quarta-feira, 7 de julho de 2010

Um Longo Caminho a Percorrer

António Martins é obrigado a lidar, todos os dias, com inúmeros contratempos. A sua vida é marcada por momentos em que tem de enfrentar barreiras arquitectónicas e mentais.
No caminho para a farmácia, para a escola ou mesmo para o café onde se encontra com os amigos, António Martins necessita de fazer inúmeros desvios, num trajecto que, para si, seria o mais fácil de percorrer.

Devido a complicações que se sucederam na ocasião do parto, o jovem adquiriu uma paralisia cerebral, que o remeteu para a condição de tetraplégico.
António Martins não conhece outra forma de se deslocar sem ser em cadeira de rodas, mas nem por isso sente que deve limitar ou condicionar o seu quotidiano.

As ruas de Oliveira de Azeméis não parecem estar totalmente preparadas para proporcionar condições a quem não se pode mover pelo seu próprio pé.
Como qualquer jovem de 21 anos, António Martins valoriza os momentos de lazer, passados com os amigos e colegas. Para ir até ao café, onde convive com eles, atravessa, diariamente, cerca de quatro vezes, a Rua Ótão Luís, que faz a ponte entre as ruas Manuel Brandão – onde reside, com a família – e a General Humberto Delgado.

Este caminho permite a António Martins encurtar esse percurso, o que resulta numa maior rentabilização do seu tempo. No entanto, a circulação da cadeira de rodas é, aqui, dificultada por pedras que se encontram no meio da passagem.
Há cerca de três meses, o muro que ladeia esse trajecto começou a desmoronar-se. Devido ao mau tempo, algumas das pedras que o constituem desprenderam-se e rolaram para o centro da rua. E, segundo António Martins, as pessoas ajudaram a “pôr o resto abaixo”.

Os irmãos de António Martins, de 16 e 18 anos, representam, para este jovem, uma ajuda fundamental na ultrapassagem destas barreiras, aos quais lhes coube a tarefa de mover os obstáculos para a beira do caminho.
Não obstante, já lhe aconteceu passar por lá, e os seus irmãos “terem arrumado as pedras e alguns vidros, e, no regresso, estar tudo na mesma”. As suspeitas, cujos motivos são desconhecidos, vão no sentido de alguém praticar este acto por pura maldade.

A autarquia já efectuou os trabalhos de remoção das pedras soltas, mas situações como estas condicionam constantemente a vida de António Martins.
Fonte: Diário de Aveiro

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