Segundo um dos responsáveis pelo movimento, João Pessoa, a obra na Ribeira das Naus “não foi pensada para as pessoas com deficiência”, porque “o piso é incómodo para quem anda de cadeira de rodas” e causa danos nas cadeiras. A ação do (d)Eficientes Indignados, que teve como frase de protesto “Viver não é só respirar”, pretendeu alertar os responsáveis pela obra e a sociedade para a falta de acessibilidades para as pessoas com mobilidade reduzida na capital portuguesa.
“Lisboa não é uma cidade inclusiva, uma cidade inclusiva é para todos, mas isto [Ribeira das Naus] afinal não é para todos”, lamentou. João Pessoa, de 66 anos, nasceu com poliomielite, uma paralisia infantil que afeta a mobilidade física. Conformado com as dificuldades de acessibilidade existentes na cidade, defendeu que: “É impossível que nos dias de hoje se construam pisos, onde as pessoas com deficiência [mobilidade reduzida] não podem andar”.
Para o responsável do (d)Eficientes Indignados, as autarquias de todo o país preocupam-se em construir ciclovias para os ciclistas, “mas esqueceram-se que há pessoas que andam de cadeiras de rodas, que não podem andar num piso destes”, criticou. “A vibração que nós sentimos com a cadeira de rodas é uma vibração que nos incomoda de tal maneira […], que não temos prazer em andar aqui [Ribeira das Naus], isto foi construído para o prazer, para as pessoas poderem disfrutar das belezas da cidade”, lamentou.
A participar no protesto estava também Manuela Ralha, que sofreu um acidente de viação há dez anos e ficou paraplégica. Indignada, referiu que este tipo de pisos “continuam a excluir todas as pessoas com mobilidade reduzida”, acrescentando que afeta não só os cidadãos de cadeiras de rodas como pessoas de bengala, andarilhos, com carrinhos de bebés ou de patins. De acordo com esta cidadã, a calçada e este tipo de pisos “causam danos nas cadeiras de rodas”.
Carina Brandão e Madanela Brandão, ambas de 31 anos, são gémeas e nasceram portadoras de uma deficiência motora congénita, que afeta os membros superiores e inferiores. Habituadas a circular de cadeiras de rodas em Lisboa, deslocaram-se até ao protesto de hoje, defendendo que esta obra “não cumpre com o Plano de Acessibilidade Pedonal”, aprovado na Assembleia Municipal (AM) de Lisboa em fevereiro deste ano.
A Assembleia Municipal (AM) de Lisboa aprovou no dia 19 de fevereiro deste ano, o Plano de Acessibilidade Pedonal, que visa facilitar a mobilidade na capital eliminando barreiras arquitetónicas até 2017. “Tanto a calçada como o piso da Ribeira das Naus é um piso muito difícil, que provoca um grande incómodo no corpo, dores físicas e um grande cansaço”, descreveu Carina Brandão.
Como forma de sensibilizar quem passava pela Ribeira das Naus, o movimento disponibilizou duas cadeiras de rodas, desafiando as pessoas a comprovarem as dificuldades em circular num piso como este. Em relação à Semana Europeia da Mobilidade, que se comemora em Lisboa e em várias cidades europeias, entre os dias 16 e 22 de setembro, como tema "As nossas ruas, a nossa escolha", Manuela Ralha frisou que “as pessoas com deficiência de mobilidade são discriminadas”.
“Nós não temos escolha, as pessoas com mobilidade reduzida não têm escolha, continuam a ter passeios em calçada, lancis demasiado altos, pilaretes em ferro e mobiliário urbano disseminado no meio dos passeios”, reforçou. A intervenção na Ribeira das Naus começou há cerca de um ano, quando a Câmara de Lisboa inaugurou a primeira fase das obras na frente ribeirinha daquela avenida, entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, e que incluíram o avanço da margem sobre o rio, a criação de um pequeno espaço verde e de uma pequena praia.
Fonte: i
Os pisos para não fugir à regra estão na mesma linha do Parque das Nações uma merda de desconforto, para andar seja do que for, a pé de cadeira de rodas ou de bicicleta. Que o seja no piso dos carros acho razoável, como travão à velocidade, agora na zona pedonal era dispensável. Saí da Ribeira da Naus cheio de nódoas negras.
ResponderEliminarÉ este o exemplo mais acabado da qualidade do espaço urbano projectado em Lisboa.