Num longo texto publicado no seu blog pessoal, o próprio explica que se viu praticamente obrigado a tomar esta decisão contra a sua vontade, depois de vários anos a lutar pelo direito dos cidadãos portadores de deficiência permanecerem nas suas casas e ambientes familiares.
"Sinto-me como se estivesse a fazer algo muito errado, a desiludir alguém, a entregar os pontos e a dar-me como vencido", desabafa Eduardo Jorge, que explica que não pode continuar a viver sozinho 16 horas por dia, num estado de saúde frágil que necessita de acompanhamento permanente.
Além da dependência, o CASC ofereceu emprego a Eduardo Jorge, que inicia funções no próximo dia 1 de agosto, deixando assim de prestar serviço na União das Freguesias de Alvega e Concavada, concelho de Abrantes, onde terminou um estágio de inserção profissional.
No texto, Eduardo Jorge agradece a "humanidade" e a forma como tem sido tratado e acompanhado pelos responsáveis do CASC, que conheceu aquando da sua viagem de protesto a Lisboa.
Recorde-se que, em setembro de 2014, este tetraplégico de 52 anos cumpriu uma viagem de 180 quilómetros por estradas nacionais em cadeira de rodas entre a aldeia onde reside, Ribeira do Fernando, Concavada, concelho de Abrantes, e o Ministério da Solidariedade Social, em Lisboa.
Na capital, e acompanhado por outros cidadãos ligados ao movimento (d)Eficientes Indignados, Eduardo Jorge entregou um manifesto onde são reivindicadas alterações legislativas que permitam às pessoas com deficiência e necessidade de assistência permanecer em casa, contratar o seu próprio assistente e escapar ao internamento em lares de idosos.
"Estou a viver um turbilhão de sentimentos e sensações, pior de tudo é esta sensação de não estar a fazer o certo", escreve ainda o autor, para quem "é difícil não sentir uma sensação de derrota" e de ter sido vencido pelo sistema, uma vez que "é impossível continuar a viver nestas circunstâncias".
"Vou tentar resolver os problemas de saúde que me têm surgido, e criar condições para poder continuar ainda mais forte e convicto", acrescenta ainda Eduardo Jorge, garantindo que não vai desistir de lutar
"Minha grande angústia reside no facto de ainda não ter conseguido, através das ações de luta que me propus, alterar esta politica da institucionalização compulsiva levada a cabo pelo governo. Meu grande dilema não é institucionalização em si, mas o facto de ser obrigado a isso, de não existirem outras alternativas para quem depende do apoio de terceiros", conclui Eduardo Jorge.
Fonte: Rede regional
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