Quarenta anos após o fim da Guerra Colonial, os militares deficientes têm dificuldade em adaptar-se à sua condição e sublinham a responsabilidade do Estado na resolução dos seus problemas.
Estas são as principais conclusões de um estudo sobre o estado de inclusão dos deficientes militares, coordenado pelo Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) e que abrangeu 3 600 inquiridos.
“O que o estudo nos diz é que, 40 anos depois, ainda há muita coisa a fazer. As pessoas sentem que, a nível de reabilitação, ainda precisam de ser acompanhadas, quer do ponto de vista físico quer do ponto de vista psicológico”, declarou à agência Lusa Arménio Sequeira, professor do ISPA que orientou a investigação entre 2007 e 2009.
De acordo com o docente, “43 por cento das pessoas afirmam que ainda sentem dificuldade na sua adaptação à deficiência” e, em termos de autonomia, 220 inquiridos sentem-se “muito dependentes”.
As dificuldades de adaptação foram indicadas “quer pelos próprios associados da Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), que colaborou no estudo, quer pelos familiares que com eles lidam mais directamente, que são geralmente as esposas”, disse Arménio Sequeira, sublinhando o facto de as mulheres “cujos maridos têm incapacidade entre 91 e 100 por cento dizerem ter, elas mesmas, necessidade de reabilitação”.
A investigação, a cargo de cem investigadores do ISPA e da ADFA, concluiu igualmente que “80 por cento da população inquirida” entende que o Estado “tem responsabilidade no apoio à resolução das suas dificuldades”.
“As pessoas participaram na guerra porque foram obrigadas” e “se esta era injusta, mais injusta foi para quem ficou deficiente”, lembrou Arménio Sequeira.
“Estas pessoas - que necessitam de bastante apoio do ponto de vista médico - estão, muitas delas, a 200 quilómetros do hospital militar e precisam de até oito horas para ali se deslocar e de duas a quatro horas para chegar ao hospital civil mais próximo, pois o país é muito desigual em termos de transportes”, destacou.
O estudo foi solicitado pela Associação dos Deficientes das Forças Armadas, que tem 12 delegações no continente e ilhas, e abrangeu todo o território nacional.
Fonte: Jornal Público
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