À agência Lusa, um dos membros do movimento explicou que em causa estão várias questões, nomeadamente a atribuição das ajudas técnicas e a reposição dos benefícios fiscais, retirados ainda durante a governação do primeiro-ministro José Sócrates.
"Os custos acrescidos da deficiência e da pessoa com deficiência que trabalha são muito maiores [do que das pessoas sem deficiência] e por ano gasta entre 4 mil a 26 mil euros. Tem de haver uma diferenciação justa", explicou Manuela Ralha.
Lembrou que na anterior manifestação houve uma reunião com o secretário de Estado da Solidariedade de onde saiu a decisão de formar uma comissão de acompanhamento das reclamações relativas às ajudas técnicas.
Segundo Manuela Ralha, o secretário de Estado Marco António Costa assumiu na altura o compromisso de que não haveria mais nenhum processo indeferido por falta de verba, mas quatro meses depois o projeto da comissão continua na gaveta, ao mesmo tempo que, assegura, há seis milhões de euros na área da saúde para ajudas técnicas que "ninguém sabe onde andam".
De acordo com Manuela Palha haverá inclusivamente verbas para apoios técnicos que foram entregues a empresas e que estas não deram o material às pessoas com deficiência
"Pedimos uma maior fiscalização das empresas que ficam com o dinheiro e não entregam os produtos às pessoas ou entregam produtos de menor qualidade daquela que foi adjudicada", reivindicou.
Por outro lado, em matéria de benefícios fiscais, Manuela Palha diz entender as restrições impostas pelo memorando da 'troika', mas lembra que a taxa de desemprego entre as pessoas com deficiência é mais elevada e estão a pagar ainda mais a crise, lembrando que a própria pensão de invalidez também leva a sobretaxa de 3,5%.
"O senhor ministro tem de acordar e perceber que não é possível sobreviver com pensões de 195 euros. Tem de perceber que o Estado não pode descartar nas famílias a sua responsabilidade para com os cidadãos que, pelo facto de terem uma deficiência, não deixam de ser cidadãos, nem deixam de ter direitos que estão consignados na Constituição da República Portuguesa", lê-se no comunicado do movimento.
A manifestação está marcada para as 08:30 de quinta-feira e como pretende ser uma ação de protesto ruidosa, com buzinas, apitos, bombos e panelas, Manuela Ralha espera conseguir chamar a atenção de Vitor Gaspar.
"A nossa intenção é sermos ouvidos e entregar um documento no Ministério [das Finanças] com as nossas dificuldades e reivindicações e que este Governo deixe um bocadinho a atitude que tem tido em relação às pessoas com deficiência e perceba que uns mais do que outros estão a pagar a crise", disse Manuela Ralha
A responsável frisou ainda que não querem esmolas e que só querem condições de vida dignas porque também são contribuintes.
Fonte: DN
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