domingo, 16 de julho de 2017

Cânulas de traqueostomia. Diferenças entre as metálicas e plásticas.

Com relação ao material utilizado na confecção das cânulas de traqueostomia, podemos classifica-las em dois grandes grupos: As cânulas metálicas (Jackson) e as plásticas (Portex). Os termos Jackson e Portex referem-se a marcas registradas das empresas que fabricam as cânulas de traqueostomia. As cânulas metálicas podem ser de aço inox ou banhadas em prata. Interessante notar que a prata possui um efeito antibacteriano, o que ajudaria a prevenir infecções, já as cânulas plásticas são comumente feitas de silicone ou PVC (Policloreto de Vinila), mais leves e baratas.

Mas a diferença não se limita aos materiais utilizados
As cânulas metálicas são constituídas de uma cânula externa e uma interna, esta última podendo ser retirada e lavada, sendo um importante fator de higiene local. Na figura abaixo vemos um terceiro componente, chamado mandril.
Componentes da cânula de traqueostomia metálica.
Da esquerda para direita: Cânula externa, cânula interna e mandril
A função do mandril é o de auxiliar a inserção da cânula de traqueostomia na luz traqueal. Para o procedimento, a cânula interna é retirada e o mandril é colocado em seu lugar. A ponta romba do mandril ajuda a prevenir lesões traqueais durante o procedimento. Imediatamente após o posicionamento, o mandril é retirado e substituído pela cânula interna.
As cânulas de silicone ou de PVC se diferenciam das metálicas por poderem apresentar balonete (cuff). O uso de cânulas com balonete é indicada quando o paciente mantém-se em ventilação mecânica e também quando existe o risco de aspirar secreções da orofaringe. Visitando sites estrangeiros, encontrei referências a cânulas plásticas com cânula externa e cânula interna.
Particularidades das cânulas metálicas
[1] A cânula metálica não possui o balonete interno (“cuff”) portanto não sela o diâmetro interno da traquéia e permitem a passagem de ar para a via aérea superior durante a respiração. O Cuff garante a manutenção da pressão positiva ao final da expiração.
[2] O conector das cânulas metálicas não é compatível com a conexão dos ventiladores mecânicos.
[3] Com o passar do tempo sofrem alteração na coloração.
[4] A superfície metálica é bastante lisa. Isso reduz a adesão de secreções à parede interna da cânula (reduzir não significa evitar!!! Em minha prática já me deparei mais de uma vez com cânulas internas obstruídas por secreção).
[5] Outra vantagem é a possibilidade de esterilizar a cânula metálica e reutilizá-la em outro paciente (isso não é o ideal, mas em hospitais em estados cujo Governador desviou recursos para viajar pra França e comprar jóias para a esposa, os serviços públicos ficaram tão sucateados que infelizmente isso precisa ser feito)
[6] Em caso de precisar fazer uma Tomografia Computadorizada, o paciente precisa trocar a cânula metálica por uma plástica, pois o metal causa os chamados “artefatos” e borra a imagem obtida.
{7} Em caso de precisar fazer uma Ressonância magnética, também será preciso retirar a TQT metálica sob o risco do paciente ser degolado (literalmente). Não acredita? Assista o vídeo abaixo pra ver o que acontece com objeto metálicos na máquina de ressonância.


Particularidades das cânulas Plásticas
[1] Pelo fato de possuírem Balonete, são indicadas para pacientes em ventilação mecânica.
[2] O diâmetro da Cânula plástica permite a acoplagem tanto em Ventiladores mecânicos quanto em equipamentos portáteis de BiPAP e CPAP
[3] São mais leves do que as cânulas metálicas
[4] Existem modelos de cânulas plásticas com cânulas interna e externa.

Finalmente
Como dito no início da postagem, o tema traqueostomia pode até parecer simples, mas uma pesquisa um pouco mais detalhada revela inúmeros desdobramentos. Como não é possível abordar todos os aspectos do tema em uma postagem. Assim, deixo abaixo os links para os textos e artigos usados nessa postagem.
Hasta la vista

Fonte e mais informação: O Guia do Fisioterapeuta

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