Noticia de Abril: D. Ofélia sobe ao Parlamento
Dona Ofélia Marques e sua filha foram as “estrelas” dos noticiários, durante toda a semana passada. Jornais, rádios e televisões deram ampla divulgação ao problema desta mãe e filha, que sofrem na pele desde que o posto de saúde da freguesia de Vaqueiros foi encerrado pela Administração Regional de Saúde.
Quinta-feira passada, no Parlamento, a deputada Idália Serrão “apertou” com o ministro da Saúde. Questionou-o sobre o encerramento do posto de saúde de Vaqueiros e o problema da dona Ofélia e sua filha. O Ministro da Saúde revelou que entre 2001 e 2012 a utente diagnosticada com paralisia cerebral teve 79 consultas nos cuidados primários e no ano passado apenas 4. No mesmo período foi atendida no Hospital de Santarém 42 vezes. O que levou Idália a criticar o ministro por violar os direitos de privacidade da senhora. A deputada de Santarém insistiu com o ministro em respostas para o problema gerado em Vaqueiros com o fecho da extensão de saúde. “Os idosos têm de pagar 20 euros para ir e vir a consulta”, denunciou a deputada.
Mas a maior surpresa veio na sexta-feira. Dona Ofélia e a filha, que nunca tiveram transporte para ir ao médico, de sua casa em Vaqueiros até ao centro de saúde em Pernes, foram convidadas especiais para um encontro em Lisboa, na Assembleia da República, com os deputados do PSD. O transporte até à Assembleia da República foi assegurado pela Junta de Freguesia que nunca antes se tinha mostrado disponível para as levar ao médico. O que teria evitando todo este “drama” mediático-político. Depois disto, “choveram” propostas para a solução do “drama” de dona Ofélia. O ministro da Saúde garantiu consultas médicas ao domicílio. A Segurança Social e a Câmara ofereceram-lhe nova casa em Pernes e ainda uma colocação para a filha numa instituição à escolha. Dona Ofélia recebeu ainda um telefonema do Ministério da Saúde dizendo que a partir daquele ela e a filha ficavam isentas do pagamento das taxas moderadoras. Excelentes notícias, portanto. E pronto, o caso parecia estar resolvido.
Só que, entretanto, existem ainda uns 200 moradores em Vaqueiros que continuam com o posto de saúde encerrado, depois de terem visto também a escola e a Junta de Freguesia de Vaqueiros serem encerradas no último ano. Houve protestos, claro, da população e dos autarcas locais. Ninguém se lembrou que pelo menos podiam ajudar as pessoas no transporte até ao centro de saúde. E dona Ofélia foi notícia, recorde-se, por ter andado a empurrar a filha em cadeira de rodas desde a sua casa em Vaqueiros até ao centro de saúde de Pernes. São cinco quilómetros para cada lado. Dez quilómetros pela estrada nacional nº3.
Entretanto, questionado sobre quando poderá haver médico de família para todos os utentes, Paulo Macedo não se comprometeu com datas, afirmando estar disponível para negociar com os sindicatos para haver um número adicional de utentes por médico de família durante um período delimitado.
“O número de reformados acentuou-se em 2011 e 2012, pelo que a vontade de recrutar todos os médicos não chega para atingir o nosso desiderato de dar um médico de família a todos os utentes”, disse Paulo Macedo. Entre as medidas em curso para dar resposta a esta necessidade, Paulo Macedo referiu a contratação excepcional de médicos reformados, a ampliação da assistência a médicos estrangeiros e o ajuste das próprias listas de espera.
Segundo a diretora do ACES Lezíria, no final de 2013 foi proposta a “possibilidade de agendar em Pernes as consultas dos utentes da localidade de Vaqueiros, de modo a que a Junta pudesse organizar o transporte conjunto dos utentes com dificuldades de obtenção de transporte”, o que, sublinha, “não foi considerado pela Junta”. Paula Rodrigues, disse ainda que o agrupamento da Lezíria necessita da integração de 26 médicos de família para colmatar a carência de clínicos nos nove concelhos do distrito de Santarém que abrange atualmente. Existem 93 médicos distribuídos por uma área total de 3.500 quilómetros quadrados, “sendo que 11 se encontram a aguardar despacho de aposentação”.
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Depois do assunto ter sido tornado público na comunicação social regional e nacional, a Santa Casa da Misericórdia de Pernes disponibilizou uma casa de residências assistidas na Quinta de São José, em Pernes. Previa-se que a situação durasse apenas dois meses, mas mãe e filha ainda lá se encontram, à espera que a Câmara de Santarém disponibilize uma casa de habitação social para onde possam ir viver. Contactada por O MIRANTE, Ofélia Marques diz que a integração da filha no CRIT tem corrido bem e que está a tentar arranjar emprego em Pernes.
O CRIT desenvolve actividades para jovens e adultos com deficiência grave e profunda, cujas capacidades não permitam, temporária ou permanentemente, o exercício de uma actividade produtiva, procurando promover a sua qualidade de vida.
Fontes: O Ribatejo e O Mirante
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