Na sala de estimulação sensorial (Snoezelen), em Faro, ouvem-se sons da terra e do mar e há bolas coloridas a saltitar dentro de uma coluna. À primeira vista, parece uma sala de brinquedos. “É muito mais do que isso”, diz a terapeuta ocupacional, Ana Almeida, virando-se para o Rui (Ruca, como é carinhosamente tratado), sentado numa ponta do colchão de água. “Vamos lá fazer o jogo dos animais”, sugere. O Ruca fica, de ouvido apurado, a aguardar o canto do grilo. Aparece o “cri-cri” e a resposta é um enorme sorriso de satisfação. No lado oposto, António mantem o olhar suspenso no infinito. Ambos têm idades compreendidas entre os 30 e os 40 anos com deficiências profundas e todos estes estímulos visam despertar-lhes os sentidos, criar sensações, trazê-los para uma vida fora de si mesmos.
A sessão decorre no Centro de Actividades Ocupacionais (CAO) da AAPACDM, numa sala com cerca de dez metros quadrados — pequena para as necessidades. Em Santa Bárbara de Nexe, onde existe um outro CAO destinado a utentes menos profundos, existe uma sala de estimulação sensorial à espera de melhores oportunidade para ser reapetrechada com o equipamento deslocado de Faro. Os apoios, diz a vice-presidente da instituição, Cândida Pereira, não chegam para tanta necessidade.
Servir bem e barato
Num outro compartimento do edifício da instituição, situado na rua do Compromisso, em Faro, serve-se o almoço num restaurante pedagógico, com ensinamentos para enfrentar os caprichos de clientes exigentes. Quando a refeição vai a meio, o presidente da AAPACDM, Jorge Leitão diz: “Estamos a ser cobaias”, referindo-se ao facto de se tratar de um serviço prestado pelos jovens da instituição em contexto de formação profissional. Algo que não aflige o presidente da câmara, Rogério Bacalhau, antes pelo contrário. E promete voltar a este restaurante, aberto ao público, à segunda e sexta-feira, com marcação prévia. A refeição completa custa apenas quatro euros.
Fonte: Público
Sem comentários:
Enviar um comentário