional dos Coches) e Marta Silva (bailarina e directora do Largo Residências).
Simplificar

A Acesso Cultura conta com trabalho voluntário e pro bono de associados e não associados. Associados activos são já 109. Um “crescimento extraordinário” para quem começou em 2012 com um grupo de 17 pessoas, nota Maria Vlachou. Pelas formações que dedicam a funcionários de associações culturais passaram, em 2015, cerca de 500 pessoas. “Os cursos têm muita procura e, nestes três anos, temos tido todos esgotados”, frisa a directora da associação.

As formações vão desde a teoria à prática, e visam alertar os profissionais da cultura para a necessidade de articulação entre “as várias áreas de uma instituição cultural, desde a técnica, à direcção, programação e comunicação, para produzir uma oferta acessível”. A Acesso Cultura faz também consultoria e diagnósticos a pedido de museus, salas de espectáculos e todo o tipo de instituições públicas ou privadas que se dedicam à cultura.

A organização não esquece que as barreiras físicas podem “ser as mais fáceis de combater”, e sublinha que há questões esquecidas: “Há ainda uma grande falha na comunicação. Muitas pessoas não conseguem ler porque o design é mau, ou não conseguem perceber, porque a linguagem é de especialistas”. Simplificar é, para esta associação, a pedra de toque: uma forma de tornar itens básicos como os panfletos de uma exposição acessíveis a todos.

E há muito na melhoria das condições de acessibilidade que não passa, necessariamente, por mais dinheiro. “É uma questão de ter outra mentalidade. Para fazer um folheto legível gasta-se o mesmo”, destaca Vlachou.

Em 2016, a associação levou, pelo segundo ano consecutivo, as preocupações recolhidas com a experiência no terreno à Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), cuja responsável, Paula Silva, garantiu estar a ser revisto o conceito de família para efeitos das entradas em museus e espectáculos, uma das preocupações da Acesso Cultura. Hoje, é considerada uma família um grupo de pessoas com parentesco de primeiro grau provado, o que “muitas vezes não se aplica a algumas famílias portuguesas” e ignora até o conceito de família definido por lei, nota Maria Vlachou.

A associação reforçou também junto da DGPC a necessidade de melhorar os equipamentos da Rede Nacional de Museus: nem sempre estes cumprem as regras de acessibilidade física para além daquelas que são especificamente consagradas pela lei e que apenas dizem respeito a pessoas com mobilidade condicionada. É que há dificuldades de acesso, salientam, que não têm a ver com mobilidade.

Fonte: Público

Windows 10 grátis para quem usa tecnologias de acessibilidade

A gigante Microsoft pretende criar uma relação de parceria com os usuários para construir um sistema operacional mais acessível. É por isso que quem utiliza astecnologias de acessibilidade do seu software vai poder atualizar o Windows 10 sem pagar nada por isso.

Trata-se de um benefício exclusivo, já que os demais usuários passarão a ser cobrados pela atualização realizada a partir do mês de julho.

Tecnologias de acessibilidade no Windows 10

Uma nota oficial da Microsoft confirmou: a atualização gratuita do Windows 10 é uma espécie de promoção e ela tem prazo definido para acabar. A partir do dia 29 de julho, o aplicativo que permite a migração das versões antigas para a mais recente irá desaparecer e será preciso desembolsar pelo menos US$ 119 para conseguir atualizar.

A resolução é válida para a maior parte dos usuários do sistema, exceto aqueles que utilizam as versões com tecnologias de acessibilidade. Para essa parcela dos clientes, a empresa definiu que, mesmo após o fim do prazo, eles seguirão sendo beneficiados com a gratuidade no download da versão mais recente do software da marca americana.

Essa facilidade é parte de uma política já anunciada pela desenvolvedora, que deseja garantir às pessoas com deficiência o direito de acessar os recursos que tornam o Windows 10 e todas as suas aplicações mais fáceis e adequadas para as limitações dos clientes.

O software já havia sido lançado com uma visão de acessibilidade, que pretende ser mantida pela empresa. A gratuidade na atualização para quem usa as tecnologias especiais é uma das ações que compõem um objetivo final: o de otimizar as opções de uso para pessoas com deficiências ou limitações.

Ao permitir que os usuários de tecnologias de acessibilidade obtenham o Windows 10 de forma gratuita, a Microsoft abre espaço para que mais pessoas nessas condições façam o download do software e registrem sua opinião sobre a qualidade e o funcionamento das soluções criadas pela empresa.

A ideia é garantir que todos os usuários do Windows 10, sem exceções, consigam usar o Menu Iniciar, a tela de bloqueio, as configurações e aplicativos como a assistente por voz Cortana, Loja, Música e Vídeo sem nenhuma barreira ou complicação, independente de quais sejam as suas próprias condições.

Ao final, a Microsoft deve produzir tecnologias mais compatíveis e com melhor performance. O navegador Edge deve ganhar lente de aumento, modo narrador e outras tecnologias de acessibilidade. No aplicativo de e-mails, otimização nos suportes para leitores de tela.

O que o sistema operacional oferece

Lançado em 2015, em mais de 190 países, o Windows 10 conta com questões familiares os usuários, como o Menu Iniciar, a barra de tarefas e a área de trabalho, além dos blocos dinâmicos atualizáveis. Tudo isso em um projeto criado para sercompatível com qualquer hardware e que se ocupa mais de garantir que o aparelho esteja em segurança.

Compatível com o Xbox One, ele é o melhor sistema operacional do mercado para quem gosta de jogos eletrônicos.

No navegador, adeus ao Explorer. O Edge é mais completo, permitindo eliminar aquilo que distrai você enquanto lê ou produz algo, além de permitir que escreva e acrescente conteúdo direto nas páginas da web.

Na versão para dispositivos móveis, o sistema operacional conta com o Continuum, um programa que transforma os celulares em computadores para produção de conteúdos ou projetores de tela grande para momentos de entretenimento.

Fonte: Turismo Adaptado

segunda-feira, 13 de junho de 2016

“Quando nos portamos bem vamos para a sala dos deficientes”

A frase de um menino de uma escola com uma unidade de apoio especializado para crianças com deficiência é citada pelo presidente da Associação Pró-Inclusão que considera que estas unidades “são muitas vezes desvirtuadas”, funcionando como instrumentos de segregação

O presidente da associação Pró-Inclusão, David Rodrigues, denunciou recentemente situações de unidades de apoio especializado para crianças com deficiência que funcionam nas escolas como instrumentos de segregação em vez de inclusão.

As unidades de apoio especializado foram criadas como instrumento de inclusão, mas “são muitas vezes desvirtuadas”, afirmou o presidente da Pró-Inclusão -- Associação Nacional de Docentes de Educação Especial na conferência “Necessidades Educativas Especiais, Deficiência e Escolaridade Obrigatória - Quais os Desafios?”, que decorreu na Assembleia da República.

Para David Rodrigues, estas unidades de apoio especializado a crianças com necessidades educativas especiais, que funcionam nas escolas de ensino regular para oferecer uma resposta de qualidade a estes alunos, deviam ser monitorizadas.

“Precisamos de uma monitorização porque não podemos aceitar que existam unidades de ensino de apoio especializado em que os meninos nunca saem da sala de apoio ou saem para ir à educação física ou meninos que vão almoçar a horas diferentes dos outros meninos da escola”, sublinhou o investigador da Universidade de Lisboa.

O presidente da associação contou que esteve recentemente numa escola em que a unidade de ensino especializado funcionava como “prenda para os outros meninos” que se portavam bem e “faziam alguma coisa de bom”.

“Houve um menino que me disse: quando nos portamos bem vamos para a sala dos deficientes”, que tem “computadores, jogos e equipamentos fantásticos”, contou o responsável na sua intervenção na conferência com o tema “Tornar a educação mais inclusiva: dos direitos às opções”.

Para David Rodrigues, estas situações não podem acontecer: “Nós não podemos aceitar isso, porque assim não são unidades de apoio especializado, são unidades de apoio segregado”.
“Eu não posso conceptualizar os recursos de apoios especializados como se fossem uma coisa diferente da escola. A escola deve ser um espaço de inclusão onde os recursos estão ao serviço de todos os alunos”, sustentou.

O investigador sublinhou que se estas unidades não funcionam como “instrumento de inclusão, são completamente inúteis, vide perniciosas”, e devem ser tiradas das escolas regulares, porque “é uma incoerência”.

Contudo, ressalvou, “nós acreditamos que as unidades têm que ser estruturas de inclusão e como tal têm que se manter, reforçar e aprofundar nas escolas”.

“Precisamos de estabelecer parcerias e criar redes comunitárias de articulação com as famílias e a escola deve constituir-se como um espaço de inclusão em que os recursos estão ao serviço dos alunos”, sustentou.

A conferência foi promovida pela Comissão de Educação e Ciência com o objetivo de refletir em “torno dos desafios que se colocam hoje na área da educação especial, da deficiência e escolaridade obrigatória” e “recolher contributos que permitirão apontar novos caminhos no sentido de colmatar eventuais deficiências”.

Fonte: Expresso

“Ir, vir, viver – Acessibilidades para todos”

A Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos (Murpi) e o Movimento Democrático de Mulheres (MDM), vão realizar um passeio pelo Largo do Rato, em Lisboa, na próxima quarta-feira, dia 15, para chamar a atenção dos decisores políticos e da opinião pública para o problema das acessibilidades.

A iniciativa vai também servir para lançar a campanha nacional “Ir, vir, viver – Acessibilidades para todos”, como apelo para que sejam identificados os problemas e denunciada a falta de acessibilidade com que se deparam não só as pessoas com deficiência, mas sobretudo as pessoas com mobilidade reduzida, desde idosos, a pessoas em cadeiras de rodas ou pessoas com carrinhos de bebés.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do CNOD adiantou que as associações querem que o Governo crie um Plano Estratégico para as Acessibilidades “para se tentar ultrapassar todas as situações a nível do país” e com vista a procurar cumprir a legislação.

Legislação que, tal como explicou José Reis, existe desde 1982 e anda desde 1997 de prorrogação em prorrogação de prazos para que seja cumprida depois de nesse ano ter sido aprovado um decreto-lei que dava sete anos ao Estado português para garantir que todas as entidades públicas garantiam o acesso sem barreiras a todos os cidadãos.

Como os objetivos não foram cumpridos, foi aprovado novo decreto-lei em 2007 que estabelecia como prazo 2017 para as instituições “democratizarem a acessibilidade nos edifícios públicos e na via pública”.

“Acho que é altura de não dar mais prolongamentos porque as pessoas depois acabam por não acreditar que realmente têm de fazer aquele trabalho, um trabalho que é necessário para todos nós”, defendeu o responsável.

Edifícios públicos inacessíveis

José Reis chamou a atenção para o problema dos edifícios públicos, que continuam a não ser acessíveis, para os passeios, os transportes que não estão adaptados ou estações de metro ou de comboios em que os elevadores não funcionam, o que deixa as pessoas com mobilidade reduzida impedidas de aceder aos meios de transporte.

O presidente da CNOD adiantou que a campanha nacional irá decorrer até ao final do ano, havendo na página do organismo um questionário para denunciar “os casos que constituam obstáculos à inclusão”, além da associação se comprometer a publicar todas as fotos e vídeos que receber para depois fazer uma denúncia pública.

Na sequência do que for denunciado, a CNOD pretende posteriormente descentralizar a campanha e levá-la a outros pontos do país.

No comunicado enviado às redações, a CNOD explica que o passeio pelo Largo do Rato irá juntar pessoas com deficiência, com e sem cadeira de rodas, idosos e pessoas com carrinhos de bebé para mostrar como “um dos largos mais importantes de Lisboa pode transtornar a vida a tanta gente”.
Fonte: SAPO

Sindicato quer diploma para acabar com discriminação de polícias com deficiência

A ASPP, que hoje organizou, em Lisboa, a conferência "debater a deficiência na PSP", considera que existe "um vazio legal", o que leva muitos polícias com deficiência ou incapacidade a "não ter garantias da PSP ao nível da carreira policial".

O presidente da ASPP, Paulo Rodrigues, disse à agência Lusa que é necessário criar "um diploma que enquadre estes elementos da PSP", podendo ser feito através de diploma próprio ou por introdução de regras na saúde e segurança no trabalho.

"Há práticas na PSP que são discriminatórias em relação a estes profissionais", disse Paulo Rodrigues, referindo-se às promoções, concursos, serviços e tratamento dos processos desde o acidente até à reintegração na Polícia de Segurança Pública.

Segundo a ASPP, há 111 polícias com deficiências ou incapacidades, tendo muitos deles sofrido acidentes durante uma missão.

Paulo Rodrigues sustentou que "a instituição PSP não está preparada, nem sensibilizada" para estas situações, existindo "muitas dificuldades" em alterar os procedimentos internos.

O sindicalista disse ainda que estes polícias não podem desempenhar funções na Unidade Especial de Polícia, mas podem desempenhar outras tarefas na PSP, como serviços administrativos.

Na conferência participaram polícias com deficiência ou incapacidade e representantes de vários partidos políticos.

Lusa/fim

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Volei sentado: Precisam-se de atletas

O A.E.Felgueiras é um clube recente com base na Escola Básica e Secundária de Felgueiras, Pombeiro de Ribavizela.

A cada momento pretende aumentar e alargar a sua oferta quer aos alunos da escola quer a toda a comunidade envolvente. 



Para isso pretende criar brevemente o Paravolei que engloba o inVolei e o Voleibol Sentado. O Voleibol Sentado leva-nos a contactar com vocês. É para vocês que é destinado. Dar a possibilidade de Todos serem atletas e Todos vivenciaram a prática desportiva. 

O Voleibol Sentado é técnico e difícil. O Voleibol Sentado dá espetáculo! 

Para mais informações: tiago.lab@gmail.com facebook: A.E.Felgueiras - Voleibol

No lar do Centro de Apoio Social da Carregueira, as nossas plantas podem-nos acompanhar

Sair das nossas casas e deixar tudo para trás é muito doloroso. No lar do Centro de Apoio Social da Carregueira, pelo menos as nossas plantas/flores podem-nos acompanhar.

Eu trouxe uma que me pertence desde o falecimento da minha mãe. Ficaria muito triste se fosse obrigado a separar-me dela. Olhá-la todos os dias faz-me muito bem.

Ei-la (a vermelha):

Dos meus amigos:


O jardim das aromáticas:









































Dentro do desenraizamento que somos obrigados, manter algumas raízes faz-nos muito bem.