Eliana Zagui e Paulo Henrique Machado são vítimas da poliomielite, que se tornaram moradoras do Hospital das Clínicas de São Paulo. Eles dão uma lição de determinação e superação.
Qual seria a reação mais comum a uma doença grave? A resignação ou a superação? Entre uma vida de silêncio ou mesmo de revolta interior, tem gente que transforma o que está à volta. Em uma cama de hospital, passam uma vida de criação e entusiasmo.
São casos raros de determinação, como o de duas pessoas, vítimas da poliomielite, que se tornaram moradoras do Hospital das Clínicas de São Paulo. As famílias não tinham condições de cuidar delas em casa e se viram obrigadas a mantê-las na instituição. Acesse aqui e assista o vídeo...
Vaidosa, a artista plástica Eliana Zagui se prepara. Vai participar de uma exposição de arte e será a artista homenageada, vai expor as telas que pinta.
“Eu gosto muito de paisagem, porque é uma forma de fugir daqui. Eu quero ir embora um dia, se Deus quiser. Estou lutando para isso”, aponta a artista plástica Eliana Zagui.
Eliana mora na UTI do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas desde a década de 1970.
“Tenho amigos. Tem o pessoal que trabalha aqui que acaba fazendo papel de família. Acabamos meio que adotando todos”, comenta a artista plástica Eliana Zagui.
O morador do hospital Paulo Henrique Machado, seu vizinho no quarto, chegou um pouco antes. Os dois foram vítimas do último grande surto de paralisia infantil no estado de São Paulo. Das cerca de 20 crianças que contraíram a doença na época, só Eliana e Paulo sobreviveram.
“Os médicos chegaram e falaram que a estimativa de vida para crianças que vinham com esse tipo de doença era de apenas 10 anos. Estou com 42 anos bem vividos, graças a Deus e é algo que surpreende”, aponta o morador do hospital Paulo Henrique Machado.
Paulo e Eliana moram no hospital porque as famílias não têm condições financeiras para dar toda a estrutura de atendimento que eles necessitam. Depois de tantos anos morando neste ambiente, eles se adaptaram e aprenderam a superar desafios. Estudaram e conseguiram diplomas do Ensino Médio.
“Eu pretendo fazer, se tudo der certo, faculdade de psicologia. Preciso dar um jeito nos loucos daqui”, planeja Eliana.
“Eu quero entrar para a sétima arte, me profissionalizar na área de cinema”, diz Paulo.
Paulo nunca viu um retrato da mãe, que morreu no parto. Mas, com um computador - presente dos amigos - descobriu o mundo. Fez amizades com o diretor Carlos Saldanha, da animação “Era do gelo”, que veio visitá-lo no ano passado. Inspirado, ele já sonha em criar seu próprio filme. Já tem até o personagem principal, que é deficiente físico.
“Nesses episódios eu quero colocar condições que o deficiente encontra de obstáculos difíceis de transpassarem, mas com muito humor, imaginação, criatividade, tem como passar aquele obstáculo. É isso que eu pretendo mostrar a todo mundo”, comenta Paulo.
A arte proporciona aos dois amigos alguns momentos raros. Nós pudemos acompanhar um deles: uma saída do hospital para a abertura da exposição dos quadros de Eliana. A partida envolve muitos funcionários do hospital. É cercada de cuidados e carinho. Os dois dependem de aparelhos respiratórios para sobreviver. Mas, por algumas horas, como em uma dessas histórias do cinema, podem se libertar deles.
“Como a gente não sai muito, esses momentos são divertidos”, brinca Paulo.
Paulo e Eliana chegam à exposição como artistas que atravessam o tapete vermelho. Mais de 50 quadros feitos por Eliana foram expostos. Em algumas telas, seu próprio rosto é a inspiração.
“Não importa os riscos que possa haver, eu prefiro correr risco do que deixar de viver”, resume Eliana.
“A mente humana não tem limites. Se não tem limites, você é capaz de tudo”, diz Paulo.
Eliana também já está trabalhando num segundo projeto: o de um livro sobre a vida dela como moradora do hospital. Paulo só espera uma chance para trabalhar com cinema.
Fonte: Deficiente Ciente
Uma linda história de superação, que serve de insentivo para muitas pessoas que preferim desistir de seus sonhos por medo de se arriscar
ResponderEliminareles deveriam pensar como Eliana nessa frase
"Não importa os riscos que possa haver, eu prefiro correr risco do que deixar de viver"
Temos muito a aprender com pessoas maravilhosas como estas, Mayara.
ResponderEliminarFique bem.
Conheci pessoas maravilhosas que vivem no Núcleo Assistencial Caminhos Para Jesus em BH... fiz amigos... conheci pessoas que nunca receberam uma visita de familiares (mas, estão cercados de anjos cuidadores). O Amor sobreleva- se a toda dificuldade.
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