Os números são dramáticos. Em particular quando se pensa nos apoios que estes cidadãos e suas famílias têm para ultrapassar as dificuldades diárias com que se deparam. Dificuldades económicas, de emprego, mobilidade, apoio na doença…inserção na sociedade. Para dar alguns exemplos, 75% das pessoas cegas na União Europeia estão desempregadas, a proporção de crianças e adolescentes com deficiência visual que desenvolveram obesidade ou pré-obesidade varie entre 18,4% e os 63%, valores acima da média quando comparados com crianças sem problemas de visão. Para muitas destas situações, os apoios são diminutos e em algumas regiões do país quase inacessíveis.
A nível alimentar, os problemas mais comuns nas pessoas com deficiência são o baixo peso, obesidade, obstipação, problemas de deglutição/disfagia e as interações medicamento/alimento. A seriedade dessas condições depende de vários fatores individuais como a idade ou o nível de disfunção motora e ainda a literacia da família e condições socioeconómicas. Coisas simples como chegar a produtos alimentares nas prateleiras mais altas dos supermercados, não conseguir identificar produtos alimentares por estes não conterem informações em Braille, não encontrar utensílios adaptados para a realização das refeições ou barreiras arquitetónicas que dificultam entrar e permanecer em restaurantes, são algumas das situações que impedem os portadores de deficiência de terem uma vida alimentar normal.
Não é possível a uma pessoa portadora de deficiência ter uma boa qualidade de vida, se o seu estado nutricional não for o adequado. É imprescindível que a sociedade se preocupe e desenvolva mecanismos de proteção dos seus membros mais vulneráveis. Recentemente, a Direção-Geral de Saúde publicou um texto sobre a Dieta Mediterrânica em braille bem como podcasts sobre alimentação saudável. Mas nesta área está ainda muita coisa por fazer.
Os profissionais de saúde e educação têm de saber lidar melhor com estas pessoas e perceber as suas necessidades, pois estas poderão ter não ter capacidade para comunicar a sensação de fome e saciedade ou as suas preferências alimentares. Por exemplo, a má coordenação motora e/ou a má postura frequente em certos tipos de deficiência, tanto ao nível dos membros superiores como ao nível da deglutição, leva a uma diminuição da ingestão alimentar com consequente redução da ingestão de nutrientes. O refluxo gastroesofágico, bastante recorrente, e o atraso do esvaziamento gástrico contribuem também para a diminuição da absorção de nutrientes. Estes são alguns exemplos que obrigam a intervenções alimentares individualizadas para aumentar a densidade nutricional das ementas, fornecendo, por exemplo, mais vitaminas e minerais por caloria consumida.
A obstipação é outro problema comum nas pessoas com deficiência física ou deficiência intelectual. Pode ser causada por uma malformação anatómica ou neurológica do intestino ou por uma tonicidade anormal muscular – por exemplo hipertonia na paralisia cerebral do tipo espástico ou hipotonia na síndrome de Down, que pode prejudicar o funcionamento intestinal. Esta situação deve obrigar ao aumento do consumo de líquidos em jejum, ao consumo frequente de fruta e hortícolas e a determinado tipo de exercício físico. O apoio de um técnico e das famílias é mais uma vez essencial.
E muitas mais situações poderiam ser descritas. As instituições necessitam de investir mais em recursos humanos qualificados, pois estas famílias necessitam de maior apoio humano e material. Por exemplo de coisas tão simples como talheres apropriados.
Um trabalho enorme ainda por fazer… desde a formação dos profissionais de saúde e educação para lidar com estas pessoas até às empresas que produzem e distribuem alimentos. Alertar, mobilizar, dar um pequeno passo no sentido da ajuda, multiplicado por muitos pode tornar a sociedade mais inclusiva e justa para muitos destes cidadãos, habitualmente sem voz pública. Vamos meter mãos à obra?
Nota: Os interessados pelo tema podem encontrar mais informação técnica no manual da DGS, “Alimentação e deficiência(s)” disponível gratuitamente e on-line.
A nível alimentar, os problemas mais comuns nas pessoas com deficiência são o baixo peso, obesidade, obstipação, problemas de deglutição/disfagia e as interações medicamento/alimento. A seriedade dessas condições depende de vários fatores individuais como a idade ou o nível de disfunção motora e ainda a literacia da família e condições socioeconómicas. Coisas simples como chegar a produtos alimentares nas prateleiras mais altas dos supermercados, não conseguir identificar produtos alimentares por estes não conterem informações em Braille, não encontrar utensílios adaptados para a realização das refeições ou barreiras arquitetónicas que dificultam entrar e permanecer em restaurantes, são algumas das situações que impedem os portadores de deficiência de terem uma vida alimentar normal.
Não é possível a uma pessoa portadora de deficiência ter uma boa qualidade de vida, se o seu estado nutricional não for o adequado. É imprescindível que a sociedade se preocupe e desenvolva mecanismos de proteção dos seus membros mais vulneráveis. Recentemente, a Direção-Geral de Saúde publicou um texto sobre a Dieta Mediterrânica em braille bem como podcasts sobre alimentação saudável. Mas nesta área está ainda muita coisa por fazer.
Os profissionais de saúde e educação têm de saber lidar melhor com estas pessoas e perceber as suas necessidades, pois estas poderão ter não ter capacidade para comunicar a sensação de fome e saciedade ou as suas preferências alimentares. Por exemplo, a má coordenação motora e/ou a má postura frequente em certos tipos de deficiência, tanto ao nível dos membros superiores como ao nível da deglutição, leva a uma diminuição da ingestão alimentar com consequente redução da ingestão de nutrientes. O refluxo gastroesofágico, bastante recorrente, e o atraso do esvaziamento gástrico contribuem também para a diminuição da absorção de nutrientes. Estes são alguns exemplos que obrigam a intervenções alimentares individualizadas para aumentar a densidade nutricional das ementas, fornecendo, por exemplo, mais vitaminas e minerais por caloria consumida.
A obstipação é outro problema comum nas pessoas com deficiência física ou deficiência intelectual. Pode ser causada por uma malformação anatómica ou neurológica do intestino ou por uma tonicidade anormal muscular – por exemplo hipertonia na paralisia cerebral do tipo espástico ou hipotonia na síndrome de Down, que pode prejudicar o funcionamento intestinal. Esta situação deve obrigar ao aumento do consumo de líquidos em jejum, ao consumo frequente de fruta e hortícolas e a determinado tipo de exercício físico. O apoio de um técnico e das famílias é mais uma vez essencial.
E muitas mais situações poderiam ser descritas. As instituições necessitam de investir mais em recursos humanos qualificados, pois estas famílias necessitam de maior apoio humano e material. Por exemplo de coisas tão simples como talheres apropriados.
Um trabalho enorme ainda por fazer… desde a formação dos profissionais de saúde e educação para lidar com estas pessoas até às empresas que produzem e distribuem alimentos. Alertar, mobilizar, dar um pequeno passo no sentido da ajuda, multiplicado por muitos pode tornar a sociedade mais inclusiva e justa para muitos destes cidadãos, habitualmente sem voz pública. Vamos meter mãos à obra?
Nota: Os interessados pelo tema podem encontrar mais informação técnica no manual da DGS, “Alimentação e deficiência(s)” disponível gratuitamente e on-line.
Fonte: Visão
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