Jovens investigadores portugueses estão a desenvolver projectos específicos para melhorar a vida de pessoas com necessidades especiais. A iniciativa tem o apoio da Associação Salvador.
Mover objectos electrónicos com o poder da mente parece impossível, mas já existem inúmeras experiências em todo o mundo que pretendem tornar a comunicação entre o cérebro humano e as máquinas numa realidade.
Ainda não é possível implantar um microchip no cérebro que leia os sinais directamente e os transmita ao computador, mas as experiências com capacetes já deram os primeiros passos para que pessoas com necessidades especiais possam comunicar com o mundo. No futuro o que se pretende é que as máquinas consigam interpretar expressões faciais ou até pensamentos sem que seja necessário tocar sequer numa tecla.
Projectos Portugueses
Mas à parte de cenários futuristas, são muitos os projectos que utilizam tecnologia já existente para que num futuro muito mais próximo, se consigam minimizar barreiras diárias. Nesta tecnologia inclusiva, muitas vezes são as ideias mais simples que podem fazer a diferença. Exemplo desta simplicidade é um projecto que surgiu num grupo de jovens para "ajudar um amigo que sofre de distrofia muscular e a ideia inicial foi fazer alguma coisa que o ajudasse na sua acessibilidade em casa", explica Flávio Soares, do Simon Project, que construiu um protótipo que "usa simplesmente um reflector que faz com que o sinal emitido seja reflectido e ao ser recebido, a luz é activada."
Este protótipo com um sensor para acender a luz de uma divisão da casa, apenas accionado pela passagem de uma cadeira de rodas, mereceu uma menção honrosa do concurso "Ser Capaz", da Associação Salvador, que premeia a investigação tecnológica que atenue a incapacidade de pessoas com problemas de mobilidade.
Braço Mecânico
Também a construção de um braço mecânico mereceu a atenção do júri com uma distinção de honra. A ideia é permitir que pessoas com algum tipo de incapacidade motora consigam alcançar objectos que estejam mais elevados ou no chão. Os conceitos de automação e robótica estão a ser desenvolvidos para a construção de um protótipo mais leve e fácil de manusear. O projecto está a despertar o espírito empreendedor já que um dos autores, Diogo Correia garante que estão a "melhorar o produto" para quando o apresentarem a uma empresa "seja mesmo muito bom" mas também já pensa "nos prós e contras de criar a nossa própria empresa para comercializar o produto a nível mundial".
1º Prémio: Walk HD
João Pedro Leite é um dos rostos do projecto que alcançou o primeiro lugar do concurso de investigação e tecnologia "Ser Capaz". Com um colega de mestrado em engenharia da concepção e desenvolvimento do produto, concebeu o "Walk HD", uma prótese que acompanha o crescimento de crianças amputadas.
"A ideia para realizar este projecto partiu de um documentário que estávamos a ver sobre um miúdo norte-americano que tinha nascido sem os membros inferiores, e à medida que crescia tinha de estar sempre a utilizar novas próteses porque aquelas que tinha iam-se desadequando à altura e nós pensámos: porque não criar uma prótese que consiga acompanhar todo o crescimento e que não seja necessário estar sempre a trocar sempre que a criança cresce?", conta João Pedro Leite.
Por ser um projecto simples, a construção do protótipo não precisa de nenhum método inovador, apenas a alteração da forma de encaixe das peças para que a prótese acompanhe o crescimento da criança.
São ideias simples e fáceis de concretizar que vão num futuro próximo mostrar que a tecnologia pode efectivamente trazer mais qualidade de vida a quem, por qualquer razão, tem algum tipo de incapacidade.
Fonte: Expresso
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