Assume, quando fala de ‘Compromissos com o Cliente’, responsabilidades relevantes, entre as quais, só para mencionar três:
Fornecer um serviço de qualidade e adequado às expectativas do cliente;
Assegurar a disponibilidade dos recursos necessários de forma a prestar um serviço ao cliente com a qualidade pretendida;
Em colaboração com as entidades competentes, assegurar que o serviço prestado possa ser facilmente utilizado por todos, implementando as medidas necessárias para permitir a acessibilidade daqueles clientes cuja mobilidade se encontre, por algum modo, reduzida.
Perante o relato do que sucedeu neste final de ano ao Sérgio Alexandre Lopes – UM CIDADÃO TETRAPLÉGICO – e pelo que sucede diariamente a tantos outros em situações similares, o comportamento desta Companhia, agora sob a gestão da CML, devia se denunciado como uma VERGONHA NACIONAL.
O relato impressionante do Sérgio
“Saí do Terreiro do Paço e dirigi-me à Praça do Martim Moniz, para a paragem onde passaria o 208, que garante o serviço noturno, de hora em hora. Começou a espera de 50 minutos.
O autocarro chegou às 2h40 e a rampa estava avariada. A temperatura era de cerca de nove graus e a primeira coisa que o motorista disse, pela janela, depois de ter tentado acionar umas seis vezes o dispositivo, foi ‘vai ter que esperar pelo próximo.’ Este é o discurso habitual.
Um pouco antes do autocarro parar, enviei sms para saber dali a quanto tempo seria o próximo e tinha a informação de que seriam 112 minutos.
Eu não estava sozinho e a Carmen já estava à frente do autocarro, informando os passageiros de que se não fôssemos todos, não iria ninguém. Neste momento, o motorista foi tentar abrir a rampa em modo manual, mas não conseguiu. Perguntei-lhe qual a alternativa que a CARRIS me daria e ele insistiu que eu teria que ‘esperar pelo próximo’.
Os passageiros foram informados, por nós, do motivo do bloqueio, da descriminação que a CARRIS promove diariamente, do descaso com que são tratadas as pessoas com mobilidade reduzida. Um dos passageiros que mais apoiou a nossa decisão, chamou a PSP.
O motorista, sem alternativa, entra em contacto com a central. Do outro lado oiço alguém – dizem eles que ‘é um CHEFE’ – ’Então, se não funciona, o passageiro tem de esperar pelo próximo autocarro’. Com esta tranquilidade.
CARRIS – Espere pelo próximo! (esta deveria ser a frase assinatura da empresa)
Perguntei qual a garantia que me davam de que o próximo autocarro teria a rampa a funcionar. A resposta foi: ‘Esteja descansado que a central vai entrar em contacto com o colega e ele vai ver se a rampa funciona’. Conhecendo a CARRIS, e não de hoje, isto não é garantia nenhuma, mas sim um ‘fique a aguardar e depois logo se vê’.
BEEN THERE! SEEN THAT!
Não confio na CARRIS. (muito menos numa madrugada com temperaturas abaixo dos 10 graus)
Entretanto, com autocarro impedido de avançar, tenho todo o tempo para descrever a situação aos agentes da PSP. Reforço que a situação é constante e, naquele contexto, tudo se torna ainda mais grave. Expliquei que tenho o mesmo direito que todos os passageiros a viajar naquele autocarro, que tenho passe, que a CARRIS incumpre a Lei 46/2006, que proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde, e que a alternativa que a CARRIS me estava a dar era um autocarro mais de 1h30 depois, sem garantias de ter uma rampa funcional.
Os agentes identificaram-nos e depois foram conversar com o motorista para perceber como a CARRIS pretendia resolver a minha situação. O motorista, sem meios de se justificar pela empresa, passou-lhes mesmo o telemóvel para falarem directamente com o ‘CHEFE’ que exigia que a PSP identificasse as pessoas que não deixavam o autocarro seguir a viagem. Ficamos assim a saber que a CARRIS pensa que dá ordens à PSP.
O motorista continuava a tentar seguir viagem, mas connosco e alguns passageiros em frente ao autocarro, era impossível.
Pelo mesmo motorista chega então a informação de que a CARRIS já teria um autocarro a caminho, reservado, apenas para me deixar em casa. Ou seja, não efectuaria quaisquer paragens para tomada ou largada de passageiros. Seria uma forma de me ‘compensar pela situação’, disseram.
Os passageiros foram informados, por nós, do motivo do bloqueio, da descriminação que a CARRIS promove diariamente, do descaso com que são tratadas as pessoas com mobilidade reduzida. Um dos passageiros que mais apoiou a nossa decisão, chamou a PSP.
O motorista, sem alternativa, entra em contacto com a central. Do outro lado oiço alguém – dizem eles que ‘é um CHEFE’ – ’Então, se não funciona, o passageiro tem de esperar pelo próximo autocarro’. Com esta tranquilidade.
CARRIS – Espere pelo próximo! (esta deveria ser a frase assinatura da empresa)
Perguntei qual a garantia que me davam de que o próximo autocarro teria a rampa a funcionar. A resposta foi: ‘Esteja descansado que a central vai entrar em contacto com o colega e ele vai ver se a rampa funciona’. Conhecendo a CARRIS, e não de hoje, isto não é garantia nenhuma, mas sim um ‘fique a aguardar e depois logo se vê’.
BEEN THERE! SEEN THAT!
Não confio na CARRIS. (muito menos numa madrugada com temperaturas abaixo dos 10 graus)
Entretanto, com autocarro impedido de avançar, tenho todo o tempo para descrever a situação aos agentes da PSP. Reforço que a situação é constante e, naquele contexto, tudo se torna ainda mais grave. Expliquei que tenho o mesmo direito que todos os passageiros a viajar naquele autocarro, que tenho passe, que a CARRIS incumpre a Lei 46/2006, que proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde, e que a alternativa que a CARRIS me estava a dar era um autocarro mais de 1h30 depois, sem garantias de ter uma rampa funcional.
Os agentes identificaram-nos e depois foram conversar com o motorista para perceber como a CARRIS pretendia resolver a minha situação. O motorista, sem meios de se justificar pela empresa, passou-lhes mesmo o telemóvel para falarem directamente com o ‘CHEFE’ que exigia que a PSP identificasse as pessoas que não deixavam o autocarro seguir a viagem. Ficamos assim a saber que a CARRIS pensa que dá ordens à PSP.
O motorista continuava a tentar seguir viagem, mas connosco e alguns passageiros em frente ao autocarro, era impossível.
Pelo mesmo motorista chega então a informação de que a CARRIS já teria um autocarro a caminho, reservado, apenas para me deixar em casa. Ou seja, não efectuaria quaisquer paragens para tomada ou largada de passageiros. Seria uma forma de me ‘compensar pela situação’, disseram.
Logo que o autocarro ‘reservado’ chegou, o motorista do primeiro queria ir embora, os agentes tentaram dissuadir-nos, mas, mais uma vez, por falta de confiança na CARRIS, foi impedido de ir até que a rampa fosse testada. A rampa estava… avariada, caros amigos.
O segundo motorista, visivelmente incomodado, garantiu que testara a rampa à frente do CHEFE e ‘estava boa.’
O primeiro motorista continuava a ligação com o ‘CHEFE’ da CARRIS. Apercebo-me que todos os passageiros estavam a sair do primeiro autocarro, por ordem da empresa, e que o tal autocarro ‘reservado’, iria continuar a carreira do primeiro.
Parece-me claro que o ‘CHEFE’ queria tentar libertar um autocarro, mas não aconteceu. E doravante não mais acontecerá. Ficaremos todos retidos: nós, os passageiros, os motoristas e os carros que forem enviados. Interpreto, este momento, a esta distância, como prova do foco errado da CARRIS, em relação ao que ali estava a ocorrer.
O motorista do segundo autocarro, sentindo-se inseguro, porque, por esta altura, os primeiros ânimos começavam a exaltar-se entre alguns passageiros, pergunta aos agentes da PSP o que deveria fazer e se seria seguro fazer aquela viagem.
Entretanto, a rampa deste último conseguiu ser aberta manualmente e entrei.
Os polícias, mais uma vez, pelo telefone, questionam o CHEFE da CARRIS acerca da situação. O ‘CHEFE’ foi peremptório – o primeiro autocarro seguiria fora de serviço e o segundo seguiria com todos os passageiros que se juntaram ali ao longo de mais de uma hora. E não éramos poucos. A resposta do senhor agente àquela decisão da CARRIS foi ‘vocês é que sabem a imagem que querem dar da empresa’.
Não somos cidadãos de segunda. Não deixarei que me tratem como se fosse.
Não sou o primeiro a fazer este tipo de ação, mas não podemos deixar que situações como esta se repitam, a cada hora, sem fazermos nada.
Agradeço ao grupo de passageiros que se juntou a mim.
Agradeço aos agentes da PSP que, desde o início, disserem que não nos iam deter pela validade da nossa posição ali.”
O segundo motorista, visivelmente incomodado, garantiu que testara a rampa à frente do CHEFE e ‘estava boa.’
O primeiro motorista continuava a ligação com o ‘CHEFE’ da CARRIS. Apercebo-me que todos os passageiros estavam a sair do primeiro autocarro, por ordem da empresa, e que o tal autocarro ‘reservado’, iria continuar a carreira do primeiro.
Parece-me claro que o ‘CHEFE’ queria tentar libertar um autocarro, mas não aconteceu. E doravante não mais acontecerá. Ficaremos todos retidos: nós, os passageiros, os motoristas e os carros que forem enviados. Interpreto, este momento, a esta distância, como prova do foco errado da CARRIS, em relação ao que ali estava a ocorrer.
O motorista do segundo autocarro, sentindo-se inseguro, porque, por esta altura, os primeiros ânimos começavam a exaltar-se entre alguns passageiros, pergunta aos agentes da PSP o que deveria fazer e se seria seguro fazer aquela viagem.
Entretanto, a rampa deste último conseguiu ser aberta manualmente e entrei.
Os polícias, mais uma vez, pelo telefone, questionam o CHEFE da CARRIS acerca da situação. O ‘CHEFE’ foi peremptório – o primeiro autocarro seguiria fora de serviço e o segundo seguiria com todos os passageiros que se juntaram ali ao longo de mais de uma hora. E não éramos poucos. A resposta do senhor agente àquela decisão da CARRIS foi ‘vocês é que sabem a imagem que querem dar da empresa’.
Não somos cidadãos de segunda. Não deixarei que me tratem como se fosse.
Não sou o primeiro a fazer este tipo de ação, mas não podemos deixar que situações como esta se repitam, a cada hora, sem fazermos nada.
Agradeço ao grupo de passageiros que se juntou a mim.
Agradeço aos agentes da PSP que, desde o início, disserem que não nos iam deter pela validade da nossa posição ali.”
Fonte: Minuto Acessível
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