sábado, 2 de abril de 2011
Britânica consegue tocar música usando apenas movimentos de seus polegares e da cabeça
Uma adolescente britânica, que teve a maior parte do corpo paralisada depois de um acidente, consegue tocar música usando apenas movimentos de seus polegares e da cabeça. Charlotte White teve um de seus vídeos, no qual ela toca uma suíte para violoncelo de Bach, postada na internet e gerou muito interesse na comunidade musical.
A adolescente de 16 anos usa uma nova tecnologia para tocar. Com pequenos movimentos da cabeça, ela consegue interromper um raio magnético, o que desencadeia as notas da música. Usando movimentos dos polegares, Charlotte aprendeu a controlar a configuração das notas disponíveis, num processo parecido com o do guitarrista que muda a forma dos acordes.
A trajetória de Charlotte White foi retratada em um documentário exibido em março na BBC.
Golpe na cabeça
Aos 11 anos Charlotte sofreu um golpe na cabeça, o que fez com que ela perdesse todos os movimentos do corpo.
A adolescente passou cinco anos em longas internações em hospital para depois passar por um período de reabilitação no qual conseguiu retomar os movimentos da cabeça e, gradualmente, dos dedos.
No entanto, a jovem começou a ter problemas. “Tudo o que eu esperava era ficar fisicamente mais forte, o que não estava acontecendo, então foi muito deprimente. Eu apenas via as pessoas que deveriam melhorar a minha vida, mas parecia que isso nunca iria acontecer”, contou a adolescente.
Aos 16 anos, Charlotte começou a frequentar uma escola mas não gostou das atividades oferecidas.
“A musicoterapia é alguém na sua frente, batendo em um tambor ou tocando violão, e você deve dizer a eles todos os problemas de sua vida. É incrivelmente condescendente e muito chato”, disse.
A adolescente então foi para o projeto Drake Music, na cidade de Bristol, uma organização que usa tecnologia para ajudar pessoas portadoras de deficiências a participarem de iniciativas musicais.
Neste projeto, ela começou a trabalhar com Doug Bott e aprendeu a usar seus movimentos para tocar. Bott afirma que Charlotte se destacou logo no começo.
“Ela tinha interesse em música clássica, o que não acontecia com muitos dos jovens com quem eu trabalhava na época, era interessada em trabalhar sozinha e do jeito dela”, afirmou.
Concerto na escola
Depois de um tempo, Charlotte participou de uma apresentação na escola, para a qual ela ensaiou muito.
“Queria conseguir fazer isso, pois eu seria vista como uma pessoa, ao invés de apenas uma pessoa deficiente”, disse.
O projeto Drake Music gravou a performance de Charlotte e postou o vídeo na internet, o que gerou muito interesse da comunidade musical.
Mas, também levantou questões sobre se a música feita desta forma deveria ser examinada da mesma forma que estudantes usando instrumentos convencionais são examinados.
“Eu queria estudar música na universidade, mas os estabelecimentos que formam músicos não reconhecem (a forma como toco) e, por isso, não pude progredir”, conta a adolescente.
Os examinadores que permitem que músicos entrem em universidades de música britânicas não examinam música tocada de forma eletrônica, mas estão trabalhando com a Drake Music para desenvolver esta área.
“Estamos discutindo formas de avaliar a qualidade da performance musical de uma maneira que não está ligada a um instrumento em particular que a pessoa esteja tocando”, disse Doug Bott.
Reconhecimento
Apesar de não conseguir fazer as provas tradicionais de música, Charlotte recebeu um prêmio de artes do Trinity College de Londres e seu trabalho também conseguiu reconhecimento internacional.
Os organizadores de um festival de música na Noruega pediram que Charlotte compusesse músicas para o evento.
“A música me inspirou, fez com que eu acreditasse que poderia conseguir qualquer coisa”, disse a adolescente sobre sua reabilitação. “Fiquei mais entusiasmada (…), eu queria quebrar as barreiras e fazer as mesmas coisas que todo mundo, ao invés de ser rotulada apenas como uma pessoa deficiente. Comecei a aproveitar a vida e viver coisas que um adolescente faz.”
A adolescente agora entrou em uma universidade britânica, onde escolheu estudar política social e criminologia.
Fonte: Deficiente Ciente
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