Efectivamente, por todo o globo tem vindo a ser incrementada a chamada “Equitação Adaptada”, um meio complementar de terapia com resultados incomparáveis.
Verificou-se uma empatia singular e insubstituível na relação de cavalos e dos seus montadores deficientes. Os cavalos, indubitavelmente, percepcionam a “diferença” e a fragilidade dos seus amigos e tornam-se invulgarmente afáveis, pacientes e cooperativos. O seu entendimento mútuo é enternecedor. Os doentes com a síndrome de Down (vulgarmente ditos “com mongolismo”) encontram um novo e insuspeitado estímulo para a vida: podem dar e receber amor sem restrições ou inibições, e ganham auto-estima e confiança em si próprios. Assombrosamente, até nos casos de autismo profundo se verificou o que pareceria impossível. Nestes doentes (nalguns casos, já adolescentes ou, mesmo, adultos) incapacitados de perceber e de comunicar com o mundo exterior, muitos deles esboçam pela primeira vez algumas palavras, muitos expressam pela primeira vez um sorriso. A sua atenção, até então inviolada (encapsulada), é despertada para a realidade deste mundo físico: já se dão conta e seguem a sucessão de alguns acontecimentos, adquirem uma noção temporal, desenvolvem e adquirem um domínio da sua postura física 6 nunca antes conseguido. Em alguma medida, todos estes doentes progridem, alcançando um equilíbrio maior e inusitado. Capazes de expressar sentimentos, são múltiplos os exemplos de que afagam espontaneamente o cavalo e que transferem, depois, essa experiência e conquista para o domínio familiar.
O factor da consciência concisa, concentrada, que é a caracterizada pelo cavalo (a sua capacidade de atenção antes referenciada), parece propagar-se, moldando e harmonizando os padrões desregulados e cristalizados dos autistas. O temperamento voluntarioso, determinado, do cavalo, capaz de empreender as mais esforçadas cavalgadas 7, parece contagiar e influenciar beneficamente os mais fracos e os doentes. O seu êxito na comunicação com estes doentes, antes fechados no seu mundo, nunca esteve acessível aos humanos. Com efeito, pelas experiências recolhidas, ele patenteia a capacidade de trazer - de fazer assomar - as realidades dos mundos internos, subterrâneos 8 (das emoções contidas e incomunicáveis), para a superfície, para o Plano Físico; e curiosamente, muitos são os símbolos e os mitos do passado que nos falam do cavalo como condutor e guia do homem, das trevas dos mundos subterrâneos para a superfície e para a luz do dia. Este psiquismo - estas leis - parece(m) estar presente(s) no fenómeno, esperançoso e gratificante, a que assistimos.
Desde há já alguns anos, em Lisboa, um exemplo desta meritória actividade é levada a efeito no Quartel de Braço de Prata, da Guarda Nacional Republicana. Saudamos entusiasticamente esta belíssima e tão útil iniciativa… e esperamos que surjam muitas outras afins em todo o território nacional. Restante informação, aqui.
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