domingo, 4 de julho de 2021

A minha viagem

Há algum tempo que tencionava arriscar realizar uma viagem de avião. Estava indeciso entre o Funchal, Açores ou Porto Santo. Ter conhecimento da empresa Madeira Acessível By Wheelchair, e dos seus serviços direcionados para o apoio a pessoas com deficiência ajudou-me a optar pelo Funchal. Contatei-a, Tiago Camacho o responsável tratou de tudo, exceto compra dos bilhetes.

Realizei o check-in online, preenchi o formulário a solicitar o apoio da My Way, serviço de assistência especial a passageiros com mobilidade reduzida felizmente disponível em vários aeroportos, e ao chegar ao aeroporto de Lisboa lá estava a equipa à minha espera para me prestar todo o apoio necessário. Não me largaram um minuto. Por não me conseguir sentar em cadeiras de rodas manuais foi muito importante permitirem-me circular na minha cadeira elétrica até à entrada do avião. Geralmente optam por nos transferir para as suas cadeiras. Á entrada do avião transferiram-me para outra cadeira, felizmente funcional onde segui até ao meu lugar no avião. A minha assistente pessoal pode viajar ao meu lado sem custos adicionais. Basta informar os serviços MY Way que nos fazemos acompanhar de assistente.
Cadeiras My Way

Adquiri bilhete para a classe económica e para voos mais longos não será fácil e comodo tantas horas na mesma posição, sem possibilidade de nos mexermos e encostar a poltrona. Também ajudou ter optado por ter tirado a almofada antiescaras da minha cadeira e colocá-la na poltrona onde me sentei. Como a viagem durou 1h30 fez-se relativamente bem.
Madeira Acessível

Chegado ao aeroporto do Funchal, lá estava a equipa da My Way com a minha querida cadeira sã e salva. Que saudades eu tinha dela. Confesso que os meus olhos a percorreram com muita ternura e atenção e receio de encontrar umas feridasitas…afinal viajar no porão não deve ser agradável e tudo pode acontecer. Mais uma vez me acompanharam em todos os passos. Uma atenção e profissionalismo que ultrapassou todas as minhas expetativas. Neste caso não desembarcamos através da manga, mas de uma plataforma elevatória que me transferiu para um autocarro adaptado. Confesso que fiquei muito mais agradado com a equipa do Funchal. Cláudio Camacho e Roberto Laranja fizeram com que nos sentíssemos em casa. Nada falhou.
Curral das Freiras

O Tiago Camacho da Madeira Acessível, aguardava-me no aeroporto com a sua carrinha adaptada moderna, ampla, fixadores da cadeira muito seguros, capacidade para 3 cadeiras de rodas e 9 passageiros, e lá vamos nós para o hotel escolhido por ele, que realmente era quase acessível. Único senão foi o facto de não possuírem cadeira de rodas sanitária/banho para grandes dependentes como eu. Tinham a básica cadeira que habitualmente todos os hotéis têm. Vá lá que não era a cadeira de plástico da esplanada, e também não tinha a habitual banheira que os hotéis tanto apreciam como decoração. Felizmente a Madeira Acessível também tem material para alugar e aluguei-lhes uma cadeira de banho ocean vip, exatamente o modelo que utilizo. Os quartos estavam ligados por uma porta, o que facilita o ir e vir da assistente pessoal para prestar o apoio.
Levada
Todos os tours que realizei eram acessíveis e preparados com antecedência com a Madeira Acessível de modo a não ter as habituais surpresas desagradáveis da falta de acessibilidades. Caso houvesse algum imprevisto o Tiago Camacho fazia-se acompanhar por uma ótima rampa amovível que resolvia o problema.
Senão: o eterno problema da falta de acessibilidades, principalmente passeios sem o rebaixamento; falta de grua de transferência no hotel; possibilidade de cama articulada; cadeira de banho adequada e lugar na económica um pouco apertado e limitado.
Passarinho à mesa
O melhor: serviço prestado pela Madeira Acessível e seu equipamento acessível, inclusive uma cadeira de rodas elétrica todo-o-terreno. Não sei se encontraria um táxi adaptado onde conseguisse entrar com a minha robusta cadeira. No continente não é fácil; profissionalismo das equipas da My Way, com eles ao nosso lado tudo fica mais fácil; permitir circular até ao avião na minha cadeira de rodas e poder viajar com a minha assistente ao lado sem custos adicionais.
Dicas: tratar de tudo online ou através da linha de apoio da My Way com antecedência, não esquecer de mencionar que pretende o serviço de assistência no embarque e desembarque, até porque é necessário apresentar uma declaração sobre o tipo de baterias e características da cadeira elétrica. No meu caso consegui-a junto da empresa que me a vendeu; caso pretenda circular no aeroporto com a sua cadeira informar os serviços; é permitido levar connosco no avião almofada antiescaras, peças adicionais da cadeira, capa de chuva, etc sem custos adicionais. Medicamentos e material para esvaziamento da bexiga, e outros, também é permitido transportar sem custos, mas convém fazer-se acompanhar de uma declaração médica a referir que são de uso pessoal.
A experiência foi maravilhosa. Soube a pouco. Até já sonho com a possibilidade de visitar o parque nacional do Serengeti na Tanzânia, ou São Tomé e Príncipe. Quando nos permitem viver em pleno, ter emprego e assistência pessoal, tudo é possível. Quero mais. Preciso de mais. Até acho, que acho, que começo a ser feliz.





Bolo do caco

Atum

Milho frito

A minha crónica no jornal Abarca.

4 comentários:

  1. Fico muito feliz, quero ver as crónicas das próximas viagens!!

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  2. E quem paga à assistente pessoal fora do horário? Qual o custo que temos com a assistente pessoal?

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    1. No meu caso as minhas 2 assistentes de serviço não realizaram horas extraordinárias.

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