A alegria era indisfarçável. Élvio Barradas, António Nóbrega, Duarte Veríssimo e António Calaça conquistaram um lugar na história do desporto regional, pois são os primeiros velejadores de vela adaptada. Os primeiros dois começaram crianças, há quase dez anos, e hoje são homens feitos, com vinte anos.
Ontem, foram os fiéis depositários de um contributo da Câmara Municipal do Funchal e das empresas Promosoft, ZON Madeira e Bitrans que permitiu a aquisição de quatro embarcações da classe Acess 2.3 adaptadas a cidadãos portadores de deficiência.
Tudo começou com o voluntarismo do monitor Emanuel Silva. Que com muito esforço 'carregava', literalmente, os seus alunos da 'Educação Especial' nos optimist.
Quatro anos depois, António Cunha - responsável pela vela no Clube Naval do Funchal - iniciou o projecto de aquisição de duas embarcações Acess 2.3, razão pela qual a entrega de quatro novas embarcações constituiu um momento de grande significado no trabalho de inclusão que Emanuel Silva, António Cunha, os velejadores e a Direcção Regional de Educação Especial e Reabilitação desenvolveram.
Isso mesmo foi destacado por Pedro Calado, vereador da Câmara do Funchal, que se manifestou "muito feliz por estar neste acto simbólico", que em seu entender corporiza "um trabalho exemplar" que justifica o "pequeno apoio da câmara aos velejadores, que são um exemplo e um estímulo à sociedade de que não há barreiras, nem limites. Eles transmitiram um espírito de luta, de força que nos permite hoje perceber que a inclusão é possível e não só na vela".
Mafalda Freitas, presidente do clube, recordou as circunstâncias pioneiras da introdução da vela adaptada, revelando que com a aquisição destes quatro novos barcos "o objectivo é fazer com mais jovens, de outros concelhos, possam praticar vela".
Dirigentes e entidades elegem atletas e o clube naval como exemplo
Charles Lindley, o responsável em Portugal pela Associação da Classe Acess, veio à Madeira propositadamente para assinalar este momento.
O também dirigente do Clube Naval de Cascais felicitou o Clube Naval do Funchal pelo trabalho desenvolvido, lembrando que em Portugal existem quarenta embarcações de vela adaptada e que o propósito "é trabalhar mais com as autarquias, clubes e outras instituições para que a prática da vela seja mais generalizada e frequente", fazendo votos que os velejadores madeirenses possam competir nas três provas nacionais agendadas.
Lindley revelou ao DIÁRIO que 'existem cinco clubes em Portugal a enquadrar a vela adaptada - Cascais, Funchal, Póvoa de Varzim, Nazaré e Faro - daí a importância desta cerimónia.
Maria José Camacho, a Directora Regional de Educação Especial e Reabilitação, usou o exemplo do trabalho do Clube Naval do Funchal como referência de "que a inclusão é possível quando temos um olhar mais incisivo para os cidadãos que com necessidades especiais têm potencialidades igualmente especiais".
Amaral Frazão, o Capitão do Porto, lembrou que ontem assinalou-se o Dia do Mar e que o exemplo dos velejadores é prova de que "com vontade tudo é possível", dirigindo palavras de elogios a estes por considerar que "são um exemplo para a sociedade".
Dnoticias.pt
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