Cancelei a ação de protesto, principalmente porque o Governo
alterou a sua proposta inicial de disponibilizar somente 40 horas semanais de
assistência pessoal. Aumentou para 30% das pessoas inscritas nos Centros de
Apoio á Vida Independente e que podem vir a beneficiar de assistência pessoal
sem limite de horas diárias. Não é o desejado, mas num universo de 200 a 300
pessoas (número de participantes no projeto piloto) tenho a esperança que
abranja um número significativo de participantes.
Está muito aquém das nossas expectativas, mas todo o Modelode Apoio á Vida Independente proposto pelo Estado, o está. Para mim pouco ou
nada tem de Vida Independente. Sempre o afirmei e continuo a afirmar que o
referido projeto é somente mais um serviço de Apoio Domiciliário, idêntico a
tantos outros já disponíveis e ao nosso dispor nas IPSS, e como se pode
confirmar, mais uma vez selecionadas para nos fornecer este serviço em
exclusividade.
Imagem DN |
Senão vejamos:
- a filosofia de Vida Independente não limita as horas de
apoio de assistência pessoal. Neste caso também não deveria existir essa
limitação, principalmente porque se trata de um projeto piloto. Será a altura
ideal para testar todas as hipóteses e possibilidades, visto a futura lei se
basear nos dados recolhidos durante o projeto. O Estado ao limitar o seu
funcionamento, como é o caso, não conseguirá obter resultados concretos e
reais;
- Outro ponto que nada tem de Vida Independente é o facto do
dinheiro não ser entregue diretamente ás pessoas com deficiência, de modo a
permitir-lhes escolher no mercado o serviço de assistência pessoal, ou um
assistente pessoal. Esta filosofia é clara, as verbas devem ser entregues á
pessoa com deficiência, assim como o vínculo contratual deve ser realizado
entre a pessoa com deficiência e o seu assistente, e não como proposto, ser a
IPSS a escolher, receber os fundos, e proceder aos pagamentos de salários e
recrutar os nossos cuidadores;
Segundo a nova proposta será permitido indicarmos um
candidato a nosso assistente pessoal. Mas como será feito, ainda me desperta
muitas dúvidas. Principalmente por exigirem que o mesmo possua o perfil
desejado. O que será isso?
São somente alguns dos exemplos porque afirmo que o projeto
proposto nada tem de Vida Independente. E porque não lutamos pela sua total
alteração? Por mim falo, pelo facto do Governo ter levado em conta algumas das
nossas reivindicações, o que o levou a alterar a sua proposta inicial, e porque
se trata de um projeto piloto, e por mais uma vez ter resolvido dar o benefício
da dúvida aos nossos governantes. Aguardarei pelo fim do projeto piloto, que
espero seja reduzido o seu tempo, a redação da lei, e conforme o seu conteúdo
agirei em conformidade.
AINDA A EXCLUSÃO DOS FAMILIARES
Alguns familiares com pessoas dependentes a seu cargo,
impedidas de se candidatarem a assistentes pessoais dos seus familiares,
segredam-me com frequência e com a sua piada (arranjinho á portuguesa) que irão
combinar com outros pais e familiares nas mesmas circunstâncias, o seguinte
estratagema: indica-me para cuidar do teu, que eu te indicarei para cuidares do
meu. Ultrapassando deste modo o problema que consideram injusto.
Quanto a mim, cabe ao Governo criar urgentemente condições
para que as mães e pais que cuidam há vários anos dos seus filhos totalmente
dependentes, não permitindo que sejam despejados em lares, e desse modo a
ajudar o Estado a poupar muito dinheiro, sejam compensadas e apoiadas por este
serviço cuja responsabilidade é do Estado.
Como referi acima preocupa-me também o facto do projeto
piloto se prolongar durante 3 anos. Ou seja, o atual Governo dispõe de pouco
mais de 2 anos de governação, e quem me garante que o próximo Governo continua
a ser o atual? Caso seja substituído, nas próximas eleições, corre-se grandes
riscos de o novo executivo não concordar com a lei proposta, e a mesma não
avançar.
Proponho que o projeto piloto se realize durante um ano, ou no máximo
1 ano e meio, de modo a permitir que a lei seja uma realidade durante o mandato
deste Governo, e não durante 3 anos como previsto. Dificilmente teremos uma
conjuntura tão favorável como a atual. Se estão tão preocupados com os gastos,
neste caso haveria menos despesas o que permitiria o projeto ser mais
abrangente e desse modo beneficiar mais gente.
O MITO DA FALTA DE
VERBAS
Nunca aceitei a resposta da falta de verbas. Se existem
verbas para financiar um lar residencial em €1.004,92 e um Centro de Atividades
Ocupacionais em €509,51 só por 8 horas de presença diárias, fora os valores
pagos pelas beneficiários e respectivas famílias, também tem de existir para nos
permitir assistência pessoal ilimitada. Não é com os aproximadamente €100,00
mensais que nos são atribuídos para pagar um assistente pessoal que seremos
livres, e muito menos através do serviço de apoio domiciliário disponibilizado
por uma IPSS, como é o desejo do Estado.
Precisamos de ser livres, autónomos, e não existem valores
que pagam essa liberdade. Direitos humanos e dignidade não têm que estar
limitados por questões financeiras. Não nos façam isso.
Este Pais esta cheio de tecnocráticos, burocráticos , que só fazem capelinhas à sua maneira de manter a gamela , nada se faz para facilitar a vida a um milhão de pessoas com deficiência . caso do " Cartão Nacional de Deficiente " onde conste o grau% de Deficiência . Só isto poupava-se deslocação a juntas medicas à capital do distrito . KM, KM (200 Km ) de maca de cadeira de Rodas etc etc . tudo isto para ter um Atestado Multiusos . O Governo pensa que 100 Euros de complemento de Pensão de ajuda de 3ª pessoa já é uma fortuna , para os lares já dao até 1000 Euros mensais , é um paradoxo , querem carne para canhão para manter os tais boys , nos lares ..
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