É verdade que quando tive o acidente muitos problemas de saúde se lhe sucederam. Problemas respiratórios, problemas de pele e facilidade em fazer feridas, quebras de tensão sucessivas, adaptação a uma nova vida, reaprender a fazer tudo, etc.
Ainda tenho que estar atento a alguns problemas, mas depois de estabilizar todas essas situações, reparei que foi aí que começaram os verdadeiros problemas que me iam acompanhar por muitos mais anos.
Problemas tenho todos os dias para me lavar, vestir e levantar para a cadeira. Não porque seja uma das mazelas da minha lesão, mas sim porque tenho que estar dependente de familiares ou amigos para que isso seja possível, ou sujeitar-me a que todos os dias venham uma ou duas pessoas diferentes para me tratar e levantar às horas a que lhes dá jeito e com o tempo cronometrado para logo de seguida irem tratar de mais outras pessoas dependentes. Porque em Portugal ainda não existe Vida Independente para que eu tenha a liberdade de decidir quando e como quero fazer todas estas e outras necessidades do meu dia-a-dia, em vez de estar dependente de familiares ou ter que vir a ser institucionalizado.
Problemas tenho quando quero andar de transportes públicos e não posso, ou sou discriminado quando não existem autocarros preparados para pessoas com mobilidade reduzida, ou, nos que existem, muitas vezes se encontram as rampas avariadas ou a falta de formação dos motoristas. Problemas quando quero andar de comboio e me obrigam a fazer uma marcação prévia com 24h para me deslocar, qualquer que seja o meu percurso. Problemas quando quero apanhar um táxi e tenho que me informar se está disponível o único que se encontra preparado no concelho de Vila Franca, ou mesmo em Lisboa, de tal modo que chego a esperar por um táxi adaptado por mais de 1h e ainda ter que pagar uma taxa de 0.80€ por ter feito o pedido. Porque não existe uma Lei que obrigue a que os autocarros sejam registados já com o equipamento devido, a que os comboios e estações não ofereçam dificuldades e discriminação às pessoas com deficiência, ou que as Câmaras Municipais alterem as licenças de táxis, não acrescentando mais, mas adaptando as já existentes para que mais táxis adaptados possam circular nas ruas.
Problemas tenho quando quero circular livremente e em segurança pelos passeios e passadeiras, mas continuam a fazer passadeiras mal niveladas e sem se pensar nas pessoas com mobilidade condicionada. Passeios sem respeitar o peão, mas sim inclinados e a privilegiar as entradas de garagens, com insistência na calçada irregular e sem qualquer simbolismo histórico ou de património. Problemas quando quero tratar de algum documento ou assunto nas finanças, segurança social, etc., e os edifícios não estão preparados para receber alguém com mobilidade reduzida. Quando existe uma lei que obriga a que todos os edifícios e espaços públicos tenham que estar preparados, até inicio de Fevereiro de 2017, para receber pessoas com mobilidade condicionada e nada foi feito até agora, mas continuamos a ver novas construções sem as regras exigidas por lei.
Problemas tenho quando quero ir a um restaurante e não encontro nenhum com as condições necessárias de acessibilidades para eu me poder deslocar lá dentro. Ou os que existem, têm mesas pequenas onde nem as cadeiras de rodas cabem porque preferiram reduzir o tamanho das mesas para que o número de clientes seja maior, transgredindo uma lei que limita o número de clientes sentados por m2 dentro dos estabelecimentos. Quando quero ir ao cinema ou a outra sala de espectáculos e o número limite para cadeiras de rodas chega a ser apenas de 1 e não posso ir acompanhado com outro amigo em cadeira de rodas; isto quando a lei exige um mínimo e nunca um máximo de lugares para pessoas em cadeiras de rodas; e continua a faltar bom senso na altura de resolver estas situações.
Problemas tenho porque recebo uma pensão mínima de invalidez. Não, não que eu ache que tenha que ser o Estado a pagar-me mais para eu estar em casa. Mas sim que tenha melhores condições para eu poder ingressar no mercado de trabalho, com todo o direito que tem um cidadão ‘’normal’’, receber o ordenado justo consoante as minhas funções e continuar a fazer os meus descontos para poder vir a ter uma reforma mais digna. Só assim me posso sentir incluído na sociedade.
Problemas?!
Não, não tenho problemas com as minhas condições.
Mas sim com as condições que me dão…
(Portugal é um dos 127 países que aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Trata-se de um marco histórico, representando um importante instrumento legal no reconhecimento e promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência e na proibição da discriminação contra estas pessoas em todas as áreas da vida, incluindo ainda previsões específicas no que respeita à reabilitação e habilitação, educação, saúde, acesso à informação, serviços públicos, etc. Simultaneamente à proibição da discriminação, a Convenção responsabiliza toda a sociedade na criação de condições que garantam os direitos fundamentais das pessoas com deficiência. Como poderá ser verificado no Instituto Nacional para a Reabilitação.)
Ainda tenho que estar atento a alguns problemas, mas depois de estabilizar todas essas situações, reparei que foi aí que começaram os verdadeiros problemas que me iam acompanhar por muitos mais anos.
Problemas tenho todos os dias para me lavar, vestir e levantar para a cadeira. Não porque seja uma das mazelas da minha lesão, mas sim porque tenho que estar dependente de familiares ou amigos para que isso seja possível, ou sujeitar-me a que todos os dias venham uma ou duas pessoas diferentes para me tratar e levantar às horas a que lhes dá jeito e com o tempo cronometrado para logo de seguida irem tratar de mais outras pessoas dependentes. Porque em Portugal ainda não existe Vida Independente para que eu tenha a liberdade de decidir quando e como quero fazer todas estas e outras necessidades do meu dia-a-dia, em vez de estar dependente de familiares ou ter que vir a ser institucionalizado.
Problemas tenho quando quero andar de transportes públicos e não posso, ou sou discriminado quando não existem autocarros preparados para pessoas com mobilidade reduzida, ou, nos que existem, muitas vezes se encontram as rampas avariadas ou a falta de formação dos motoristas. Problemas quando quero andar de comboio e me obrigam a fazer uma marcação prévia com 24h para me deslocar, qualquer que seja o meu percurso. Problemas quando quero apanhar um táxi e tenho que me informar se está disponível o único que se encontra preparado no concelho de Vila Franca, ou mesmo em Lisboa, de tal modo que chego a esperar por um táxi adaptado por mais de 1h e ainda ter que pagar uma taxa de 0.80€ por ter feito o pedido. Porque não existe uma Lei que obrigue a que os autocarros sejam registados já com o equipamento devido, a que os comboios e estações não ofereçam dificuldades e discriminação às pessoas com deficiência, ou que as Câmaras Municipais alterem as licenças de táxis, não acrescentando mais, mas adaptando as já existentes para que mais táxis adaptados possam circular nas ruas.
Problemas tenho quando quero circular livremente e em segurança pelos passeios e passadeiras, mas continuam a fazer passadeiras mal niveladas e sem se pensar nas pessoas com mobilidade condicionada. Passeios sem respeitar o peão, mas sim inclinados e a privilegiar as entradas de garagens, com insistência na calçada irregular e sem qualquer simbolismo histórico ou de património. Problemas quando quero tratar de algum documento ou assunto nas finanças, segurança social, etc., e os edifícios não estão preparados para receber alguém com mobilidade reduzida. Quando existe uma lei que obriga a que todos os edifícios e espaços públicos tenham que estar preparados, até inicio de Fevereiro de 2017, para receber pessoas com mobilidade condicionada e nada foi feito até agora, mas continuamos a ver novas construções sem as regras exigidas por lei.
Problemas tenho quando quero ir a um restaurante e não encontro nenhum com as condições necessárias de acessibilidades para eu me poder deslocar lá dentro. Ou os que existem, têm mesas pequenas onde nem as cadeiras de rodas cabem porque preferiram reduzir o tamanho das mesas para que o número de clientes seja maior, transgredindo uma lei que limita o número de clientes sentados por m2 dentro dos estabelecimentos. Quando quero ir ao cinema ou a outra sala de espectáculos e o número limite para cadeiras de rodas chega a ser apenas de 1 e não posso ir acompanhado com outro amigo em cadeira de rodas; isto quando a lei exige um mínimo e nunca um máximo de lugares para pessoas em cadeiras de rodas; e continua a faltar bom senso na altura de resolver estas situações.
Problemas tenho porque recebo uma pensão mínima de invalidez. Não, não que eu ache que tenha que ser o Estado a pagar-me mais para eu estar em casa. Mas sim que tenha melhores condições para eu poder ingressar no mercado de trabalho, com todo o direito que tem um cidadão ‘’normal’’, receber o ordenado justo consoante as minhas funções e continuar a fazer os meus descontos para poder vir a ter uma reforma mais digna. Só assim me posso sentir incluído na sociedade.
Problemas?!
Não, não tenho problemas com as minhas condições.
Mas sim com as condições que me dão…
(Portugal é um dos 127 países que aprovou a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Trata-se de um marco histórico, representando um importante instrumento legal no reconhecimento e promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência e na proibição da discriminação contra estas pessoas em todas as áreas da vida, incluindo ainda previsões específicas no que respeita à reabilitação e habilitação, educação, saúde, acesso à informação, serviços públicos, etc. Simultaneamente à proibição da discriminação, a Convenção responsabiliza toda a sociedade na criação de condições que garantam os direitos fundamentais das pessoas com deficiência. Como poderá ser verificado no Instituto Nacional para a Reabilitação.)
Fonte: Gaibéu
Amigo estou contigo. também tenho esses problemas.
ResponderEliminarAbraço
triste país este
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