No conceito de vida independente inclui-se "o mesmo grau de autodeterminação, de liberdade de escolha e de controlo sobre a vida quotidiana para todos", ou seja, "a oportunidade de fazer escolhas e tomar decisões sobre onde morar, com quem viver e como viver".
Para ajudar a fazer aquilo que não conseguirem, os participantes contarão com assistentes pessoais, escolhidos por cada um.
Apesar de o projeto terminar no final de dois anos, João Afonso mostrou-se convicto de que "há condições para passar de um projeto-piloto a uma realidade para todos".
Para este projeto, a Câmara Municipal de Lisboa (liderada pelo PS) disponibilizou três casas que estão a ser adaptadas.
Na opinião do presidente do Centro de Vida Independente (CVI), Diogo Martins, as residências "têm as condições necessárias" para dar resposta às necessidades de quem as irá habitar.
Diogo Martins explicou também que o processo de seleção dos participantes partiu de candidaturas que foram analisadas sob critérios como o facto de a pessoa viver ou trabalhar em Lisboa, não estar institucionalizada e ter capacidade de autorrepresentação.
Para o CVI, é fundamental "a melhoria da autonomia e a realização pessoal" destas pessoas.
"Termos um assistente pessoal é um enorme avanço, pois fará por nós aquilo que não conseguirmos fazer, mas não escolherá nem decidirá por nós", afirmou.
Esta opinião é partilhada pelo ativista Eduardo Jorge, também presente no debate, que foi taxativo: "Nós não queremos médicos nem enfermeiros atrás de nós, queremos alguém que seja os nossos braços e as nossas pernas".
Eduardo Jorge congratulou-se também com o facto de "as coisas já estarem a acontecer", vincando que as pessoas com deficiência "não estão contra os lares, estão contra a obrigatoriedade de ir para lá e a falta de poder de escolha".
Uma das participantes é Filomena Carvalho, que se vai mudar para uma das habitações disponibilizadas pela autarquia. À Lusa, mostrou-se satisfeita com o projeto, salientando que o seu desejo "é mesmo o de conseguir ter uma vida independente".
Também presente no debate que decorreu nos Paços do Concelho, o deputado do Bloco de Esquerda Jorge Falcato criticou o facto de a tradição cultural e política portuguesa "continuar a preferir pôr as pessoas num lar", ao invés de lhes dar alternativas que permitam a autonomia.
Jorge Falcato aproveitou depois para abrir a discussão sobre se deveria ser apresentado na Assembleia da República um projeto-piloto a nível nacional ou uma alteração à legislação.
O objetivo do CVI é agora procurar fundos e financiamentos para tornar este projeto permanente e poder estendê-lo a todo o país.
Fonte. RTP
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