terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Cadeira de rodas e sua evolução histórica


O Surgimento de Cadeiras de Rodas

Não é difícil imaginar que a necessidade de movimentar uma pessoa acidentada ou doente com mais facilidade do que pegá-la pelas pernas, pelos braços ou colocá-la nos ombros, existiu desde os primeiros dias do homem sobre a Terra.

Embora no início levado muito naturalmente às costas de homens mais fortes pelas matas ou pradarias, o homem ferido foi aos poucos carregado sobre galhos de árvores arrastados pelo chão, ou sobre pranchas trançadas com cipós, mais facilmente arrastadas quando apoiadas em "pernas" adrede preparadas, à moda das muitas raças de índios que dominaram as planícies atualmente ocupadas pelo Canadá e Estados Unidos da América. Trenós e carrinhos de mão (que nossos habitantes da zona rural chamam de carriolas) foram também utilizados, desde a Idade Média.

No entanto, é impossível detectar em que momento algum inventivo ser humano notou que, colocando rodas sob um assento ou sob uma cama em que a pessoa estivesse acomodada, a tarefa seria menos cansativa, muito mais facilitada e demandaria muito menor esforço. Além disso, provocaria menor dor e desconforto para o transportado.

Um cartoonista analisou esse momento, com seu tom de sátira. Mas, na cena reproduzida ao lado, há uma verdade inquestionável: acidentes, pancadas, quedas, fraqueza de membros, amputações, paralisias, doenças agudas ou crônicas e outros males que levam uma pessoa ao leito, podem levar também ao uso de cadeira de rodas para movimentar-se.

Uma das primeiras e alegóricas gravuras de uma cadeira de rodas, que chegou até nós, está em um vaso grego do século IV AC. Nela aparece muito claramente Hefesto (Hephaistos), o deus grego da metalurgia e das artes mais finas, comodamente sentado em uma cadeira de rodas com aros (inovador) e acionada por dois cisnes (muito imaginativo). Ou seja, idéia de uma cadeira de rodas auto-propulsionada, anfíbia e que não demandava esforço algum do ocupante... Esse mitológico deus grego sempre foi considerado na cultura grega antiga como muito competente em sua profissão, tendo chegado até a criar assistentes seus, do sexo feminino, que eram lindas jovens de metal dourado, articuladas, inteligentes... e robotizadas.

Existe outra ilustração no bocal de um vaso grego, mais ou menos da mesma época e que certamente levou em consideração a primeira representação da cadeira de rodas de Hefesto, que nos mostra o controvertido deus metalúrgico como conviva, devidamente integrado entre seus demais "colegas" do Olimpo. É um verdadeiro exemplo de inclusão social entre os deuses principais da mitologia grega, muitos séculos antes de Cristo.

A ilustração ao lado é muito rara e mais antiga. Quase desconhecida, foi pintada em um vaso grego do século VI A.C., mostrando-nos a combinação de uma cama infantil com rodinhas. É um primeiro notável exemplo de adaptação de móveis com rodas na cultura grega de séculos Antes de Cristo.

Poucas são as ilustrações de cadeiras de rodas antigas que chegaram até nossos dias e vale a pena divulgá-las. O Disability Museum dispõe de exemplos bastante notórios a partir do século XII. De séculos posteriores, uma das marcantes cadeiras de rodas, inserida numa obra da Dra. Sawatzky, ortopedista de Vancouver-Canadá, é aquela utilizada pelo rei Felipe II, da Espanha, em 1595.

Além do rei poder ser transportado com muita cautela, mas com certa facilidade pelos diversos ambientes do palácio, a cadeira de rodas foi fabricada de tal forma que tinha mecanismos para inclinação e repouso dos pés, podendo transformar-se em um leito provisório, para repouso e maior comodidade do monarca espanhol.

Houve, com o passar dos anos, muitas famílias ricas que encomendaram cadeiras de rodas, de acordo com suas posses, que estivessem de acordo com as necessidades de seus membros e com seu estilo de vida. Isso aconteceu por diversos séculos, durante os quais não havia a produção sistemática de cadeiras de rodas.

Esse foi o caso dessa verdadeira poltrona móvel, com duas rodas maiores sob o assento e duas menores para garantir facilidade de movimentação. Era acabada em vime da Índia, pesando mais ou menos 25 quilos. Podia ter ou não sistema de propulsão ao lado das rodas. Normalmente era movimentada por outra pessoa.

Sendo inexistente a produção em série de cadeiras de rodas, algumas mais sofisticadas foram fabricadas por encomenda, numa base individual. Em muitos casos havia preocupação com o conforto da pessoa, conforme podemos notar pelas características dessa cadeira, com duas de suas rodas providas de aros e uma menor para tornar mais fácil o rumo a ser tomado. Era facilmente manobrável e isso já no século XVIII.

Podemos, claro, encontrar inventivos utilizadores de cadeiras de rodas que criaram seus próprios modelos, como Stephen Farfler, que era um relojoeiro paraplégico, e que foi seu criador, aos 22 anos de idade, no ano de 1655. Esse confortável modelo era movimentado pelo próprio usuário. Utilizava os dois braços e não requeria qualquer ajuda em terreno plano - desde que não houvesse barreiras, como hoje em dia.

Num passo decisivo para o objetivo desenvolvimento de cadeiras de rodas mais versáteis, no ano de 1933 Herbert A. Everest, norte-americano, encomendou uma cadeira de rodas que poderia ser levada num automóvel. O engenheiro H.C. Jennings construiu para ele essa primeira cadeira de rodas dobrável. Esse modelo, devidamente patenteado como muitos outros modelos, foi utilizado por décadas, com a marca Everest/Jennings, antes que outros surgissem no mercado.

David Werner, em seu livro Nothing About Us Without Us - Nada Sobre Nós Sem Nós, apresenta diversas ilustrações a respeito de tecnologias várias adaptadas a situações de extrema carência de recursos.

Uma delas relaciona-se a modelos alternativos de cadeiras ou assentos com rodas.

Werner, com sua vasta experiência em regiões montanhosas e pobres, defende a individualização das cadeiras, porque, segundo suas afirmativas, "uma criança com deficiência não é um saco debatatas". Além disso, há que se considerar que as necessidades de cada criança são sempre de alguma forma diferentes.

Fonte e mais informação: Deficiente Ciente

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