Minha coluna, este mês no Vida Mais Livre: Impossível ficar indiferente ao choro, palavras imperceptíveis em voz alta, e aparente sofrimento, vindas de um rapaz, sentado numa cadeira de rodas, que chegava à clínica de fisioterapia, acompanhado por uma senhora que a todo o custo e debruçando-se sobre ele o tentava silenciar.
Fiquei com dúvidas se seria sua Mãe e associei aquele desconforto a sua possível doença. Muitos portadores de AVC, por exemplo, choram com muita facilidade e frequência, e em alguns casos, também não conseguem articular as palavras.
Imediatamente saiu do gabinete uma médica fisiatra que tratando-o pelo nome próprio, cumprimentou-o e muito carinhosamente, ao mesmo tempo que lhe fazia perguntas, corria com as mãos o seu tronco, onde ele tentava indicar o que lhe doía.
A senhora que o acompanhava começou sem parar a dizer que ele tinha tirado o dia para aborrecê-la, que doutora não ligasse, que veio o caminho todo a enchê-la de nervos, que aquilo eram mimos e virou-se de frente para a cadeira de rodas, num tom ameaçador e muito alto gritava que ele estava a envergonhá-la, se não tinha vergonha daquelas birras, que nunca mais saía com ele, que ela sabia bem do que ele precisava…Uma cena horrível e desumana.
De repente, o rapaz deixou de chorar e médica dizia: “vês, tinhas razão! Afinal estás com uma ferida infectada nas costas que o colete te criou, por estar mal posto. Vamos já tratar disso.
Carinhosamente, o rapaz, com sons, e à sua maneira, mostrava-lhe o seu agradecimento. Levaram-no para o gabinete da médica. Ao saírem, sua acompanhante ainda continuava muito agressiva com ele, embora o rapaz já não fizesse barulho algum.
Quando foi minha vez de ser consultado, confrontei a médica do porquê de ela não chamar a atenção da senhora, porque ela não poderia tratá-lo daquela maneira.
Disse-me que ele chorava porque usa um colete em volta do abdomen (para corrigir não sei o que), colete esse que é feito de um material duro, e, ao ser colocado de forma incorreta, ele começou a feri-lo, e assim continuaria se não fosse corrigido o mau posicionamento.
Adiantou também que conhecem bem a família dele, e se ela a confrontasse, certamente que nunca mais traria o filho a qualquer tratamento, e seria bem pior para ele.
Perante isto o que pensar ou fazer? Eu não soube.
Infelizmente existe sim este tipo de mãe, mas graças a Deus há também as que respeitam e zelam por seus filhos com todo amor que eles merecem. O bem e o mal está em toda parte.
ResponderEliminarMónica, não há ninguém que cuide de nós melhor que nossa Mãe. Vi e conheço Mães que o fazem com tanto AMOR... Não há obstáculos para elas.
ResponderEliminarNunca tinha visto nenhuma como esta. Foi uma decepção tão grande...
Fica bem.
Meu amigo, depois deste relato seu fico até envergonhado por, às vezes, ter pequenos atritos com minha mãezinha.
ResponderEliminarFico triste pelas dificuldades enfrentadas pelo rapaz e feliz por existirem mães grandiosas em amor e médicos que pensam nos pacientes. A médica teve um discernimento que eu com certeza não teria.
Grande abraço.
Já tive o desgosto de conhecer até pior que esta. Alguns pais não conseguem peceber a bênção que é ter um filho "especial", o quanto de alegria e amor existe na relação com ele. Simplesmente não o aceitam e o tratam desta forma desumana.
ResponderEliminarSó que um dia ficarão velhinhos e poderão ser tratados da mesma maneira por alguém...
ANGELO, tenho certeza que esses teus atritos com tua Mãe, em nada a magoam. Tu não és pessoa de magoar ninguém.
ResponderEliminarEu também tinha imensa vontade de agir. Mas depois da médica me dizer aquilo...
MÓNICA, eu felizmente nunca vi uma Mãe tratar mal seu filho. Tenho visto cada prova de amor...
Fiquem bem.
É desumano, Eduardo! É como você questionou, será que podemos considerá-la como mãe?! Certamente ela considera o filho como um fardo.
ResponderEliminarConheci uma senhora parecida com essa na época em que lecionava, no entanto o contexto era diferente, mas a frieza era a mesma. Conversei muito com essa senhora a respeito de amor e carinho que devemos ter com as pessoas, quanto mais um filho. No dia seguinte ela procurou a diretora da escola e disse que eu queria ensiná-la como deveria educar seu filho. Na semana seguinte ela pediu a transferência desse aluno para outra escola. Fiquei muito angustiada com essa situação e jamais me esquecerei.
Em contrapartida conheci mães maravilhosas que amam verdadeiramente seus filhos.
Abraços!
Entendo tua angústia, Vera. Tentaste ajudar e parece que ainda pioraste mais as coisas.
ResponderEliminarEstes casos são muito melindrosos. É horrível não podermos agir abertamente.
Pior é a sensação de impotência...
Fica bem..