«Constatou-se que uma pequena alteração na roupa poderia ter um impacto enorme na qualidade de vida de doentes vítimas de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Traumatismo Crânio Encefálico (TCE), entre outras patologias, doenças ou necessidades como pessoas algaliadas», referiu à Lusa Célia Monteiro.
A atual responsável do departamento comercial e relações públicas da IMOA constatou dificuldades, tanto em pessoas com limitações físicas como enfermeiros e cuidadores, quando trabalhava numa instituição do Porto no âmbito do seu mestrado em psicologia clínica.
E eis que uma procura de soluções revelou que o mercado não estava preparado para estas exigências. Essa realidade, aliás, fez cair por terra a ideia de fazer um desfile de moda dedicado a pessoas com deficiência física.
A IMOA nasceu a 14 de fevereiro de 2014, após um ano de testes e investigação, a IMOA, estando para breve - «entre quatro a seis semanas talvez» - a apresentação de uma coleção.
O catálogo terá linha de roupa interior e linha desportiva para ambos os sexos, bem como uma linha de pronto-a-vestir feminina.
As roupas são desenhadas para que sejam funcionais, práticas, com especificidades ao nível dos fechos e caimento por exemplo, mas também com preocupação com o design e a atratividade.
«As pessoas que constituem o nosso público-alvo procuram recomeçar a sua vida depois de perda de autonomia. "Agora sou visto como deficiente", ouvimos. Por isso é que é importante que as peças tenham algum design. Porque o aspeto psicológico, a autoestima, são importantes», referiu Susana Rodrigues, responsável do departamento de criatividade da IMOA.
As roupas vão estar disponíveis para venda online numa plataforma que se encontra em construção e em lojas nacionais. Espanha, Inglaterra e Alemanha são os países europeus já contactados, ao que acrescem contactos com o mercado do Médio Oriente e Ásia.
Os preços das peças serão «acessíveis», garantiram as responsáveis, conscientes de que este público-alvo se depara, normalmente, com muitas despesas devido a tratamentos. Umas calças poderão custar 30 euros, enquanto uma camisola entre 20 e 40.
Outro dos projetos de futuro é lançar um concurso a nível nacional de modelos tanto para pessoas com limitações físicas como para pessoas que não apresentem qualquer incapacidade, dos 18 aos 80 anos, para que sirvam de rosto ao catálogo da IMOA
«São pessoas tão bonitas como as outras. Estamos a criar laços e a levar alegria às pessoas institucionalizadas. A plataforma e a ideia servirão como uma espécie de liga amigos IMOA. É um projeto de amor porque o feedback é muito bom, mas também pelo lançamento de uma empresa num momento de crise».
A IMOA está a trabalhar com fornecedores nacionais porque a par da convicção de que os têxteis e tecnologias portugueses «são de qualidade», as responsáveis querem «criar uma rede nacional» e têm recolhido «muito entusiasmo por parte dos parceiros» que sentem estar a «desbravar terreno no âmbito de uma boa causa».
Fonte: TVI 24
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