domingo, 24 de setembro de 2023

Consultas externas no Hospital de Abrantes

As novas instalações das consultas externas do Hospital de Abrantes, foram inauguradas no último dia sete de agosto. Esperava-se um espaço muito mais condizente com as necessidades dos utentes e profissionais daquela unidade hospitalar, mas não foi isso que presenciei na minha ida ao novo espaço. Sala de espera com capacidade muito inferior à anterior, gabinetes minúsculos e muito pouco operacionais, wc adaptado que de adaptado pouco tem, foi o que encontrei. Segundo a administração, “após profundas obras de renovação o espaço de mil metros quadrados no valor aproximadamente de dois milhões de euros, que engloba doze gabinetes de consultas, duas salas de tratamentos, três salas de exames de gastroenterologia, uma sala cirúrgica, espaço de recobro, hospital de dia e zonas de apoio, encontra-se dotado de modernas instalações e equipamentos que oferecem condições técnicas e de conforto otimizadas para os profissionais de saúde e para os utentes”.

Não devemos estar a falar do mesmo espaço, pois não foi o que vi. Começando pela sala de espera, tenho muitas dúvidas se o balcão de atendimento cumpre a lei das acessibilidades, pois pareceu-me demasiado alto para quem se desloca em cadeira de rodas. Sala de espera, como já referi é muito reduzida, sem espaço para cadeiras de rodas, muito menos para quem seja transportado de maca. Foi uma aventura tentar manobrar a minha cadeira de rodas no gabinete onde fui atendido. Senti-me num beco sem saída. Alternativa foi ir fazer as manobras na outra divisão que me pareceu ser destinada a tratamentos, caso contrário teria de sair de “marcha atrás”, mas para virar a cadeira de rodas foi necessário desviar o mobiliário, designadamente um pequeno móvel e uma marquesa. A profissional de saúde perante o meu desapontamento, que por sinal é uma profissional de enorme valor, ainda tentou argumentar que o espaço é recente, que estamos todos a adaptarmo-nos, e tudo fez para minimizar o meu desconforto, mas não há como. O espaço não reúne condições, ponto final.

O gabinete está dividido ao meio por uma parede. Há entrada existe uma secretária onde somos atendidos, onde a cadeira de rodas, ou outra cadeira onde se sente o utente, ocupa todo o corredor impedindo o acesso à outra divisão onde se encontra uma marquesa e aparenta ser a sala de tratamentos. Se o utente se fizer acompanhar por alguém, complica ainda mais. O espaço é demasiado reduzido para mais que uma pessoa. Ainda estou a imaginar a dificuldade do profissional de saúde para observar o paciente. Não tem como o fazer. Ou tem, observa-o só de um lado, neste caso o direito, isto se não tiver o acompanhante sentado ao seu lado.

Já o WC é mais do mesmo. É necessária muita ginástica para poder manobrar a cadeira de rodas no seu interior. Ao lavatório não consegui aceder…Não se consegue entender as razões que levaram a administração do hospital ao afirmar na imprensa que o espaço tem condições técnicas e de conforto otimizadas para os profissionais de saúde e para os utentes. Não é verdade. Foi dececionante verificar que mais uma vez se perdeu uma grande oportunidade de criar um espaço digno e em condições para receber utentes e profissionais. E perante o sucedido quem será o responsável? A quem exigir explicações? Como proceder para que não se continue a cometer os mesmos erros no futuro? Infelizmente muitas questões e nenhuma resposta.

Minha crónica no jornal Abarca

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