segunda-feira, 31 de julho de 2017

A Representação do Espaço em Saramago

A minha relação com os livros do nosso nobel da literatura, José Saramago, nunca foi a melhor. 1º livro da sua autoria que abri para ler foi a “A Jangada de Pedra”, mas perdi o interesse após ler as primeiras páginas. Tentei mais uma ou duas vezes ler outros livros, e também desisti. Confesso que o filme “Ensaio Sobre a Cegueira”, baseado no seu livro com o mesmo nome, também não me encheu as medidas, e pronto, ficou o respeito pelo homem e pela sua obra, e nossa relação terminou aí.

Mas eis que venho morar a pouco mais de 20km da Azinhaga/Golegã, a sua aldeia amada, conheço-a, também uma estátua na aldeia em sua homenagem, e sou convidado para a apresentação do livro “A representação do espaço em Saramago: da negatividade à utopia”, na sua fundação, na Casa dos Bicos em Lisboa, espaço que também gostei muito de conhecer.
Com o autor Profº Drº Horácio Ruivo, e dois amigos,
na apresentação do livro na Fundação José Saramago em Lisboa.
Li o livro, gostei, e meu interesse pela sua obra voltou. De repente sinto-me desejoso de ler Saramago. Através deste livro até parece que li e descobri outro Saramago. Senti-me a lê-lo com gosto e prazer. Estou com muita vontade de iniciar a leitura dos livros “Levantados do Chão” e a “Caverna”, 2 dos livros analisados e mencionados neste trabalho “A representação do espaço em Saramago: da negatividade à utopia”, tese de Doutoramento em Estudos Portugueses na especialidade de Literatura Portuguesa, da autoria do Srº Professor Doutor Horácio Ruivo, com quem tenho o prazer de conviver por pertencer à direção do Centro de Apoio Social da Carregueira, onde me encontro a trabalhar e viver.

Sinopse do livro
O presente estudo incide sobre o espaço na obra literária de José Saramago. Considerada uma categoria intencionalmente privilegiada pelo escritor em muitos dos seus romances, não apenas na dimensão física, mas numa multiplicidade de sentidos emergentes a partir dos diferentes topoi apresentados, reconhece-se a existência de uma linha ascensional que reflete a forma evolutiva como vão sendo apresentados os espaços, reais ou sugeridos, em interação com as personagens, implicando nestas um forte crescimento interior.

Vão ser exploradas as dimensões humana e simbólica do espaço. A cada uma destas dimensões é associada, respetivamente, a memória e a violência, ambas importantes linhas de forças na obra saramaguiana. A memória revela-se como um espaço determinante na formação da consciência individual e coletiva: a memória individual visa recuperar do passado a essência daquilo em que o ser humano se vem a tornar; a memória coletiva surge pela necessidade de resgatar momentos do passado histórico que foram intencionalmente eliminados do discurso canónico. Por seu turno, a violência surge associada a espaços – menos físicos do que simbólicos – e constitui-se como metáfora da sociedade, espaço onde o ser humano é frequentemente desrespeitado ou induzido a um estado de apatia que o impede de se afirmar e realizar.

A partir de cinco romances analisados, procura sustentar-se a tese segundo a qual o espaço, em Saramago, evolui da negatividade para uma dimensão de utopia, surgindo a negatividade refletida na forma como o autor nos apresenta o espaço inicial, no qual a movimentação das personagens parece contagiada por uma carga negativa que as condiciona; desse espaço emanam, contudo, forças que fazem germinar nas personagens a consciencialização do caos em que se encontram e as impelem à busca de um outro espaço, de utopia, onde seja possível (re)viver.

Se está interessado em adquirir o livro que já vai na sua 2ª edição pode fazê-lo na Edições Esgotadas ou numa livraria perto de si.

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