quarta-feira, 1 de setembro de 2010

INATEL fecha portas à diferença

Candidatei-me a umas férias publicitadas pela INATEL, dias mais tarde fui informado que não poderia gozar minhas férias, porque Hotel indicado pela INATEL, não tinha mais quartos adaptados para quem usa cadeira de rodas, sugeriram-me outra unidade. Aceitei. Recebo a informação, que também já tinha todos os quartos adaptados ocupados.

Resolvi contactar a própria Fundação. Até porque já tinha anteriormente trocado e-mails sobre o mesmo programa. Fui atendido pela pessoa responsável pelo programa. Quis saber do porquê desta falta de quartos, fiquei abismado ao ouvir que maioria dos hotéis da Fundação, e indicados por eles para nos receber, não têm quartos adaptados a utilizadores de cadeiras de rodas. Daí a dificuldade de me incluírem no programa.

Foi frustrante e uma enorme desilusão saber de tal situação. Tentei explicar-lhe que para mim tal coisa é inadmissível, que estão a discriminar-nos e que estavam errados. Senhora sentiu-se ofendida, e fez questão de me avisar que estava a ser injusto e desagradável. Que ela tudo sempre fez e estava a fazer para satisfazer nossos pedidos.

Agora vejam quem é desagradável: A Fundação INATEL, tutelada pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, publicita anualmente o programa "Abrir Portas à Diferença", programa da iniciativa do Ministério das Finanças e da Administração Pública e do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, destinado a cidadãos portugueses, independentemente da idade, com deficiências e incapacidades em grau igual ou superior a 60% e respectivos acompanhantes.

Programa esse destinado a proporcionar a integração e o desenvolvimento psíquico, físico e social, permitindo o acesso ao gozo de férias organizadas a um número significativo de pessoas, independentemente da sua idade, constituindo um importante instrumento de promoção da igualdade de oportunidades e de inclusão social.
Dar-se-á a possibilidade a estes cidadãos de viajarem por todo o território continental, desde que existam unidades hoteleiras da Fundação Inatel com condições de acessibilidade aos respectivos beneficiários.

Leram bem. Destina-se a quem possua 60% ou mais de incapacidade. Embora existam muitas pessoas com este grau de deficiência que não utilizam cadeira de rodas, também pode haver o contrário. 60% é uma percentagem significativa. Mas a INATEL, subsidiada por todos nós, acha que não precisa de mais quartos adaptados nos seus hotéis para este programa. Se nos inscrevemos, avisam que vagas esgotaram e ponto final.
Como é possível criarem estes programas e não se preocuparem em criar condições? E onde está o INR, que os publicita e apadrinha sem fazer uma fiscalização como deve ser?

Fui mais longe. Contactei todas as unidades hoteleiras disponibilizadas este ano pela Fundação INATEL a nos receberem, e questionei-as sobre a quantidade de quartos adaptados que cada uma tem. Fiquei ainda mais desiludido.

Vejam o resultado: Entre-os-Rios, possui 68 quartos e nenhum adaptado, Santa Maria da Feira, 80 quartos e nenhum adaptado, Vila Ruiva/Fornos de Algodres, 32 quartos e 3 adaptados, Manteigas, 64 quartos e nenhum adaptado, Luso, 69 quartos, nenhum adaptado, Foz do Arelho, equipado com 135 quartos e nenhum adaptado, Costa da Caparica tem 35 quartos e 2 deles são adaptados e por último, Albufeira possui 308 quartos e 1 somente adaptado.

Conclusão: a Fundação INATEL tem um programa maravilhoso para proporcionar férias a pessoas com mais de 60% de deficiência, mas tem somente 6 quartos relativamente adaptados de 791. E técnica não considera esta diferença um absurdo e discriminatória. De sublinhar que as casas de banho somente possuem barras laterais às sanitas. No caso de quem precise usar cadeira para o banho, não as há em nenhuma unidade. Esqueceram-se que nós dependentes não usamos barras laterais e nem as banheiras para tomar banho.

Aqui fica o aviso. Tetraplégicos estão excluídos deste programa. Lembraram-se de incluir acompanhante. Supostamente acharam que nos poderíamos candidatar, mas não se lembraram de nos criar condições físicas.

8 comentários:

  1. Isto só visto, contado ninguém acredita! A discriminação no seu melhor! A designação do Programa deveria ser "Abrir portas à Indiferença".
    Parabéns pelo trabalho que desenvolver, obrigado por o dar a conhecer e...continue a denunciar estes casos.

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  2. Infelizmente muita coisa está errada quando se trata do tema "deficiência". Não esperava este procedimento de uma Fundação como a INATEL.
    Mas é o costume, criam-se uns programas, projectos, leis...publicitam-se e ponto final.
    Culpa aqui é dos Ministérios que subsidiam o programa e não o fiscalizam.
    Fique bem.

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  3. Caro Eduardo,

    Mais uma vez colocas os pontos nos i's, mais uma vez dizes a verdade que deve ser do conhecimento de todos, de uma forma clara e factual. És o exemplo do cidadão ciente das suas obrigações e dos seus direitos, que luta cívica e democráticamente pelo bem-estar dos seus pares. Um grande bem haja por seres um Homem de coragem e de força!

    Um grande abraço!
    Sininho

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  4. Sininho, obrigado pelo carinho!
    É difícil ver que estes atropelos existem e continuam. Seria óptimo não ter que dar estas tristes noticias, mas existem e têm que ser denunciadas.
    É o mínimo que devo fazer.

    Fica bem.

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  5. Edu,
    Apenas seis apartamentos "quase" adaptados...
    E a senhora ao telefone se ofendeu? Disse que era você o injusto e desagradável??
    Ai.. ai...
    Ainda bem que vc não se intimida, nem se cala!
    Beijo!
    Mônica

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  6. Mónica, em geral nos quartos nós circulamos sem problema. Casas de banho é que têm que ser adaptadas e terem cadeira de banho sanitária. E isso neste caso, não acontece.
    Fica bem.

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  7. É vergonhoso, não é, Eduardo?
    De 791 quartos, somente 6 estão relativamente adaptados. Com certeza é propaganda enganosa.
    É como você disse, é preciso fiscalização dos Ministérios que subsidiam o programa.

    Abraços!

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  8. Vergonhoso, triste e muitos outros adjectivos, Vera!
    Propõem-nos por 35,00 € uma semana de férias com tudo pago, mas não nos criam condições...
    Como vês, nem tudo é perfeito no meu país.
    Fica bem

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