“É uma vitória, claramente uma vitória que foi adiada 19 anos. Existe lei de acessibilidade em Portugal há 19 anos, e só ao fim destes é que que a Assembleia [da República] está adaptada, ao fim de 19 anos é que se põe a hipótese de haver um deputado diferente dos outros”, disse Jorge Falcato, consciente de que se não fosse o seu caso ainda a AR não estaria adaptada.
O deputado bloquista, que se move em cadeira de rodas, sobe, pela primeira vez, ao púlpito do hemiciclo graças a uma rampa que será estreada sexta-feira, onde irá fazer uma interpelação ao Governo levando à discussão a política da deficiência, depois da rampa de acesso ter ficado concluída.
Hoje, Jorge Falcato esteve em visita à sede da Associação Portuguesa de Surdos com Catarina Martins, onde se inteiraram dos problemas com que os surdos se deparam nomeadamente no acesso aos serviços públicos, escolas e acesso à saúde.
Catarina Martins lembrou que se está a excluir as pessoas com deficiência “do acesso pleno à democracia”, adiantando que os seus problemas são “inúmeros”, dando como exemplo o facto de uma pessoa surda ir ao médico de família e não ter interpretação em língua gestual por o seu médico não saber.
“É sobre esta ideia da cidadania plena para as pessoas com deficiência que amanhã [sexta-feira] interpelamos o Governo. Temos uma série de projetos sobre esta área para garantir o acesso das pessoas com deficiência aos serviços públicos, à educação etc”, avançou a líder do Bloco de Esquerda.
Catarina Martins sublinhou a importância da aprendizagem e do ensino da língua gestual, frisando que está a ser garantido “a poucas crianças surdas a língua gestual na escola”, acrescentando que tal atitude é “discriminatória”, uma vez que os colegas das crianças surdas não aprendem a língua gestual portuguesa.
“Há que garantir que as crianças surdas tenham acesso à sua língua mãe, é a sua língua materna, assim como os seus colegas da escola possam aprender a língua gestual portuguesa para poderem brincar juntos no recreio, inclusão é isto”, frisou.
A líder do Bloco de Esquerda frisou também que em Portugal se vêm poucas pessoas com deficiência nos serviços públicos na rua ou nas escolas, frisando não ser porque existem poucas pessoas com deficiência, mas pelo facto de “não lhes ser dada forma de puderem utilizar os serviços públicos e usar os espaços públicos”.
Fonte: Diário Digital
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