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A implementação de projetos-piloto de Vida Independente foi incluída no Orçamento do Estado de 2016 por proposta do Bloco. Este o primeiro passo para a concretização de uma exigência antiga da comunidade de pessoas com deficiência e das suas famílias.
“A Vida Independente, no fundo, é permitir que pessoas que estão dependentes de terceiros possam fazer uma vida que idealizam. No fundo, é dar meios às pessoas, através de assistência pessoal, para fazerem a vida que querem” explica o deputado do Bloco Jorge Falcato. “É permitir que estas pessoas, através de uma pessoa que as ajuda e que substitui, no fundo, as funções que a pessoa não pode fazer, no fundo substitui as suas pernas, os seus braços, e pode realizar as tarefas que está impedido de fazer. No fundo, isto é permitir que a pessoa tome a sua vida nas suas mãos, ter o poder de decidir na sua vida, sem terceiros a dizerem-lhe o que é que ele deve fazer ou não deve fazer.”
Seguindo o lema “nada sobre nós sem nós”, o Bloco promoveu no fim de setembro uma audição pública para debater as necessidades da comunidade e preparar a interpelação ao governo que teve lugar a 7 de outubro no parlamento. Esta audição teve uma adesão muito acima das expetativas.
“Foi com uma grande felicidade que vi a comunidade de pessoas com deficiência a participar tão ativamente. Tenho muita esperança no futuro, acho que os nossos governantes vão olhar para esta questão com muita sensatez e é isso que espero deles, e que se organizem muitas mais discussões públicas sobre a temática”, afirmou Diana Santos da direção do Centro de Vida Independente e utilizadora de assistência pessoal.
As propostas específicas do governo ainda não são conhecidas, mas a comunidade de pessoas com deficiências exige ser ouvida a esse respeito. "Queremos mostrar que temos de ser ouvidos e isto vai-nos fazer, todos juntos, não aceitar qualquer coisa ou qualquer medida que o governo ponha cá fora que não seja exatamente aquilo que nós desejamos" afirmou Eduardo Jorge, ativista pela Vida Independente.
Está estudado que o sistema de Vida Independente, além de ser melhor para as pessoas, custa menos ao erário público quando comparado com o custo da sua institucionalização. Jorge Falcato afirma que "aquilo que os estudos dizem é que é mais barato o sistema de Vida Independente do que a institucionalização. Mas tem outros efeitos económicos que convém considerar. A Vida Independente é, também, a criação imediata de muito emprego. Porque o dinheiro que é canalizado para as pessoas com deficiência é imediatamente transformado em emprego. Aqui não há intermediários, com esse dinheiro é logo criado o emprego do assistente pessoal. Esse assistente pessoal vai consumir, vai pagar impostos, a pessoa com deficiência vai ter a hipótese de ser, também, um consumidor, um trabalhador".
No entanto, a Vida Independente, sendo uma medida importante, é apenas a primeira num longo percurso pela dignidade. A falta de acessibilidades continua a ser muitíssimo limitativa. "Vida Independente não é só ter um assistente pessoal, do que é que me adianta ter um assistente pessoal e depois ficar num quinto andar, ou num bairro ou numa casa onde eu não tenho acessibilidades? Onde eu não posso ir ao café, onde eu não posso ir ao cinema, onde eu não posso ir às aulas, onde eu não posso fazer formação ou lazer? Tem de se criar condições mais transversais, não é só vida independente. Vida Independente é fundamental, mas não é só isso, tem que haver muito mais do que Vida Independente, principalmente ao nível de acessibilidades. De que é que me adianta se depois os transportes públicos não têm acesso?" resumiu Eduardo Jorge.
Fonte: Esquerda.net
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