Queria ser professora de Inglês, só que a vida trocou-lhe as voltas. Sofre de distrofia muscular congénita desde que nasceu e, por isso, a dependência da cadeira de rodas sempre foi total. Nada que a impeça de trabalhar, viajar, aprender a cantar, e chamar a atenção para uma causa que lhe está agarrada à pele. E é o que vai fazer no próximo ano.
Em fevereiro de 2018, Vera faz 40 anos e decidiu comemorar a data de forma especial. Vai percorrer 38 países europeus, durante seis meses, de junho a dezembro, para ver bons exemplos de acessibilidades e falar deles.
Essa experiência será partilhada na sua página do Facebook e num blogue que entretanto vai criar. O plano é partir do Porto em direção à Europa do Norte, Irlanda, Islândia, Suécia, Dinamarca, Reino Unido. E depois ir descendo e passar pela Alemanha, Áustria, Suíça, e outros países.
Istambul, na Turquia, ainda está em banho-maria, mas a acontecer será a cidade mais distante deste percurso. Vera fará as viagens de avião e de comboio, mas não estão excluídas outras possibilidades, e terá a seu lado duas assistentes. Lisboa será o último destino, a cidade de regresso.
Para esta aventura, lançou uma campanha de crowdfunding. O grande objetivo é ver o que de melhor se faz pela Europa em termos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e absorver novas perspetivas e políticas dessas práticas europeias. Até porque há coisas que a incomodam. Que chateiam quem todos os dias anda numa cadeira de rodas.
«Irritam-me os carros indevidamente estacionados nos lugares reservados a pessoas com mobilidade reduzida, irritam-me os declives nos passeios pedonais que mais não são do que degraus mais baixos, irritam-me os balcões altos que impedem a pessoa que está do lado de dentro de ver a pessoa em cadeira de rodas que está do lado de fora», revela. «E, como gosto de comprar roupa, irrita-me a total inexistência de provadores com espaço suficiente para a entrada de uma cadeira de rodas», acrescenta.
Apesar de tudo, garante que tem uma vida normal. Vive com os pais e o irmão em Miranda do Corvo. Levanta-se cedo, prepara-se para sair de casa, vai para o trabalho, regressa, descansa. Mas há algumas diferenças. «Antes de mais, preciso do auxílio de uma terceira pessoa para sair da cama, para me preparar o pequeno-almoço, para me ajudar na higiene pessoal, para me vestir, em suma, para me ajudar em tudo aquilo que a minha fraqueza muscular não me permite fazer sozinha», conta. «Depois, dependo totalmente do meu pai e da nossa carrinha adaptada para me deslocar até ao meu local de trabalho, ou até qualquer outro sítio onde queira ir.»
Desde que nasceu que sofre de distrofia muscular congénita, doença que suga a força dos músculos do corpo, que atinge os pulmões, o coração e a coluna vertebral. Ao longo dos anos, surgem deformações e retrações tendinosas que vão dificultando os movimentos. Vera aprendeu a viver com a sua doença e isso não é um problema na sua cabeça.
E foi difícil conquistar um lugar na sociedade? «Eu não lhe chamaria difícil. Afinal de contas, todas as pessoas encontram obstáculos ao longo das suas vidas. Foi, no entanto, necessária muita persistência, muita determinação e muita força psicológica. E, claro está, muito trabalho», responde.
O que é preciso para criar melhores acessibilidades e oportunidades para as pessoas com deficiência? Vera não põe a responsabilidade pela mudança toda nas costas dos políticos. «A sociedade somos todos e, como tal, todos nós temos a nossa parte de responsabilidade. É preciso criar cidadãos mais conscientes, mais sensíveis às diferenças e necessidades dos outros. E esse trabalho tem se der feito em casa», diz. «Por muito boa que seja a legislação, se não existir uma educação que aponte para a aceitação e para o respeito pelo outro, nenhuma mudança poderá ocorrer.»
Neste momento, Vera está a trabalhar em várias frentes, a estudar o melhor roteiro, a divulgar o projeto, a escolher as duas assistentes pessoais que vão acompanhá-la, a procurar patrocínios de pessoas ou entidades. Em março, lançou uma campanha de crowdfunding para suportar parte das despesas. «O excedente angariado para a concretização da viagem servirá para apoiar o projeto Vida (IN)Dependente, da Associação Portuguesa de Neuromusculares», adianta.
Viajar, e já tem várias viagens no álbum de recordações, é uma paixão imensa e intensa. E não é uma cadeira de rodas que consegue travar esse amor. «Gosto de mergulhar noutras culturas, deliciar-me com outras gastronomias, conhecer outros modos de vida. Tenho feito algumas viagens de lazer e de curta duração. Mas achei que deveria dar um passo em frente e fazer algo mais desafiante», conta.
No verão de 2015, a ideia de comemorar os 40 anos de vida numa viagem pela Europa apareceu, a vontade também, mas dúvidas e incertezas bateram-lhe à porta, e a motivação esmoreceu. No verão passado, a determinação acabou por levar a melhor. A decisão foi tomada. «E disse para mim mesma que embora desconhecesse o caminho a percorrer, ia dar o meu melhor para que esta viagem acontecesse. Encontrei um motivo, a celebração do meu aniversário, e uma causa, a acessibilidade. Depois foi apenas uma questão de dar corda aos sapatos.» E é isso que anda a fazer.
Essa experiência será partilhada na sua página do Facebook e num blogue que entretanto vai criar. O plano é partir do Porto em direção à Europa do Norte, Irlanda, Islândia, Suécia, Dinamarca, Reino Unido. E depois ir descendo e passar pela Alemanha, Áustria, Suíça, e outros países.
Istambul, na Turquia, ainda está em banho-maria, mas a acontecer será a cidade mais distante deste percurso. Vera fará as viagens de avião e de comboio, mas não estão excluídas outras possibilidades, e terá a seu lado duas assistentes. Lisboa será o último destino, a cidade de regresso.
Para esta aventura, lançou uma campanha de crowdfunding. O grande objetivo é ver o que de melhor se faz pela Europa em termos de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida e absorver novas perspetivas e políticas dessas práticas europeias. Até porque há coisas que a incomodam. Que chateiam quem todos os dias anda numa cadeira de rodas.
«Irritam-me os carros indevidamente estacionados nos lugares reservados a pessoas com mobilidade reduzida, irritam-me os declives nos passeios pedonais que mais não são do que degraus mais baixos, irritam-me os balcões altos que impedem a pessoa que está do lado de dentro de ver a pessoa em cadeira de rodas que está do lado de fora», revela. «E, como gosto de comprar roupa, irrita-me a total inexistência de provadores com espaço suficiente para a entrada de uma cadeira de rodas», acrescenta.
Apesar de tudo, garante que tem uma vida normal. Vive com os pais e o irmão em Miranda do Corvo. Levanta-se cedo, prepara-se para sair de casa, vai para o trabalho, regressa, descansa. Mas há algumas diferenças. «Antes de mais, preciso do auxílio de uma terceira pessoa para sair da cama, para me preparar o pequeno-almoço, para me ajudar na higiene pessoal, para me vestir, em suma, para me ajudar em tudo aquilo que a minha fraqueza muscular não me permite fazer sozinha», conta. «Depois, dependo totalmente do meu pai e da nossa carrinha adaptada para me deslocar até ao meu local de trabalho, ou até qualquer outro sítio onde queira ir.»
Desde que nasceu que sofre de distrofia muscular congénita, doença que suga a força dos músculos do corpo, que atinge os pulmões, o coração e a coluna vertebral. Ao longo dos anos, surgem deformações e retrações tendinosas que vão dificultando os movimentos. Vera aprendeu a viver com a sua doença e isso não é um problema na sua cabeça.
E foi difícil conquistar um lugar na sociedade? «Eu não lhe chamaria difícil. Afinal de contas, todas as pessoas encontram obstáculos ao longo das suas vidas. Foi, no entanto, necessária muita persistência, muita determinação e muita força psicológica. E, claro está, muito trabalho», responde.
O que é preciso para criar melhores acessibilidades e oportunidades para as pessoas com deficiência? Vera não põe a responsabilidade pela mudança toda nas costas dos políticos. «A sociedade somos todos e, como tal, todos nós temos a nossa parte de responsabilidade. É preciso criar cidadãos mais conscientes, mais sensíveis às diferenças e necessidades dos outros. E esse trabalho tem se der feito em casa», diz. «Por muito boa que seja a legislação, se não existir uma educação que aponte para a aceitação e para o respeito pelo outro, nenhuma mudança poderá ocorrer.»
Neste momento, Vera está a trabalhar em várias frentes, a estudar o melhor roteiro, a divulgar o projeto, a escolher as duas assistentes pessoais que vão acompanhá-la, a procurar patrocínios de pessoas ou entidades. Em março, lançou uma campanha de crowdfunding para suportar parte das despesas. «O excedente angariado para a concretização da viagem servirá para apoiar o projeto Vida (IN)Dependente, da Associação Portuguesa de Neuromusculares», adianta.
Viajar, e já tem várias viagens no álbum de recordações, é uma paixão imensa e intensa. E não é uma cadeira de rodas que consegue travar esse amor. «Gosto de mergulhar noutras culturas, deliciar-me com outras gastronomias, conhecer outros modos de vida. Tenho feito algumas viagens de lazer e de curta duração. Mas achei que deveria dar um passo em frente e fazer algo mais desafiante», conta.
No verão de 2015, a ideia de comemorar os 40 anos de vida numa viagem pela Europa apareceu, a vontade também, mas dúvidas e incertezas bateram-lhe à porta, e a motivação esmoreceu. No verão passado, a determinação acabou por levar a melhor. A decisão foi tomada. «E disse para mim mesma que embora desconhecesse o caminho a percorrer, ia dar o meu melhor para que esta viagem acontecesse. Encontrei um motivo, a celebração do meu aniversário, e uma causa, a acessibilidade. Depois foi apenas uma questão de dar corda aos sapatos.» E é isso que anda a fazer.
Fonte: Magazine
Sem comentários:
Enviar um comentário