Lavagem de carros, lavandaria, tecelagem, culinária e hortofloricultura são alguns serviços que esta instituição, criada em novembro de 1976 e que apoia mais de 200 utentes, está a disponibilizar, com preços acessíveis, e que tem despertado o interesse de particulares, empresas e até autarquias.
"Criámos uma estrutura para os utentes na parte profissional, dando resposta às necessidades do cidadão com deficiência após a escolaridade, permitindo potenciar as suas capacidades para poderem, depois, ser integrados no mundo do trabalho", disse António Ramalho, presidente do MAPADI [Movimento de Apoio de Pais e Amigos ao Diminuído Intelectual].
Em 2010 surgiu, segundo o dirigente, o programa Emprego Protegido que despoletou este projeto. "Quando não conseguimos a integração deste jovens no mercado de trabalho, inserimo-los no Emprego Protegido, em duas áreas características da Póvoa de Varzim: a lavandaria industrial e a hortofloricultura, porque somos uma região rural e ao mesmo tempo turística".
Daí passaram para uma vertente culinária, apelidada BocaDoce, um serviço que ocupa cinco utentes, que surgiu em 2012, e que, segundo António Ramalho "permitiu criar uma estrutura de apoio ao Centro de Atividades Ocupacionais, para ocupar os nossos cidadãos com deficiência na área da produção de biscoitos e compotas e esperamos alargar a outras áreas".
Os produtos são vendidos na instituição e Eunice Neves, coordenadora do projeto, realçou que o objetivo é "o crescimento pessoal e social, mas que a grande motivação é execução e venda dos produtos".
Quanto à lavandaria, a coordenadora desta valência, Lígia Rajão, realçou que a instituição faz trabalhos para o exterior, dando como exemplo empresas de restauração, hotelaria, clínicas de reabilitação, lares e alguns particulares do concelho.
"Fazemos todo o tipo de serviços, e todos podem trazer aqui os seus artigos. Por semana, processamos cerca de 600 quilos de roupa, e tempos capacidade e interesse em aumentar", contou.
Na hortofloricultura, são cultivados vários produtos, desde cebolas, alfaces, alho francês, brócolos, além de frutos, que são, depois, vendidos em mercados ou na loja na sede da instituição.
A recente aposta passa por serviços de jardinagem que podem ser contratados para domicílios e empresas. Neste âmbito, os utentes do MAPADI já tratam dos jardins da biblioteca municipal.
Já o serviço de lavagem de viaturas será em breve aumentado e com melhores acessos. As obras serão apoiadas pela Câmara Municipal e vão permitir uma maior divulgação junto da comunidade e uma maior capacidade no número de lavagens.
Raul Oliveira, coordenador do serviço, partilhou que "principalmente os rapazes gostam muito de trabalhar com os carros. Identificam as marcas e os modelos e tratam das viaturas com muita atenção aos pormenores".
Na parte da tecelagem, Helena Castro, psicóloga e coordenadora de formação, lembrou que estes utentes são os únicos na região a trabalharem com os teares artesanais e manterem uma tradição do concelho. "Temos um grupo de jovens que fazem este trabalho, que lhes dá competências para um dia seguirem para o mercado de trabalho".
"Fazemos tapeçarias por encomenda. Os clientes podem chegar, escolherem o tamanho, a cor, as malhas, o tipo de tear que querem. É serviço à necessidade das pessoas que nos procuram", acrescentou.
A procura por todos estes serviços tem vindo a aumentar, mas para António Ramalho, presidente do MAPADI, a maior satisfação prende-se com a mudança e mentalidades no que diz respeito à problemática da deficiência mental.
"O cidadão dito normal que frequenta as nossas instalações acaba por ficar sensibilizado para este tema da deficiência. Conseguimos com isto a inclusão, pois hoje em dia o MAPADI não é visto como um equipamento apenas para deficientes, mas sim para a toda comunidade, que nos trata com muito carinho", concluiu.
Fonte: DN
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