“Com o nosso movimento, queremos poder saltar dois muros ao mesmo tempo: o da sexualidade e o da deficiência. Mas as mulheres em particular enfrentam um terceiro muro, o do género“, começa por lamentar o responsável de um movimento que, a caminho dos cinco anos de existência, está a alertar a sociedade para a questão da autonomia e da liberdade sexual das pessoas deficientes. O psicólogo clínico lembra, por isso, que neste campo está tudo por fazer em matéria de igualdade de género
Afinal, reitera, “se qualquer mulher relata queixas relativamente à desigualdade em questões laborais, de relacionamento, de diferenças de tratamento, naturalmente que aquelas que vivem a diversidade funcional estarão em situação de uma maior vulnerabilidade, pelo que essas mesmas dificuldades se vão sentir de forma ainda mais carregada“.
Por isso, são muitas as batalhas que o movimento Sim, Nós Fodemos tem em mãos e que quer pôr em marcha o quanto antes. Do direito à maternidade, às parcerias para as sex toys, até à assistência sexual, são muitas as ações que o movimento de, entre outros, Rui Machado, quer trabalhar já a partir de 2018.
10% da população vive com deficiência ou incapacidades várias.
Estima-se que, em Portugal, existam cerca de um milhão de pessoas com deficiência e/ou incapacidades várias, ou seja, 1/9 da população nacional. Estes eram os números aproximados avançados pela Associação Portuguesa dos Deficientes, em fevereiro de 2016, numa ocasião em que o Estado anunciava estar a preparar um “censos” detalhado para melhor conhecer esta população.
De acordo com o Centro Regional de Informação das Nações Unidas (UNRIC, acrónimo orignal), as pessoas com deficiência constituem a maior minoria do mundo. Mantendo a mesma proporção que se verifica em Portugal, de 10%, estima-se que650 milhões de indivíduos no planeta vivam essa diferença. Um valor que, adianta a Organização Mundial da Saúde, está a aumentar por via “do crescimento demográfico, dos avanços da medicina e do processo de envelhecimento“, cita a UNRIC.
Mulheres têm medo de serem “vítimas de preconceito”
Machado conta que as mulheres são quem menos se queixa e pede ajuda. É essa, pelo menos, a experiência que ressalta do trabalho que tem vindo a desenvolver. “Notamos claramente que os homens vêm ter connosco com maior frequência a pedir-nos ajuda, soluções e até a desabafar. As mulheres não fazem tanto isso“, nota.
Fique ainda a conhecer o projeto do movimento Sim, Nós Fodemos em matéria de acesso a brinquedos sexuais
E porque é que tal sucede? “Não posso responder com um artigo científico, mas estou convencido que tem que ver com os estigmas que existem sobre as mulheres“, avança Rui Machado. Ou seja, prossegue, “mais do que o conformismo, creio que elas têm medo de serem, ainda mais, vítimas de preconceito“. “Creio que isso explica a razão pela qual somos menos procurados pelo público feminino”, afirma.
O responsável do movimento diz mesmo que “houve dificuldade em ter mulheres no grupo porque há o risco de a mulher, ao assumir que quer viver a sua sexualidade, sentir ainda mais preconceitos“.
“Vida independente é a possibilidade do amor”
A frase foi escrita numa crónica, pela mão de Rui Machado. Para o psicólogo clínico, só “uma vida independente permitirá ter uma vida social e viver o amor“, sendo que, nesta matéria, “muitas pessoas em Portugal ainda estão em exclusão social“, explica ao Delas.pt. E prossegue: “Claro que, neste contexto, nunca se consegue ser um ser sexual, com direitos.”
“O nosso estado delegou, desde sempre, as concidadãs e os concidadãos para as famílias ou para as instituições, onde o espaço para a autonomia, a liberdade e autodeterminação não são muito grandes“, vinca o cofundador do movimento.
Ora, olhando em particular para o sexo feminino, o problema arrisca ser ainda mais gritante. “A autonomia tem depois, na mulher, outra dimensão, que é a questão da maternidade. Se ela tem dificuldade para se vestir a si própria, terá de ter apoio para o seu bebé, mas não pode ver recusado o direito à escolha”, conclui Machado.
Estima-se que, em Portugal, existam cerca de um milhão de pessoas com deficiência e/ou incapacidades várias, ou seja, 1/9 da população nacional. Estes eram os números aproximados avançados pela Associação Portuguesa dos Deficientes, em fevereiro de 2016, numa ocasião em que o Estado anunciava estar a preparar um “censos” detalhado para melhor conhecer esta população.
De acordo com o Centro Regional de Informação das Nações Unidas (UNRIC, acrónimo orignal), as pessoas com deficiência constituem a maior minoria do mundo. Mantendo a mesma proporção que se verifica em Portugal, de 10%, estima-se que650 milhões de indivíduos no planeta vivam essa diferença. Um valor que, adianta a Organização Mundial da Saúde, está a aumentar por via “do crescimento demográfico, dos avanços da medicina e do processo de envelhecimento“, cita a UNRIC.
Mulheres têm medo de serem “vítimas de preconceito”
Machado conta que as mulheres são quem menos se queixa e pede ajuda. É essa, pelo menos, a experiência que ressalta do trabalho que tem vindo a desenvolver. “Notamos claramente que os homens vêm ter connosco com maior frequência a pedir-nos ajuda, soluções e até a desabafar. As mulheres não fazem tanto isso“, nota.
Fique ainda a conhecer o projeto do movimento Sim, Nós Fodemos em matéria de acesso a brinquedos sexuais
E porque é que tal sucede? “Não posso responder com um artigo científico, mas estou convencido que tem que ver com os estigmas que existem sobre as mulheres“, avança Rui Machado. Ou seja, prossegue, “mais do que o conformismo, creio que elas têm medo de serem, ainda mais, vítimas de preconceito“. “Creio que isso explica a razão pela qual somos menos procurados pelo público feminino”, afirma.
O responsável do movimento diz mesmo que “houve dificuldade em ter mulheres no grupo porque há o risco de a mulher, ao assumir que quer viver a sua sexualidade, sentir ainda mais preconceitos“.
“Vida independente é a possibilidade do amor”
A frase foi escrita numa crónica, pela mão de Rui Machado. Para o psicólogo clínico, só “uma vida independente permitirá ter uma vida social e viver o amor“, sendo que, nesta matéria, “muitas pessoas em Portugal ainda estão em exclusão social“, explica ao Delas.pt. E prossegue: “Claro que, neste contexto, nunca se consegue ser um ser sexual, com direitos.”
“O nosso estado delegou, desde sempre, as concidadãs e os concidadãos para as famílias ou para as instituições, onde o espaço para a autonomia, a liberdade e autodeterminação não são muito grandes“, vinca o cofundador do movimento.
Ora, olhando em particular para o sexo feminino, o problema arrisca ser ainda mais gritante. “A autonomia tem depois, na mulher, outra dimensão, que é a questão da maternidade. Se ela tem dificuldade para se vestir a si própria, terá de ter apoio para o seu bebé, mas não pode ver recusado o direito à escolha”, conclui Machado.
Fonte e mais informação: Delas
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