segunda-feira, 12 de outubro de 2009

DEVERIAMOS LUTAR MAIS...

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Procurem e encontrarão uma imensidão de blogues, associações, organizações, grupos de amigos, uniões, fóruns, sites,institutos, etc, etc e etc., sobre deficiência...mas acontece que na realidade pouco ou nada se vê de trabalho feito.
É claro que cada um faz o seu melhor e sabe-se lá com que dificuldades, e isso não ponho em causa.
Mas temos que fazer mais. Temos que sair para a rua (quem nos auxilia por favor entendam e esforcem-se para que não fiquemos num buraco escondidos). Se vamos a qualquer lugar e não somos tratados como deveríamos (inclusive falta de acessibilidade), o que quer que seja, reclamar sempre. Nunca aceitar aquele "desenrasque" do costume porque é um coitadinho. Jamais!
EXIGIR livro de reclamações e reclamar. (já pedi a várias entidades por e-mail uma resposta para o caso daqueles que não consigam escrever, se outras pessoas o podem fazer por nós. Quando tiver resposta informo aqui).
Eu por exemplo escrevo, mas não tenho força suficiente para passarem palavras para cópias do livro. Sempre pedi a outros que escrevessem por mim e nunca tive problemas. Mas nada como saber lei. De certeza absoluta que é mais uma daquelas leis que fizeram e nem sequer pensaram em nós.

Continuando, vocês já repararam que quando se é convocado para uma manifestação, encontro, nunca aparece ninguém? Porquê? Porque nos acomodamos e agimos como se nada houvesse mais a fazer.
Pelo contrário. Somos muitos milhares os cidadãos/ãs com deficiência. Porque não unirmos-nos todos e começarmos a mostrar a nossa força? Nós existimos e somos fortes. Todos nós no nosso percurso de incapacidade temos sido sujeitos a dramas e obstáculos tremendos. Só nós sabemos as injustiças que sofremos todos os dias.

Não é só da sociedade. E salve excepções, inclusive dos nossos familiares e amigos...(no inicio é tudo muito bonito. Tudo cor de rosa), mas vocês sabem bem que uns meses, anos depois tudo se complica e notamos as diferenças. Começam em geral com a ideia que nós não estamos bem, que precisamos de ajuda psicológica, que somos uns chatos, que queremos tudo ao nosso jeito e na hora, que somos ingratos..."engolimos cada sapo..." E a questão é que nem sequer pedimos 1/3 daquilo que precisamos!

Vou exemplificar: se nos vão auxiliar no banho. Neste caso na cadeira de rodas apropriada. Falo por mim e de outros a quem dificuldades são as mesmas. Poem-nos na cadeira em geral todos tortos. Somente nos tentam por numa postura correcta se lhe pedirmos. E tortos ficamos sem equilíbrio nenhum o que se torna horrível. Se pedimos depois de nos chamarem chatos ou fazer aquela cara, lá tentam. Mas reparem que nunca perguntam se estamos bem. Se ao nos transferirem para cadeira poderiam verificar e perguntar se ficamos bem! Não perguntam e não corrigem posicionamento. Chatos depois somos nós.
Começa o banho e água é temperada por eles. Quase nunca perguntam se está ao nosso gosto. Se dizemos que queremos mais quente ou mais fria...continuamos a ser os chatos.
Ao distribuírem gel banho e shampoo, quantidade eles que decidem. Ao secarem-te, mesma coisa.

Meninas e muitos meninos que se preocupam com cabelo penteado, arrumado, nada. Ao nos vestirem em geral adoram escolher nossas roupas que vamos vestir. Se reclamamos acrescentam imediatamente que não sabem das outras (em geral como somos dependentes e mexemos pouco na roupa até nos esquecemos de algumas peças. Aconselho a tirarem fotos da roupa e arquivarem no pc. Uns dias antes dizem o que querem. Não se vão livrar de respostas ingratas, mas ajuda).
Eles quando querem uma determinada peça de roupa e não está disponível, vão prepara-la. Para nós é sermos chatos.

Em geral depois de vestidos e sentados na cadeira, ficamos todos com roupa torta...partes do corpo de fora... cabelo todo despenteado... (detestava ver assim pessoal no Alcoitão) e principalmente para quem usa saco colector de urina, ou a ver-se na perna ou tubo quase a rebentar a roupa e toda gente notar situação.

Tudo isto se resolveria se nos amassem e respeitassem como gente que tem vida própria e sabe o que quer.

Porque não perguntar aquando de nos auxiliarem se precisamos de alguma coisa? Isto para já não falar na possibilidade de eles próprios verificarem. Como é que podem pentear um dependente e não lhe perguntarem se gostou do penteado? Por falta de respeito, digo eu.
É mesma coisa que os ditos normais irem a um cabeleireiro e não abrirem a boca e nem olhos. Não poderem opinar.

E depois somos os chatos que queremos tudo. E quando os ouvimos que têm a coluna estragada por nossa culpa... que Deus é que sabe a cruz que carregam... Para já não dizer da exposição que fazem aos outros em geral das nossas intimidades. Horrível!!!


Por isso resolvi viver só. Tenho um auxiliar, o que não me livra dessas situações como quase todos.

Se realmente ultrapassamos estes obstáculos todos, e muitos mais, porque duvidarmos da nossa força e não lutarmos de verdade?
Nós conseguimos e só nós poderemos mudar as coisas. Temos é que não aceitar sermos uns cidadãos/ãs de segunda classe. Temos direitos.
Para sairmos destas garras dos que não nos respeitam e tentarmos ter uma existência mais diga temos que nos transcender e ir à luta.

Mas principalmente se aceitarmos tudo e não nos mostrarmos isto nunca mudará. Dou-vos dois exemplos que se passaram comigo: fui a uma clínica a Leiria a uma consulta. Liguei antes de ir a dar-lhe meu estado e sobre acessibilidades na clínica. Que poderia ir que tudo estava perfeito e cadeira rodas entrava perfeitamente. Chego lá e deparo-me com uma entrada pelas traseiras muito íngreme e sem condições nenhumas. Claro que vieram seguranças para me ajudarem! Não aceitei e recusei-me a entrar.

Agora no Centro de Reabilitação de Alcoitão verifiquei algumas falhas de funcionamento. O que fiz? Reclamei.

Deixo aqui a sugestão para que todos nós que temos blogues, associações, etc., nos unirmos e tentarmos em conjunto reivindicar com mais força aquilo que por direito é nosso.

VEJAM NOS VÍDEOS ACIMA COMO OUTROS CIDADÃOS/ÂS QUE SE SENTEM DISCRIMINADOS ACTUAM.

6 comentários:

  1. Olá Eduardo. Sou uma visitante habitual do blog da Mónica (embora ultimamente tenha andado afastada, tanto eu como ela), e foi lá no selinho que o nome deste blog me chamou a atenção.
    O que li neste post deixa-me a pensar. Pois realmente ouvir as coisas por parte de quem as vive faz toda a diferença. Pela forma como descreves dá ideia que, mesmo com muito carinho á mistura, muitas vezes a forma como se ajuda é quase como se de um bebé ou bonequinho se tratasse. Será esse o sentimento? Talvez algumas pessoas não consigam ver as coisas pelo outro lado... talvez precisem de ler posts como este.

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  2. Excelente trabalho, excelente blog!
    Tive, anos atrás, quando a internet ainda era uma pré-novidade, um projecto neste sentido em forma de revista, que ainda teve promessas de apoios institucionais. Mas, embora de facto bem intencionadas, tudo se ficou pelas promessas. Depois, deixei de ter disponibilidade para tal, por motivos profissionais - e ainda trabalho.
    Vou colocar o link no meu blog. Se quiser trocar algumas ideias, é só usar o endereço de e-mail que lá se encontra.
    E parabéns.

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  3. Eduardo, admiro-me pela tua força de vontade. Realmente é assim que acontece, as pessoas que ajudam ( maior parte ) nao entendem a situação perfeitamente, isto é, para mim, so entende quem realmente esta passando pela situação. Embora algumas pessoas sejam diferenciadas, que realmente ajudam sem impor ou reclamar. Tenho um irmao de 20 anos, que sofreu um acidente automobilistico ha dois anos, ele teve fratura de explosao na C5 e sua medula foi comprimida. Ele está tetraplegico. Nunca imaginamos que isso poderá acontecer com agente ou com alguem da familia. Mas aconteceu. Hoje buscamos o melhor pra ele atraves de experiencias de pessoas que passam pela mesma dificuldade, tudo que seja relacionado ao assunto ja ajuda o bastante. O seu blog me ajudou muito e continuarei a visitar para buscar mais informações. Obrigada.

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  4. Maria João e Evelise Borin, ninguém é obrigado a cuidar de ninguém. Seja esse dependente, família, conjugue ou não. E nós dependentes sequer na maioria dos casos exigimos que o façam. Pois queiramos ou não, cuidar de nós significa desestabilizar família toda, e nós sabemos que pessoas trabalham, têm seus filhos, netos e vidas bem estruturadas. Mas se realmente querem fazê-lo que saibam para o que vão para que depois não sejamos nós a culpa de tudo.

    É, em muitos casos são mais que bonequinhos. Pois além da dependência física acompanha-os também a mental.

    Aos 3 obrigado pelos comentários e carinho.

    Joaquim Simões, irei sim com todo o prazer entrar em contacto consigo.

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  5. Olá como vai mocinho ??Bom espero que vc leia meu comentário e me responda Eduardo!!
    Adoro ler o teu blog ,e a sua força devontade e capacidade me surpreende a cada vez que entro aqui ,bom eu queria naverdade desabafar,eu quero muito ajudar um rapaz do qual gosto muito ,ele é tetraplégico e tb vive sabe sem muito apoio familiar ,como posso fazer ´para ajudá-lo???
    Sempre lhe dou o meu apoio em conversas ,diálogos ,mas eu infelizmente moro longe dele e as vezes me sinto impotente ,por favor me ajude!!Obrigada desde já!!
    Parabéns !!!!

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  6. Olá, bom ler mensagens como a sua.

    Contacte-me por e-mail. tetraplegicos@gmail.com

    Será muito mais fácil podermos conversar.

    Fique bem.

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