Sim. As alterações podem ser orgânicas (do corpo) e/ou comportamentais (alteração da autoimagem, tabus, preconceitos). Porém, não significa que acabe ou que não tenha solução, como veremos ao longo deste manual.
Como fica a função sexual após a lesão medular?
Continua. O processo mental da função sexual é o mesmo antes e após a lesão. Portanto, o desejo sexual (libido) permanece. O que ocorre é que este desejo é colocado de lado ou em segundo plano. É desestimulado pelo próprio lesado e/ou por seu parceiro por pensarem que estão fazendo algo errado ao valorizarem a função sexual. Muitos acreditam que deveriam estar voltados apenas para os aspectos da reabilitação física, como a fisioterapia, remédios, sondagem e outros. Isto não é verdade.
O desejo sexual acontece no cérebro, portanto, permanece após a lesão medular. O desafio inicial é aceitar o novo corpo e poder “curti-lo” para que outras pessoas também o aceitem.
Medicamentos podem alterar o desempenho sexual?
Sim. O desejo sexual (libido) pode sofrer alterações por ação de alguns medicamentos, tais como, tranquilizantes, antidepressivos, relaxantes musculares. Portanto, devem ser avaliados pelo médico a indicação destes medicamentos e os benefícios frente aos efeitos colaterais. Sempre que ocorrer alguma alteração ao iniciar um novo medicamento, o médico que receitou deverá ser comunicado para avaliar a possibilidade de troca ou algum ajuste que evite esses efeitos.
Existem outros fatores que interferem no desempenho sexual?
Sim. As alterações na movpimentação do corpo, espasticidade, contraturas, não controle do intestino e/ou da bexiga podem afetar a autoimagem e a capacidade de realização do ato sexual.
As alterações do desejo sexual (libido) têm tratamento?
Sim. A fisioterapia, os exercícios, a reeducação da bexiga e do intestino, ou seja, o tratamento físico, e também o acompanhamento psicológico, contribuem para o bem estar do portador de deficiência e, consequentemente, sua autoimagem, autoestima e capacidade de desempenho do ato sexual.
O homem tem ereção após a lesão medular?
Sim. Cerca de 80% dos homens com lesão da medula têm alguma capacidade de ereção. O problema mais comum é o tempo de duração e a qualidade (grau de rigidez) da ereção que, muitas vezes, são insuficientes para manter uma relação sexual satisfatória. Se a relação estiver centrada na ereção, o prazer fica comprometido. Portanto, as carícias nos genitais (mesmo sem sensibilidade) e em áreas com sensibilidade, antes, durante e após a penetração, ou mesmo sem penetração, são muito importantes.
Como acontece a ereção?
A ereção acontece quando os corpos cavernosos (“grandes veias”) do pênis se enchem de sangue. Existem três maneiras do homem conseguir uma ereção: psicogênica (ocorre através do pensamento), reflexa (resulta da estimulação do pênis ou regiões próximas) ou espontânea (acontece por algum estímulo interno, como por exemplo, acordar com uma ereção por estar com a bexiga cheia). O nível da lesão na medula (altura em que ocorreu a lesão: cervical, torácica, lombar, cone medular, cauda equina) e o tipo (completa ou incompleta) é que vão determinar o tipo e a qualidade da ereção.
Homens com lesão entre T11 (vértebra torácica) e L2 (vértebra lombar) não conseguem a ereção psicogênica porque a mensagem (pensamento erótico) vinda do cérebro não consegue passar através da lesão, uma vez que esta é a área responsável pela ereção. A ereção reflexa pode ocorrer de várias maneiras: puxando os pelos pubianos, estimulação oral ou manual do pênis, vagina ou ânus, estímulo de qualquer área do corpo onde há sensibilidade (como orelhas, pescoço, costas, tórax).
É possível melhorar a qualidade da ereção?
Sim. Diversos mecanismos podem auxiliar a alcançar e manter uma ereção satisfatória. Vão desde métodos economicamente acessíveis e temporários até métodos mais caros e/ou definitivos. O mais econômico é o anel peniano de borracha encontrado em lojas de produtos eróticos (sexshop). Esse anel poderá ser usado após orientação de um profissional da saúde. Após estimulação do pênis manualmente ou com auxílio de um vibrador, o anel é colocado na base do pênis retendo o sangue nos corpos cavernosos e deve ser retirado em no máximo 20 minutos.
O urologista poderá prescrever e orientar o uso de medicamentos com a finalidade de proporcionar uma ereção.
Pode ser uma injeção (baixo custo) aplicada facilmente no pênis, bem como comprimidos (custo mais elevado).Uma complicação rara do uso dessas injeções é o priapismo (ereção que dura mais de três horas). Nesses casos é necessário ir com urgência a um hospital para retirada do sangue retido.
A prótese peniana é o método definitivo mais eficaz disponível, podendo ser feita através do sistema público de saúde (SUS) ou particular. Um urologista poderá orientá-lo quanto ao método mais adequado.
O posicionamento do corpo também pode auxiliar na ereção: deitado, reclinado ou sentado, com as pernas abertas ou fechadas, esticadas ou flexionadas.
Experimente as várias posições e descubra as que mais se adaptam ao seu caso.
Não tenho mais ejaculação. Por quê?
Ejaculação é a expulsão do sêmen através da uretra. Por ser bastante complexa e estar comprometida pela lesão medular, poucos indivíduos conseguem alcançá-la após a lesão medular. Alguns homens têm a sensação de ejaculação, mas não ocorre a saída do sêmen.
O que acontece com o sêmen?
O sêmen continua existindo, porém, pelas alterações da lesão medular o mecanismo que bloqueia sua entrada na bexiga permanece aberto, fazendo com que o sêmen vá para dentro da bexiga (ejaculação retrógrada). Assim, aparece uma substância esbranquiçada flutuando na urina, o que muitas vezes é confundido com infecção urinária.
O homem lesado medular pode ter filhos?
Sim. Embora na maioria dos homens lesados medulares ocorra a ejaculação retrógrada, existem métodos para realizar a fertilização da mulher com o sêmen. Através da estimulação próxima ao freio da glande (ponta) do pênis com um vibrador, a ereção e ejaculação podem ser alcançadas.
Este sêmen pode ser recolhido em um frasco estéril e colocado com uma seringa na vagina da mulher. Esta seria uma inseminação artificial caseira. Existem vários métodos realizados pelo médico para a inseminação artificial tal como a introdução de um estimulador elétrico no ânus do lesado medular até que chegue próximo à próstata provocando a ejaculação para inseminação artificial.
Outro método é a retirada dos espermatozóides diretamente dos testículos através de uma seringa. O problema maior é quando a qualidade dos espermatozóides não é boa. Isto ocorre pelo aumento da temperatura nos testículos pela posição sentada por muito tempo, infecções urinárias frequentes, entre outras causas.
Fonte: Turismo Adaptado
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