Há 15 anos que o país vive com apenas 20 camas - 10 em Lisboa e 10 no Porto - para internamento de crianças e jovens com problemas de saúde mental. Ao que a TSF apurou, dentro de meses, serão 46.
Primeiro vão abrir 10 camas nos Hospitais da Universidade de Coimbra, depois haverá mais no Hospital D. Estefânea e finalmente, no final deste ano ou início do próximo, abre a nova unidade no Hospital Psiquiátrico de Lisboa - tem 20 camas, metade serão para os mais novos.
A unidade que está a ser construída no antigo Hospital Júlio de Matos vai ser partilhada com o serviço de pedopsiquiatria do Hospital D. Estefânia.
O serviço de pedopsiquiatria do D. Estefânia tem a única urgência do país aberta 24 horas e só 10 camas para responder a toda a população que vive desde Leiria até ao Algarve e nas ilhas.
O diretor do serviço, Augusto Carreira, vai finalmente ter algum alívio, mas "tendo em conta o que se passa lá fora, deveríamos ter entre 100 e 120 camas. Vamos continuar a não ter uma resposta eficaz."
"Não podemos mandar para casa crianças em risco de vida"
Melhor do que é hoje será seguramente. Todos os anos há crianças internadas em serviços de adultos por falta de espaço próprio. "É uma má solução", reconhece Augusto Carreira. Mas "temos alturas é que é um verdadeiro desespero. Temos de arranjar alternativas. Não podemos enviar para casa miúdos em situação crítica, em risco de vida." É nesse estado que chegam adolescentes com distúrbios alimentares ou com comportamentos suicidários.
Os casos de anorexia pesam especialmente. "Precisam de uns 2 meses de internamento. Se temos 5 camas ocupadas com esses doentes e ainda mais difícil dar resposta aos outros..."
Chegam cada vez mais casos à urgência
A pressão crescente sente-se também na urgência. Há 4 vezes mais procura que em 2009, sobretudo jovens que estão em instituições, com famílias problemáticas ou sob vigilância das Comissões de Proteção de Crianças e Jovens em Risco. "Está tudo ligado", explica Augusto Carreira, "essas instituições têm falta de técnicos, não têm apoios na comunidade e acabamos por ser a única porta a que bater. Aumenta a procura e aumenta a dificuldade em dar resposta."
O médico não tem dúvidas de que foi também a pressão que acabou por atingir os decisores políticos e determinou a abertura de novas camas. à falta de capacidade para criar um boa resposta, Augusto carreira concentra-se na que seria a resposta "suficiente". Termos dentro de 5 anos entre 50 a 60 camas para estes utentes, Até lá, teremos profissionais de saúde formados em número, também ele, suficiente.
Fonte e mais informações: TSF
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