quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Porto discute a acessibilidade em espaços culturais ‘muito para além das rampas’

A Livraria Lello e Irmão não possui recursos de acessibilidade para uma visitação total, mas é possível entrar para apreciar sua beleza interna.

A acessibilidade vai “muito para além de rampas e casas de banho adaptadas”, considera a Acesso Cultura, associação que este mês promove no Porto um curso que regista a inscrição de profissionais de várias instituições da cidade.

A Acesso Cultura é uma associação cultural que promove a melhoria das condições de acesso, físico, social e intelectual, aos espaços culturais e à oferta cultural.

Arquitectura, design inclusivo, suportes para cegos, materiais de comunicação, linguagem simples, páginas de Internet acessíveis são os temas do curso “Acessibilidade: uma visão integrada”, que, após 2 edições em Lisboa, pela primeira vez chegou ao Porto.

“Estas formações têm vindo a ser desenvolvidas mais no Sul. No Porto sentia-se uma lacuna e havia procura por parte dos profissionais da cultura que querem tornar o seu trabalho mais acessível, promovendo a participação cultural de todos”, descreveu a vice-presidente da Acesso Cultura, Inês Rodrigues.

No Porto, esta iniciativa registou a inscrição de profissionais de entidades como o Centro Português de Fotografia, a Casa do Infante, o Museu Militar, a Fundação de Serralves, o Museu de Aveiro ou a Iris Inclusiva.

“O que queremos dizer com visão integrada é que a acessibilidade num espaço cultural é mais do que as rampas. O conceito de acessibilidade e de inclusão deverá fazer parte da acção, do pensamento, da prática de todos os departamentos que compõem aquela instituição”, explicou a directora executiva da Acesso Cultura, Maria Vlachou.

Consultora em gestão e comunicação cultural, Maria Vlachou é uma das formadoras do curso, enquanto Inês Rodrigues, que também trabalha no Centro Português de Fotografia, é uma das formandas.

Ambas partilham a convicção de que “existe uma necessidade cada vez maior de partilhar com os profissionais da cultura e com as suas tutelas o conceito alargado de acessibilidade”, reflectindo-se naturalmente o edifício, ou seja as barreiras arquitectónicas, mas ainda mais e na maior parte das vezes com custos mais baixos, “o design, a comunicação, os serviços”.

Paralelamente a este curso, decorre hoje outro sobre “Gestão de páginas de Facebook” e a 1 de Dezembro realiza-se uma sessão sobre “Websites e documentos digitais acessíveis”, que vem lembrar que os portais na Internet são as principais “portas de entrada” das instituições, pelo que devem também ser acessíveis a pessoas com deficiência.

“Tornar os nossos ‘websites’ e os documentos que partilhamos na Internet mais acessíveis não implica gastar mais dinheiro, implica termos alguns conhecimentos básicos sobre o que funciona e não funciona, para podermos dialogar melhor com os webdesigners e para nós próprios sabermos criar documentos acessíveis antes de os partilharmos online“, descreve o programa.

Além de Maria Vlachou, são formadores, entre outros, o arquitecto Pedro Homem Gouveia, que na câmara de Lisboa coordena o Plano de Acessibilidade Pedonal, Peter Colwell, técnico de acessibilidade na Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), e Norberto Sousa, formador e consultor de acessibilidade Web e digital.

“Chegar ao dia em que as pessoas com necessidades especiais serão visitantes e espectadores autónomos nas nossas instituições culturais, tal como todos os outros, e que farão cada vez mais parte das equipas das mesmas”, é o objectivo da Acesso Cultura ao promover estas iniciativas.

Fonte: Turismo Adaptado

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