sábado, 10 de setembro de 2016

A solidariedade dos portugueses

O tema da minha crónica no Jornal a Abarca desta vez é a solidariedade que sempre tive por parte dos portugueses.

Todos os olhares se dirigem na minha direção e imediatamente alguém se levanta e pergunta: Precisa de alguma coisa? Sim, respondo eu, um copo de água por favor! Quer fresca ou natural? Pode ser fresca. Muito obrigado.

Esta troca de palavras surge sempre que me dirijo a um recipiente de água numa qualquer sala de espera. Tento disfarçar, olhar de longe para averiguar se consigo beber água sem ajuda de ninguém, mas nem sempre consigo chegar a uma conclusão, e lá vou até ao recipiente. Isto a propósito da boa vontade e disponibilidade para ajudar, que as pessoas anónimas sempre demonstraram para comigo.

O mesmo acontece ao tentar apanhar uma daquelas revistas/jornais espalhados pelas mesas das salas de espera. Gosto de tentar, mas antes que comece, de imediato aparece alguém e me entrega a revista. É que as manobras que tenho que fazer para tentar segurar na revista, dão nas vistas. Geralmente seguro-as com a boca para não me desequilibrar, e só depois as coloco no colo. Demora, mas vai. 

O ideal seria perguntarem se preciso de ajuda, mas como geralmente se levantam de imediato, evito dizer que vou tentar fazer sozinho e se não o conseguir pedirei ajuda. Sinto que ficar ali de pé alguém á espera que isso aconteça, pode ser mal interpretado e por isso aceito de imediato a oferta. Outro caso é quando vou abrir a minha carteira para tirar algo. Começo por pegar o fecho com a boca, e toca a corre-lo, logo quem estiver por perto me tenta ajudar. Neste caso costumo agradecer e dizer que consigo.

No meu trabalho, no Centro de Apoio Social da Carregueira, tenho outro exemplo lindo de solidariedade e entreajuda. Preciso que me sirvam e preparem os alimentos...chegar a uma pasta numa prateleira...abrir uma porta...Há sempre algum colega por perto que me ajuda com toda a naturalidade e boa vontade do mundo, mas neste caso, como sei bem o que consigo, ou não fazer, costumo pedir.

Como estes exemplos tenho muitos mais.

Isto para realçar que sempre senti o maior apoio, carinho, solidariedade e respeito pela parte dos portugueses. Nunca tive um episódio pior, discriminatório ou algo parecido.

O mesmo não acontece com o Estado. Esse sim discrimina-nos sem dúvida nenhuma. Mas isso é outra conversa. A todos os anónimos, colegas e conhecidos que sempre me apoiaram muito obrigado.

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