segunda-feira, 4 de julho de 2011
1ª parte da minha História: O Acidente
MEU ACIDENTE (O DIA)
Geria um restaurante típico na localidade onde ainda vivo. Concavada. Várias viagens ao dia, em serviço, num Renault 5 GTL da empresa. No dia 20 de Fevereiro de 1991, na parte da tarde, numa dessas viagens, numa recta ao chegar á localidade de Alvega (a 2km do restaurante), carro foge todo repentinamente para a esquerda, bate estrondosamente num muro, dá várias cambalhotas e sou cuspido não sei por onde, indo parar no meio de um olival, sem um único arranhão. Ia sozinho e sem cinto de segurança. Lembro-me de logo a seguir ouvir vozes, abri os olhos, ver vultos, comecei a engasgar-me e a ter dificuldade em respirar devido ao sangue que saia da boca e acho que nariz, viraram-me a cabeça de lado e não me lembro de mais nada.
Não sei tempo que demorou a chegar o INEM-Instituto Nacional de Emergência Médica, mas acho que foram rápidos. Só me lembro de ao chegar de ambulância ao Hospital de Abrantes, que era o mais próximo e ao descerem-me na maca, vi uma irmã minha e o dono do restaurante que geria debruçados sobre mim. Não me lembro de os ouvir e nem expressão de seus rostos, mas lembro-me que lhes pedi repetidamente que não me deixassem morrer.
Dentro do hospital acordei com uns zumbidos muito fortes e estranhos. Aquilo entrava-me pelo cérebro dentro. Estavam a abrir-me dois buracos (com algo do género de um berbequim) no crânio, mais ou menos por cima das orelhas (ainda mantenho as cicatrizes bem visíveis. Nunca mais ali nasceu cabelo. Soube dias mais tarde que esses buracos serviram para introduzir uns pinos de ferro que faziam parte de uma estrutura metálica que tinha um peso na extremidade de 10 quilos, fariam com que o pescoço continuasse esticado. Ou seja: tinha constantemente um peso de 10 quilos fixado por pinos no crânio. Entendi que era para descompressão. Acho que chamam tracção). Depois de parar o barulho, sinto que me continuam a mexer na cabeça, mas não sei o que fazem.
Nessa noite, acordo dentro de outra ambulância e vejo uma enfermeira muito bonita, jovem e não sei porquê (nem me lembro se conversamos) achei-a muito simpática. Ia a caminho da Unidade Vertebro Medular do Hospital de São José em Lisboa onde fui operado para me reconstruírem as vértebras e estive internado uns meses.
Também na minha coluna no Vida Mais Livre.
Continua…
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Olá Eduardo,
ResponderEliminarLi com atenção o teu relato da história dramática, apesar de conhecer alguns pormenores.
Gostei do pormenor da simpatia que recaiu sobre a enfermeira ... heheeh
São momentos estes inesqueciveis e dolorosos.
Já pensas.te escrever um livro de memórias?
Grande abraço
Miguel Loureiro
Pois é, Edu, temos mesmo que viver o HOJE intensamente. Em 1991 foi vc; poderia e poderá ser qqer um de nós a qqer momento.
ResponderEliminarMeus Deus...vc foi mesmo tirado da porta do outro lado para cá!!
Parabéns Edu, pelo que tem feito a essa minoria desprivilegiada.
Que Deus lhe dê mta força e amplie cada vez mais sua fé numa amanhã melhor.
Beijinhos Carinhosos e Muito Saudosos.
Aparecida
Miguel, nunca tive problemas em contar o que se passou comigo e até passar no local do acidente, mas nunca calhou escrever sobre. Agora apeteceu-me contar tudo que me lembro, vou contar.
ResponderEliminarA enfermeira é daquelas coisas (tipo flashes)que ficou. Lembro-me pouca coisa. Acho que 1º desmaiei e depois fui anestesiado.
Não tenho vontade nenhuma de escrever um livro sobre mim. Um guia básico, sim.
Fica bem
Tive momentos muito complicados durante meu internamento. Foi praticamente um ano. Vou tentar contar tudo que me lembre.
ResponderEliminarDia do acidente foi esquisito. Estive sempre sedado.
Fique bem
Estou consigo, Eduardo!
ResponderEliminarOlá Eduardo,
ResponderEliminarGostei de ler e, se tem vontade de escrever sobre isso acho muito bem. Também já passei por momentos muito difíceis e sei bem o que isso é...
Também já escrevi sobre o meu acidente, embora tenha sido um acidente diferente. Se quiser pode ler no meu blog "O dia do Acidente: o dia em que a minha vida Mudou.
Um abraço
Olá Ana!
ResponderEliminarAssim ficam a conhecer-me melhor.
Já conhecia o seu "Ossos de Cristal" e tinha lido o que tem escrito. Tem continuidade?
Fique bem
Caro amigo Eduardo.
ResponderEliminarParabéns pelo relato comovente.Também passei por essa tração terrível.Graças a Deus vencemos ela.
Abração.
Tempos complicados. Certo dia ao virarem-me na Stryker soltou-se a tracção. Foi uma dor terrivel.
ResponderEliminarFica bem amigo.
Eduardo,
ResponderEliminarComovente sua história. Foi muito bom poder conhecê-lo mais.
Somos como soldados feridos em guerra, meu amigo, e o melhor de tudo é conseguimos sobreviver, graças a Deus.
Parabéns pelo lindo e nobre trabalho que tem feito, principalmente em relação às pessoas que mais precisam!
Abraços e um bom final de semana!
Vera, revemo-nos nos acontecimentos uns dos outros. Todos passamos por momentos dramáticos. Fácil não foi amiga.
ResponderEliminarFica bem
Olá Eduardo, obrigada pela partilha e, coragem! ânimo.!!!!!!!
ResponderEliminarBoa tarde, pesquisando sobre o tema encontrei vc e sua história. Venho lendo muito sobre o tema pq fiz um amigo na internet que está acamado ha 8 anos com uma história de vida bem difícil. Nao sei explicar o porquê e o como disso tudo, mas estou extremamente envolvida e mergulhada. Obrigada por compartilhar sua história. Acho que fiz um amigo e preciso entender o seu universo. Faco planos de visitá-lo logo que essa pandemia passar. Abraços fraternos
ResponderEliminarObrigado por me ler. Espero que essa amizade dê frutos.
EliminarBoa sorte