sábado, 18 de maio de 2013

Músico que ficou tetraplégico agora faz música com a boca

“Fui para um centro de reabilitação, onde passei por vários médicos e fiz vários exames. Aí veio uma assistente social e me perguntou:
– ‘Já está sabendo das vantagens [em ser cadeirante]?’
– ‘Vantagens?’
– ‘Sim. Vantagens! Agora, na compra de um carro você tem 40% de desconto! Você pode viajar de graça de avião e o seu acompanhante só paga 20% da passagem!’
Caramba! Devia ter quebrado o pescoço antes, hein?”
É assim que Fabrício Loureiro, 31, o Brício Loureiro, de Araraquara (273 km de São Paulo) relembra no palco algumas das situações que vivencia desde 20 de novembro de 2010, data do acidente que o deixou tetraplégico.

Hoje, dois anos e quatro meses após quebrar a vértebra C5, lesionar a medula e perder todos os movimentos do pescoço para baixo em um acidente numa piscina, Loureiro se vê em uma situação que nunca imaginara viver: faz stand-up comedy (comédia feita por um humorista sozinho no palco).

Na época do acidente, Loureiro trabalhava como analista de marketing em São Paulo. Durante 90 dias, ele não conseguiu mexer nada do pescoço para baixo.

“Foram três meses de revolta. Eu tinha uma vida totalmente ativa e de repente vi aquilo tudo parar”, lembra.

Pouco tempo após sofrer a lesão, Loureiro passou pelo centro de reabilitação Lucy Montoro, em São Paulo.

Impossibilitado de trabalhar, mudou-se para a casa da mãe em Araraquara, onde vive atualmente.

APRENDENDO A VIVER

Depois, fez tratamento psicológico e foi “evoluindo”. “Para mim, a vida de cadeirante vai ser horrível para sempre. Mas é uma vida possível. Basta se adaptar à condição imposta.”

Com apoio de enfermeiros em casa e fisioterapia, já recuperou o movimento dos braços. Em vez de se “vitimizar”, como ele diz, resolveu buscar atividades que o ajudassem a se sentir útil.

“Comecei a procurar a internet. O que eu tinha no meu quarto? Um notebook e a possibilidade de ficar sentado.”

Loureiro resolveu criar um blog, além de canais de vídeo temáticos no YouTube. O blog “NãoConcreto” (www.naoconcreto.com.br) faz humor e tem de 30 mil a 40 mil visitas diárias.

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